6.8.15

NISA: Sabe onde mora? (2)

O LARGO DR. ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA
Na toponímia da vila de Nisa sobressaem os nomes de alguns vultos da 1ª República, entre os quais Heliodoro Salgado, com que iniciámos esta série de artigos, Manuel de Arriaga, José Falcão, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda e outros.
António José de Almeida deu nome ao Largo defronte e em redor da Igreja Matriz de Nisa, um largo que teve sempre muita vida, até pela proximidade do principal edifício religioso de Nisa, e pela Rua Direita que lhe dá continuação e conduz aos Paços do Concelho. A artéria tem início logo após transpormos a Porta da Vila e liga à Rua de Santa Maria, ruinha típica, das mais fotografadas ( e mais sujas) de Nisa.O largo, mau grado as contínuas chamadas de atenção que temos feito para quem de direito (Câmara e Junta de Freguesia) permanece há alguns anos sem as competentes e obrigatórias placas de identificação, de tal maneira que às vezes me interrogo sobre o mal ou os “males” que o Dr. António José de Almeida, figura maior da República Portuguesa, terá feito aos nisenses, não encontrando explicação, para além daquelas que decorrem do laxismo e do habitual desinteresse sobre as coisas da história e da cultura que, infelizmente, também atinge muitos dos eleitos locais.
Quem foi o Dr. António José de Almeida? Entre muitas respostas e biografias possíveis, escolhemos esta do nosso amigo António Ventura, distinto professor universitário, texto publicado na sua página do Facebook e que revela alguns aspectos menos conhecidos de um dos grandes obreiros pela implantação da República. E deixamos, uma vez mais, a pergunta: quando tempo demorará ainda a recolocação das placas toponímicas indicando (informando) ser ali o Largo Dr. António José de Almeida? Quanto tempo mais, o crime de lesa memória e lesa história vai continuar?
Este alerta pode constituir a oportunidade para, além da (re)colocação das placas toponímicas, se juntar mais alguma indicação sobre o Homem e o Político. Deixamos as sugestões à consideração de quem de direito.
Recordando António José de Almeida, um político impoluto e exemplar.
Não está no Panteão Nacional.
" Nasceu a 27 de Julho de 1866 em Vale da Vinha, Penacova, filho de José António de Almeida e de Maria Rita das Neves Almeida. Estudou Medicina em Coimbra, concluindo o curso em 1895. Abraçou, então o ideal republicano. Em 23 de Março de 1890, publica no jornal Ultimatum o artigo «Bragança, o último», pelo qual foi condenado a três meses de prisão, depois e um julgamento em que foi defendido por Manuel de Arriaga. Em Novembro de 1890 assinou o «Manifesto da Academia de Coimbra», e a 15 de Janeiro de 1893, discursava no funeral de José Falcão. 1910 a revista Alma Nacional. Integrou o governo provisório saído da revolução de Outubro de 1910 como ministro do Interior Fundou e dirigiu o diário República, em Janeiro de 1911, por entre lutas internas no campo republicano que levarão ao fim da unidade. António José de Almeida fundou a sua própria formação partidária, o Partido Republicano Evolucionista, em 24 de Fevereiro de 1912. Apoiou a entrada de Portugal na Grande Guerra e chefiou o governo de «União Sagrada», em Março de 1916, acumulando com a pasta de ministro das Colónias.
Foi eleito Presidente da República em 6 de Agosto de 1919., ao fim do terceiro escrutínio, obtendo 123 votos, contra 31 de Manuel Teixeira Gomes e 13 brancos. Tomou posse em 5 de Outubro, e durante o seu mandato realizou uma visita ao Brasil, entre 17 de Agosto e 27 de Setembro de 1922. Mas internamente as lutas políticas e sociais intensificavam-se com o recurso mesmo a actos violentos, como os trágicos acontecimentos de 19 de Outubro de 1921 em que foram assassinados de António Granjo, chefe do Governo, Machado Santos e Carlos da Maia. Após ter sido substituído por Manuel Teixeira Gomes em 5 de Outubro de 1923, António José de Almeida continuou a colaborar no República, mas o seu estado de saúde agravava-se. Padecendo de gota, via-se limitado, numa cadeira de rodas.Em 1896, partiu para Angola e depois para São Tomé, onde exerceu a profissão de médico, durante sete anos e fundou a Associação Pró-Pátria destinada a ajudar a repatriação dos colonos europeus. Regressou a Lisboa em 22 de Julho de 1903 e continuou a exercer medicina ao mesmo tempo que se envolvia mais na luta política. Foi candidato a deputado republicano em 1905 e 1906, sendo eleito neste ano pelo círculo oriental de Lisboa. Em 20 de Novembro, os deputados republicanos foram expulsos da Câmara. Foi preso em 26 de Janeiro de 1908 e participou no Congresso Republicano de 1909, sendo-lhe atribuídas responsabilidades na organização da revolução destinada a mudar o regime. Fundou e dirigiu em

Foi iniciado em 31 de Julho de 1907, na sua residência, por comunicação pelo Grão-mestre Magalhães Lima, com o nome simbólico de «D. Álvaro Vaz de Almada», e filiado na Loja Montanha nº 214, do REAA., de Lisboa. Foi nomeado Venerável Honorário da Loja Redenção 285, do REAA, de Coimbra, em 31 de Julho de 1909. Eleito Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano Unido após a morte de Magalhães Lima, não chegou a tomar posse devido ao seu estado de saúde, vindo a falecer em Lisboa, a 31 de Outubro de 1929."
Mário Mendes