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11.10.15

OPINIÃO: Quanto vale o seu voto?

No passado fim-de-semana (4 de Outubro), houve eleições em Portugal para a Assembleia da República.
Muita gente desconhece que aquele simples acto de colocar uma “cruzinha” no quadrado em frente da sigla do partido que está a selecionar, vale mais do que imagina. Ora vejamos: em primeiro lugar partimos do princípio que o voto em democracia vale o mesmo para todos os eleitores – o princípio de um homem, um voto (desde que não haja abstenções muito elevadas que desvirtuem esse mesmo principio);
Em 2º lugar o voto inútil, ou “sem valor de representação”, que acontece em pequenos círculos eleitorais (como Portalegre), em partidos considerados “fora do sistema”, os quais não servem para eleger deputados.
Em terceiro lugar o voto financeiro, que tem vindo a assumir uma elevada responsabilidade na vida partidária da nossa jovem democracia, desde a lei do financiamento dos partidos políticos em Portugal, que atribui subvenções consoante o número de votos das últimas eleições.
Não vou desenvolver aqui estes três pontos sobre o valor que o voto pode assumir numa eleição, porque tornar-se-ia fastidioso para os nossos leitores. Mas, como a atualidade politica tem-nos surpreendido largamente nestes últimos dias, talvez agora possamos entender melhor o porquê, para o Partido Livre (um dos derrotados nestas eleições) ter lançado um peditório, esta semana, a todos os seus eleitores, para poder pagar despesas de campanha no valor de mais de cem mil euros! Por uma simples razão, não tiveram votos suficientes (cerca de 39 mil) para lhe poder ser atribuída a subvenção estatal.
Cada voto válido introduzido na urna, corresponde atualmente (2015) ao valor de 2.84€.
Podemos fazer um pequeno e simples exercício contabilístico, no caso do círculo eleitoral de Portalegre, em que o resultado foi este:
Como podemos constatar através deste quadro, que apresenta os valores obtidos no círculo eleitoral de Portalegre, por cada partido com direito a receber a subvenção anual (partidos que obtenham mais de 50 mil votos). Assim sendo, através deste círculo eleitoral serão 7 partidos que vão receber cerca de 158 mil euros.
Por exemplo o partido mais votado, neste caso o PS (Portalegre) os seus votos transformar-se-ão numa verba de 71.105,08€ /anual, paga pela Assembleia da República. E mesmo partidos sem assento parlamentar como é o caso do PCTP/MRPP e do PDR, terão direito a receber as suas verbas de 2.842.84€ e 925.84€ respetivamente, neste círculo.
No entanto, sabemos que houve 59.004 votantes, que representam 58,31% dos eleitores inscritos neste círculo eleitoral, mas para efeitos de “valor financeiro” do voto foram apenas contabilizados 55.742, ficando sem direito a qualquer valor cerca de 3.263 votos, dos quais 1.130 são votos em branco e 896 são votos nulos.
Estes são estes alguns dos custos que temos que suportar por viver em democracia, ao qual se devia de acrescer o mesmo grau de transparência no financiamento das campanhas e dos próprios partidos.
O voto é secreto, mas as contas têm que ser públicas!
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

