28.3.23

NISA: Para que a história e a memória não se apaguem!

Assinala-se hoje, 28 de Março, o Dia Nacional dos Centros Históricos. A Câmara de Nisa atenta à data, não deixou passar a efeméride sem uma dose maciça de propaganda para "recordar" sic " a grande aposta que tem desenvolvido desde há anos no Centro Histórico de Nisa", esquecendo de mencionar, mesmo ao de leve, os atentados e crimes de lesa-património cometidos nesse mesmo casco histórico. Crimes patrimoniais, arquitectónicos e urbanísticos só possíveis devido ao "adormecimento" das entidades regionais como o IGESPAR e a Direcção Regional de Cultura do Alentejo que, fecharam, literalmente, os olhos às agressões patrimoniais cometidas pela Câmara Municipal. 
Não são factos novos, mas atentados contra o património que em devido tempo denunciámos, como a implantação da designada "Fonte Chanfrada" a escassos metros do limite do centro histórico e em plena zona de protecção da antiga bastide, ou a criminosa intervenção no edifício do Hospital Velho, descaracterizando-o completamente, situações que em devido tempo foram comunicadas à Direcção Regional de Cultura do Alentejo, sem que esta se dignasse intervir e pusesse termo aos abusos cometidos. 
A intervenção na secular Rua de Santa Maria (Ruinha), copiando algum "modelo" fotografado na vizinha Andaluzia, não representa, ao contrário do que pensa a edil amieirense, qualquer valorização do património do Centro Histórico, mas corresponde ao estilo do "quero, posso e mando" instalado na governação municipal, onde uma cabeça pensa e manda executar, como se fosse a dona de todas as consciência e vontades. 
Bem podem dizer-me que vem muita gente de fora ver a rua que, entretanto, "mudou" de nome para rua das "Pedrinhas". Passam por lá, pisam o chão castanho e impermeabilizado e, sem conhecerem a história da rua, abrem a boca de espanto, seguindo em passo apressado para outra "atracção" que tanto pode ser o Casa do Forno, que já não é comunitário e está quase sempre fechado, ou contemplam as casas em ruínas, cheias de dejectos, lixo e ratazanas, mas com as portas entaipadas a cimento para que não deixem ver o cenário triste e degradante das suas entranhas. 
É verdade que o Centro Histórico tem as ruas arranjadas e limpas, como também é verdade que executivos anteriores depararam com autênticos "muros burocráticos" para moverem uma pedra que fosse naquela zona de Nisa e o caricato disto tudo é que foram essas mesmas "entidades" que tanto entravaram a realização de obras de reabilitação, que agora, vá lá saber-se porquê ou se anda aqui algum rato, fecham os olhos e aprovam tácitamente, pelo silêncio do "deixa andar", todos os atropelos cometidos e mais alguns. 
Como bem diz um amigo, estamos, verdadeiramente, "entregues à bicharada". 
* Hogi-ya-Henda