26.4.17

NISA: O 15º Aniversário do 25 de Abril (1989)

São documentos para a história do concelho de Nisa e da sua vivência democrática. O programa do 15º aniversário da Revolução dos Cravos, 250 exemplares impressos na Tipografia Nisense, número um pouco superior à "tiragem" do recente Boletim Presidencial com que os nisenses foram mimoseados. Deixemos as coisas tristes...
O programa das Comemorações do 25 de Abril de 1989 privilegiou a diversidade de iniciativas e a descentralização das mesmas. Este é um dos "pecados", uma das situações negativas do 25 de Abril em Nisa. A sede do concelho monopoliza todas as realizações e não há uma centelha de imaginação (numa Câmara que tanto apregoa as "ideias") para contemplar, num programa cultural, a diversidade das povoações do concelho, ao longo de todo o mês de Abril.
E, tudo isto, porque a própria concepção do "programa" é em si mesmo centralizadora. Parte de uma só cabeça, bem ou mal pensante, e copia-se o programa do ano anterior. As associações, quais súbditos, virão à sede do concelho desfilar, actuar, pagando o "tributo" dos apoios que a Câmara (que tem essa obrigação e não um favor) lhes presta ao longo do ano.
Esqueceu-se o Feriado Municipal como data nobre e própria para as homenagens a pessoas e instituições. Homenagens que não são, não representam o corolário de discussão e apreciação entre os munícipes e associações do concelho, mas são o resultado de um "rasgo" individual de um qualquer eleito, ou em retribuição de um favor ou empunhando a "bandeira" de um ou mais atributos no currículo, para justificar, tantas vezes, o injustificável.
Há 40 anos (1987)- à parte a homenagem, indiscutível e justa, ao Dr. António Granja, realizada anos antes, em 1981- houve um programa de homenagens a personalidades do concelho, escolhidas pelos seus próprios méritos, escolhas essas que foram precedidas de um processo, exemplar, de auscultação da opinião das instituições concelhias e de pessoas, a nível individual. 
Sobre este assunto, dada a sua importância, iremos elaborar outro texto. Mas, que fique o essencial: é preciso regatar as Comemorações do 25 de Abril. A Revolução dos Cravos é do Povo. Não pode ser encerrada dentro de uma sala, com discurso mais ou menos engravatados, que não respeitam, sequer, a pluralidade dos eleitos no poder local, nem ser um desfile "folclórico" para mostrar à população que manda no burgo.
Mário Mendes