2.8.15

OPINIÃO - Montalvão/Cedillo: Uma Pont(a)e de Esperança

No final do mês de Julho, a presidente da Câmara Municipal de Nisa, Idalina Trindade (PS) recebeu nos Paços do Concelho uma comitiva da Diputacion de Cáceres (órgão do governo regional) liderada pela presidente Rosário Cordero, tendo como principal tema na agenda a ligação transfronteiriça sobre o rio Sever ligando as duas regiões (Nisa e Cáceres).
Pela primeira vez, em muitos anos, que nos deparamos com uma enorme vontade política das duas partes em executar a obra que muita gente anseia.
A modificação que agora se verifica é fruto das ultimas eleições autonómicas/municipais em Espanha, que elegeu Rosário Cordero (PSOE) como presidente da diputacion, uma mulher de uma enorme sensibilidade e visão de futuro, como se pode atestar pelas suas primeiras ações politicas, com destaque para a visita aos vários concelhos da raia portuguesa, com os quais pretende manter uma estreita ligação e cooperação, pelo que nos dá a entender.
Do lado de cá (Nisa) também se sabe que existe no atual executivo uma real vontade em levar para a frente este projeto, o mesmo será dizer que as questões políticas colocadas anteriormente estão ultrapassadas, e isso é meio caminho para se poder concretizar o sonho das duas comunidades. Apesar de haver um grande entrave, que poderá em breve ser desbloqueado, espero eu, que é a questão não menos importante em relação ao financiamento da mesma, já que o anterior executivo de Cáceres (Partido Popular) devolveu à União Europeia os fundos que estavam alocados ao projeto inicial para a construção da ponte internacional sobre o rio Sever, por considerar que a mesma não era prioritária, para alem de ser muito dispendiosa e não trazer desenvolvimento acrescido para a sua região.

Saber ler os sinais que nos são apresentados, é fundamental para construir uma relação duradoira no médio e longo prazo, tal como na vida em geral, devemos seguir a mesma lógica na política. Por isso, neste caso, devemos acolher com as duas mãos e saber projetar esta nova fase das relações institucionais entre Nisa e Cáceres, e delas tirar os devidos dividendos.
Nunca como agora a cooperação entre povos foi tão necessária, porque juntos temos outra dimensão e podemos projetar mais longe a nossa voz (poder), e chegar com outro autoridade negocial junto das instituições centrais. É por aí que passa o nosso futuro, estabelecer parcerias e construir novas pontes que nos possam levar a um futuro mais próspero, e a gente desta raia esquecida, bem merecem.
Não podemos continuar neste impasse, necessitamos de desenvolvimento real, como pão para a boca, e isso também é fruto da ousadia dos líderes das comunidades que nos representam, lancem mãos à obra, a população agradecerá o vosso empenho e dedicação.
A esperança é uma miragem para a outra margem.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

30.11.14

OPINIÃO: Justiça popular e sem filtro

Na mesma semana que entrava em atividade o vulcão “Pico do Fogo”, na Ilha do Fogo em Cabo Verde, por cá assistíamos a um verdadeiro terramoto institucional com epicentro na elite política nacional. Casos de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal são as principais acusações de que são alvo algumas da figuras mais destacadas do universo político/financeiro dos últimos anos neste pequeno país que ocupa o 33º lugar, entre 176 países, no Índice de Perceção da Corrupção 2012, tornando-se assim como um dos países mais corruptos da Europa.
Todos vamos tendo a perceção, cada vez mais apurada, que existem elevados indicies de corrupção no nosso país, desde a chamada “cunha” para arranjar um emprego ou outros casos mais complexos que envolvem “luvas” nos negócios entre um estado-comprador e uns privados-vendedores.
Aparentemente as instituições do estado democrático parecem estar a funcionar, digo aparentemente, porque umas parecem estar a cumprir o seu dever, outras vão além das suas obrigações e outras não fazem rigorosamente nada. Dito isto, parece-me que a justiça, uns dos pilares do estado democrático, nos últimos anos, tem extravasado, por vezes, as suas funções, principalmente no modo como tem atuado, discriminado de forma negativa alguns dos envolvidos nesses processos mediáticos, sujeitando as pessoas, inocentes até prova em contrário, a um verdadeiro julgamento popular nos média. E será isto salutar numa sociedade que queremos mais justa e igualitária?
O que temos assistido nestes últimos dias é a um verdadeiro “reality show” televisivo, ao melhor da “casa dos segredos”. Chamem a isto, justiça? Desculpem lá!
O modus operandi, na detenção, investe um carácter de filme de Hollywood, envolvendo um grande aparato, de som, luz e ação. No momento, saem umas notícias, que são obtidas furando o chamado segredo de justiça, de preferência para um tabloide tipo “Correio da Manhã” ou “Sol”, controlando-se assim desta forma o julgamento popular através dos jornais e das televisões, que transmitem em direto, momentos de nada ou de coisa nenhuma.
É assim desta forma obtusa que funciona a nossa justiça, para depois, passado uns anos produzir prova e julgar os presumíveis culpados, que vão a tribunal apenas para formalizar uma situação que já por si está definida desde o início do processo mediático, chamado de justiça popular sem filtro.
O direto na televisão deixa-nos ver para lá das paredes do tribunal, expõem as pessoas como numa montra do comercio da avenida ou do centro comercial, através dos vidros foscos de um campus da justiça, espaço físico que não dignifica a instituição que outrora tinha direito a uma simbologia própria e a um palácio da justiça erguido em pedra firma e solida. A justiça também necessita de recuperar alguns dos seus símbolos próprios e identificativos, que foi perdendo pela voracidade do tempo.
Um tempo que deixou de ser seu, o tempo da justiça, passou a espaço mediático, e com isso terá que se adaptar de forma clara e sem rodeios a uma nova forma de produzir sentenças mais transparentes e concretas, no momento, sob pressão de descredibilizar-se e fazer implodir todo o sistema democrático.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

