O homem, a vida e a obra do Engº José Custódio Nunes (1887 – 1961) foram o pretexto para uma sessão pública de homenagem, a título póstumo, realizada no passado sábado (11/11/2011) na Biblioteca Municipal de Nisa e promovida pela Associação Nisa Viva com o apoio da Câmara Municipal de Nisa, Juntas de Freguesia de Nossa Senhora da Graça e Espírito Santo (Nisa), Póvoa e Meadas (Castelo de Vide) e da Fundação EDP.
Simultaneamente foi inaugurada uma exposição sobre alguns dos principais projectos levados a cabo pelo ilustre cidadão e técnico português, nascido em Póvoa e Meadas e um dos principais precursores da produção de energia eléctrica e da electrificação do país, na qualidade de fundador e responsável técnico da empresa Hidro Eléctrica do Alto Alentejo (HEAA), em meados dos anos vinte do século passado.
No auditório da Biblioteca Municipal, lotado, podiam ver-se antigos trabalhadores da HEAA e da EDP empresa em que a primeira se integrou após a nacionalização do sector eléctrico português, autarcas de Nisa e de Castelo de Vide, familiares e amigos do homenageado.
Na mesa da sessão António Montalvo, presidente da Nisa Viva, Sara Silva, ex-conservadora do Museu da Electricidade e José Joaquim Carmona, historiador.
Todos evidenciaram a vida e a obra do engº José Custódio Nunes, o primeiro destacando o seu pioneirismo e a sua ligação à terra e à região, a preocupação com o desenvolvimento dos seus conterrâneos e o sonho de transformar a Ribeira de Nisa num projecto inovador e de fonte de riqueza nos aproveitamentos hídricos para a produção de energia eléctrica. António Montalvo, propôs que fosse dado o nome do Engº José Custódio Nunes a uma rua de Nisa, tendo em conta todo o esforço e trabalho no engrandecimento dos concelhos de Castelo de Vide e de Nisa, assim como do Norte Alentejano.
Sara Silva, baseou a sua intervenção, na leitura de inúmeras actas da empresa Hidro Eléctrica do Alto Alentejo, nos seus primórdios e das quais, disse, ressalta a importância das intervenções de José Custódio Nunes, a sua visão estratégica, muito avançada no tempo, dando como exemplos, os projectos que apresentou na década de 30 e que não foram considerados pelo Governo, para o aproveitamento hidro-eléctrico do Fratel e do Alvito, o primeiro implementado a partir dos finais dos anos 60 e o segundo actualmente em projecto de execução.
José Joaquim Carmona falou da importância da criação da HEAA nos anos vinte e da sua contribuição para o desenvolvimento do concelho e região, não apenas na construção de equipamentos, infra-estruturas, vias de comunicação, na fase inicial, como também na de construção de transporte e de distribuição de energia eléctrica, possibilitando trabalho a muitas centenas de pessoas numa época de crise económica e social bastante grave.
O orador destacou também o papel cívico de José Custódio Nunes, um dos fundadores e dinamizadores da Casa do Alentejo e do espírito regionalista, que se tornou numa estrutura de apoio, de convívio e lazer, para tantos alentejanos chegados à capital.
A voz de um antigo trabalhador da HEAA, João Carrilho da Graça, fez-se ouvir, comovida e sentidamente, para realçar a justeza da homenagem e lembrar o importante legado patrimonial do Engº José Custódio Nunes, não apenas nas obras que projectou e ergueu, mas no seu trato afável, na bondade do seu carácter e na amizade com que distinguia todos os trabalhadores.
A homenagem pública teve o seu epílogo com a cerimónia de descerramento de uma placa evocativa do Engº José Custódio Nunes, num dos edifícios, na rua Alexandre Herculano, em Nisa, onde funcionou durante muitos anos a Hidro Eléctrica do Alto Alentejo.
* Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 15/11/2011