José Julio d´Oliveira, Administrador interino d´este
concelho de Niza. Devendo ter logar nas noites de 12 e 13 do corrente, as
procissões da Semana Santa, e sendo infelizmente habitual as manifestações de
falta de respeito e irreverencia n´estes actos, por parte d´alguns individuos
d´onde pode derivar (a continuarem taes abusos) a auctoridade ecclegiastica acabar de vez com as ditas procissões, o que representaria um mal para todos os
crentes, respeitadores de taes solennidades; e considerando que quem não
respeita as leis ecclegiasticas não acata as leis humanas e sociaes, e quem não
acata estas não respeita o seu semelhante perdendo por isso mesmo o direito a
ser respeitado; considerando mais que sendo a indole moral do bom povo de Niza
apontada como modelo, não a havendo melhor o que se prova pela pequena e pouco
importante estatistica criminal, dando-se ainda o facto d´este povo ser
religioso sem ser fanático; considerando ainda que no fundo da consciencia
moral de cada individuo, por melhor ou peor que seja a sua estatura moral, há
um sentimento d´amor instinctivo pela terra que lhe deu o berço, d´onde resulta
a saptisfação individual e collectiva pelo bom nome e engrandecimento
moral da nossa terra, demais sendo ella
não somente villa importante, mas sede de concelho e comarca, faço publico e
peço ao povo de Niza cujos cidadãos na sua grande maioria com toda a justiça
considerados honestos, cordatos e ordeiros, me auxiliem e aos agentes da
auctoridade a manter a ordem e decencia que os actos religiosos exigem,
informando-me com testemunhas, do nome ou nomes dos indivíduos que commetam
qualquer desacato a fim de os enviar ao poder judicial, onde receberão para
exemplo devido e rigoroso correctivo. E para constar se passou o prezente e
identicos que serão lidos à missa conventual da freguezia Matriz e Espírito
Santo d´esta villa e em seguida affixados nos logares do costume.
Administração do Concelho de Niza, 7 d´Abril de 1906.
José Julio d´Oliveira