O LARGO DR. ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA
Na
toponímia da vila de Nisa sobressaem os nomes de alguns vultos da 1ª República,
entre os quais Heliodoro Salgado, com que iniciámos esta série de artigos,
Manuel de Arriaga, José Falcão, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda e outros.
António
José de Almeida deu nome ao Largo defronte e em redor da Igreja Matriz de Nisa,
um largo que teve sempre muita vida, até pela proximidade do principal edifício
religioso de Nisa, e pela Rua Direita que lhe dá continuação e conduz aos Paços
do Concelho. A artéria tem início logo após transpormos a Porta da Vila e liga à
Rua de Santa Maria, ruinha típica, das mais fotografadas ( e mais sujas) de
Nisa.O largo, mau grado as contínuas chamadas de atenção que temos feito para
quem de direito (Câmara e Junta de Freguesia) permanece há alguns anos sem as
competentes e obrigatórias placas de identificação, de tal maneira que às vezes
me interrogo sobre o mal ou os “males” que o Dr. António José de Almeida,
figura maior da República Portuguesa, terá feito aos nisenses, não encontrando
explicação, para além daquelas que decorrem do laxismo e do habitual
desinteresse sobre as coisas da história e da cultura que, infelizmente, também
atinge muitos dos eleitos locais.
Quem
foi o Dr. António José de Almeida? Entre muitas respostas e biografias possíveis,
escolhemos esta do nosso amigo António Ventura, distinto professor universitário,
texto publicado na sua página do Facebook e que revela alguns aspectos menos
conhecidos de um dos grandes obreiros pela implantação da República. E
deixamos, uma vez mais, a pergunta: quando tempo demorará ainda a recolocação
das placas toponímicas indicando (informando) ser ali o Largo Dr. António José
de Almeida? Quanto tempo mais, o crime de lesa memória e lesa história vai
continuar?
Este
alerta pode constituir a oportunidade para, além da (re)colocação das placas
toponímicas, se juntar mais alguma indicação sobre o Homem e o Político. Deixamos
as sugestões à consideração de quem de direito.
Recordando
António José de Almeida, um político impoluto e exemplar.
Não
está no Panteão Nacional.
" Nasceu
a 27 de Julho de 1866 em Vale da Vinha, Penacova, filho de José António de
Almeida e de Maria Rita das Neves Almeida. Estudou Medicina em Coimbra,
concluindo o curso em 1895. Abraçou, então o ideal republicano. Em 23 de Março
de 1890, publica no jornal Ultimatum o artigo «Bragança, o último», pelo qual
foi condenado a três meses de prisão, depois e um julgamento em que foi
defendido por Manuel de Arriaga. Em Novembro de 1890 assinou o «Manifesto da
Academia de Coimbra», e a 15 de Janeiro de 1893, discursava no funeral de José
Falcão. 1910 a
revista Alma Nacional. Integrou o governo provisório saído da revolução de
Outubro de 1910 como ministro do Interior Fundou e dirigiu o diário República,
em Janeiro de 1911, por entre lutas internas no campo republicano que levarão
ao fim da unidade. António José de Almeida fundou a sua própria formação
partidária, o Partido Republicano Evolucionista, em 24 de Fevereiro de 1912.
Apoiou a entrada de Portugal na Grande Guerra e chefiou o governo de «União
Sagrada», em Março de 1916, acumulando com a pasta de ministro das Colónias.
Foi eleito Presidente da República em 6 de Agosto de 1919., ao fim do terceiro
escrutínio, obtendo 123 votos, contra 31 de Manuel Teixeira Gomes e 13 brancos.
Tomou posse em 5 de Outubro, e durante o seu mandato realizou uma visita ao
Brasil, entre 17 de Agosto e 27 de Setembro de 1922. Mas internamente as lutas
políticas e sociais intensificavam-se com o recurso mesmo a actos violentos,
como os trágicos acontecimentos de 19 de Outubro de 1921 em que foram
assassinados de António Granjo, chefe do Governo, Machado Santos e Carlos da
Maia. Após ter sido substituído por Manuel Teixeira Gomes em 5 de Outubro de
1923, António José de Almeida continuou a colaborar no República, mas o seu
estado de saúde agravava-se. Padecendo de gota, via-se limitado, numa cadeira
de rodas.Em 1896, partiu para Angola e depois para São Tomé, onde exerceu a
profissão de médico, durante sete anos e fundou a Associação Pró-Pátria
destinada a ajudar a repatriação dos colonos europeus. Regressou a Lisboa em 22
de Julho de 1903 e continuou a exercer medicina ao mesmo tempo que se envolvia
mais na luta política. Foi candidato a deputado republicano em 1905 e 1906,
sendo eleito neste ano pelo círculo oriental de Lisboa. Em 20 de Novembro, os
deputados republicanos foram expulsos da Câmara. Foi preso em 26 de Janeiro de
1908 e participou no Congresso Republicano de 1909, sendo-lhe atribuídas
responsabilidades na organização da revolução destinada a mudar o regime.
Fundou e dirigiu em
Foi
iniciado em 31 de Julho de 1907, na sua residência, por comunicação pelo
Grão-mestre Magalhães Lima, com o nome simbólico de «D. Álvaro Vaz de Almada»,
e filiado na Loja Montanha nº 214, do REAA., de Lisboa. Foi nomeado Venerável
Honorário da Loja Redenção 285, do REAA, de Coimbra, em 31 de Julho de 1909.
Eleito Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano Unido após a morte de Magalhães
Lima, não chegou a tomar posse devido ao seu estado de saúde, vindo a falecer
em Lisboa, a 31 de Outubro de 1929."
Mário Mendes