19.5.14

OPINIÃO: Montalvão sem Médico

No fim da linha. Aqui, onde tudo termina. O país e a região. Montalvão, vila secular, com mais de 500 anos de história, situada no estremo do nordeste alentejano, ali entre o Sever e o Tejo, bordada por mil encantos, e abençoada com uma das mais belas paisagens deste interior esquecido, vivem (ou sobrevivem) cinco centenas de almas, na sua maioria idosos.
Nestes últimos anos, esta vila, tal como outras por esse interior fora, foram perdendo lentamente, a importância estratégico-militar que tivera outrora, com destaque para a posição geográfica dos seus castelos, de onde se avistava um vasto território inimigo, e que as tornavam em importantes praças vigilantes ao serviço da segurança do reino. Mas, como o inimigo passou a ser visto com outros “olhos”, o estado deixou de ver estas localidades como pontos essenciais da sua política territorial, abandonando-os à sua mercê.
Primeiro foi a emigração, que levou uma grande parte da mão-de-obra ativa para outras paragens, depois veio o encerramento da casa do povo, da escola primária e logo a seguir o fechou dos dois postos da guarda (GNR e Guarda Fiscal). Tudo aqui terminou. Restam os edifícios que serviram para albergar essas instituições e a memória dos que delas fizeram uso.
A população diminui, assustadoramente, levando consigo muitas atividades associativas, como o Rancho folclórico e a Banda de Música. Tudo aqui termina. Ficaram apenas as memórias daqueles que as poderem viver, sentir e amar!
Quando pensávamos que já não nos tirariam mais nada, pois então, como por arte mágica, deixamos de ter médico. Sem aviso prévio, para que a população não pudesse dizer nada, a um ato consumado.
Sim! O médico que vinha cá uma vez por semana, quando vinha, é certo, mas vinha, agora é nada. Quem quiser ir ao médico, que vá ao centro de saúde de Nisa (16 km) e alguns euros a mais, porque a extensão de Montalvão está esvaziada de funções. NÃO TEMOS MÉDICO!
A melhor solução até ao momento, para os casos de renovar as receitas dos medicamentos, faz-nos recuar muitos anos atrás, em que um administrativo vem recolher os pedidos dos utentes, para na semana seguinte vir a receita, assinada pelo médico. A burocracia cumpre o seu papel.
O concelho de Nisa que tinha ao seu serviço em 1999, uma equipa composta de 8 médicos e 15 enfermeiros em 10 extensões, a funcionar em pleno, agora tem 3 médicos e 12 enfermeiros, em 5 extensões a funcionar com limitações. Pergunto eu, o que aconteceu, entretanto? Para onde foram os médicos?
Pois se formos analisar os números, com maior detalhe, entre 1999 e 2011, constatamos que existem menos habitantes, e os que resistem, são mais velhos, portanto, necessitam de mais cuidados de saúde, como se pode conferir pelos números das consultas realizadas em 1999 e 2011:
Especialidades clinicas
Ano de 1999  
Número de consultas
Ano de 2011
Número de consultas
Medicina Familiar
29.855
29.070
Planeamento Familiar
664
317
Pediatria
1030
2026
Saúde Materna
129
167
Fonte : Pordata /INE 2014
Como se pode explicar que, sensivelmente, o mesmo número de consultas, possa ser executado por três médicos atuais, em vez dos oito de 1999. Algo vai mal, nestes números! Atualmente, cada médico tem, em média, a seu cargo 2483 pacientes, enquanto em 1999, tinham 1073 pacientes.
Precisamos de mais médicos, como é evidente! Um concelho tão grande, como Nisa, não pode e não deve ter ao seu serviço apenas 3 médicos, sejamos realistas.
Porque é que as autoridades locais não agem? A Junta de Freguesia, concorda? E a Câmara Municipal e Assembleia Municipal?
Se for necessário lancem um abaixo-assinado, em prol da saúde desta gente, porque Montalvão precisa de “Mais saúde e melhor saúde”, não nos podemos resignar. Aqui, não pode acabar tudo, porque ainda existem pessoas e memórias. E fazem parte integrante de um país chamado Portugal!
E, sem pessoas e sem instituições, para que serve um território?
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

