No
final do mês de Julho, a presidente da Câmara Municipal de Nisa, Idalina
Trindade (PS) recebeu nos Paços do Concelho uma comitiva da Diputacion de
Cáceres (órgão do governo regional) liderada pela presidente Rosário Cordero,
tendo como principal tema na agenda a ligação transfronteiriça sobre o rio
Sever ligando as duas regiões (Nisa e Cáceres).
Pela
primeira vez, em muitos anos, que nos deparamos com uma enorme vontade política
das duas partes em executar a obra que muita gente anseia.
A
modificação que agora se verifica é fruto das ultimas eleições autonómicas/municipais
em Espanha, que elegeu Rosário Cordero (PSOE) como presidente da diputacion,
uma mulher de uma enorme sensibilidade e visão de futuro, como se pode atestar
pelas suas primeiras ações politicas, com destaque para a visita aos vários
concelhos da raia portuguesa, com os quais pretende manter uma estreita ligação
e cooperação, pelo que nos dá a entender.
Do
lado de cá (Nisa) também se sabe que existe no atual executivo uma real vontade
em levar para a frente este projeto, o mesmo será dizer que as questões
políticas colocadas anteriormente estão ultrapassadas, e isso é meio caminho
para se poder concretizar o sonho das duas comunidades. Apesar de haver um
grande entrave, que poderá em breve ser desbloqueado, espero eu, que é a
questão não menos importante em relação ao financiamento da mesma, já que o
anterior executivo de Cáceres (Partido Popular) devolveu à União Europeia os
fundos que estavam alocados ao projeto inicial para a construção da ponte
internacional sobre o rio Sever, por considerar que a mesma não era
prioritária, para alem de ser muito dispendiosa e não trazer desenvolvimento
acrescido para a sua região.
Saber
ler os sinais que nos são apresentados, é fundamental para construir uma
relação duradoira no médio e longo prazo, tal como na vida em geral, devemos
seguir a mesma lógica na política. Por isso, neste caso, devemos acolher com as
duas mãos e saber projetar esta nova fase das relações institucionais entre
Nisa e Cáceres, e delas tirar os devidos dividendos.
Nunca
como agora a cooperação entre povos foi tão necessária, porque juntos temos
outra dimensão e podemos projetar mais longe a nossa voz (poder), e chegar com
outro autoridade negocial junto das instituições centrais. É por aí que passa o
nosso futuro, estabelecer parcerias e construir novas pontes que nos possam
levar a um futuro mais próspero, e a gente desta raia esquecida, bem merecem.
Não
podemos continuar neste impasse, necessitamos de desenvolvimento real, como pão
para a boca, e isso também é fruto da ousadia dos líderes das comunidades que
nos representam, lancem mãos à obra, a população agradecerá o vosso empenho e
dedicação.
A
esperança é uma miragem para a outra margem.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO