Mulher
Nunca saberei porque nunca me dirás
Qual o percurso das tuas aventuras
As longas viagens entre guerra e paz
No breve sabor das vitórias que procuras.
Porque só olhas em frente, para a estrada
Não tens tempo, fazes tudo a correr
Acabas as provas mas não estás cansada
Há no teu corpo um espelho que te vê mulher.
Penalizações por atrasos e por despistes
Falta de assistência perdida no percurso
Não sei o teu olhar, só sei que existes
E que dás o tom a este meu
discurso.
Mulher que muitos só sonham
na cozinha
É num espaço sem limites
que te vejo
Mulher imagem que vai
emergindo sozinha
Das grandes estradas onde
nasce o desejo.
José do Carmo Francisco
Eu nasci na humildade
Eu nasci na humildade
Sempre com ele vivi
E não mereço metade
Daquilo que consegui
Guardei gado, ceifei trigo
Cavei milho na herdade
Dos campos fiquei amigo
Eu nasci na humildade
Lutarei até à morte
A luta sempre senti
Sou filho da pouca sorte
Sempre com ela vivi
Os outros eu sempre amei
Com verdadeira amizade
E daquilo que alcancei
Eu não mereço metade
Tive mãezinha e paizinho
Que com o tempo perdi
Sempre dei um bocadinho
Daquilo que consegui
Manuel Caeiro de Pavia