Ode ao Perdigueiro
Tens a inércia das fragas no porte
E bruxedos do vento
Nas narinas frias
Meu nobre companheiro das manhãs
esguias
Onde a vida pulsa em saltos de
morte
Do ventre dos tojos, em silvos de
agonias
Voam as rufas doiras ao sabor da
sorte
E tu, meu herói
Estás pronto para o corte
Que o chumbo fenderá nas
altaneiras guias
Há odores de pólvora na manhã
silvestre
E o Sol vem nos beijar e às
frescas ramarias
O mundo cabe ali
O universo
Os dias
E tu, altivo herói
Alheio a fantasias
E em arte a transformar os dons da
Natureza
Vais-me oferecendo ao cerne dos
sentidos
Os milionários tons
Da mágica beleza.
Carlos Franco Figueiredo - 1995