2.2.14

OPINIÃO: Governar para as elites

Na China, tem início por estes dias, o ano 4712, um ano associado ao cavalo de madeira, segundo os entendidos na matéria, o “cavalo é um símbolo universal presente no inconsciente coletivo da humanidade e é conhecido por ser um grande aliado do ser humano, um trabalhador incansável, símbolo da força que quando bem direcionada pode nos levar muito longe”.
E, talvez agora, imbuídos neste espirito chinês, possamos entender com mais exatidão, a indisfarçável euforia governamental, nomeadamente da Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em relação às primeiras estimativas do INE sobre a evolução da economia portuguesa no primeiro trimestre do ano corrente. Tudo é uma maravilha, ao olhos de Maria Luís, até pretende rever em alta o crescimento do PIB, apesar do Banco de Portugal sugerir “cautela” na análise destes dados, que só são projeções dizem-nos. E os números quando torturados dizem aquilo que queremos ouvir, principalmente antes de eleições!
E enquanto o mundo festeja a passagem do ano no oriente – este ano sem fogo-de-artifício (por motivos de saúde- diz o governo chinês), nós por cá, nesta ocidental praia lusitana, aqui sim por motivos de saúde mental, com a comunicação social a encher-nos a cabeça com “lixo noticioso”, com uma discussão nacional sobre praxes académicas, e com as últimas notícias sobre transferências de “jogadores da bola”, entre outros temas muito importantes para o nosso futuro coletivo, certamente!
Temas, deveras importantes, com agenda própria na comunidade, como o aumento das desigualdades económicas no mundo, principalmente em países como Portugal, tal como é descrito no relatório "Governar para as elites: sequestro democrático e desigualdade económica" da organização não-governamental, com sede no Reino Unido – OXFAM, no passado dia 20 de Janeiro, afigurando-se como um importante risco para o progresso humano.
Mas como é que podem estar assim tão eufóricos com dados tão pouco sustentáveis sobre a economia nacional, quando sabemos que metade da riqueza mundial é atualmente detida por 1% da população, e em Portugal mais do que duplicaram os rendimentos nacionais dos mais ricos, em tempos de crise, o que só vem provar, mais uma vez, que a austeridade quando nasce não é para todos. Mas estamos no caminho certo! Mas como? Quando as desigualdades aumentam desta forma dramática.
Mais, alerta que “este aumento das desigualdades deve-se em grande parte à desregulamentação financeira, aos sistemas fiscais e às regras que facilitam a evasão fiscal”. Mas isso não importa referir, porque os mercados podem ficar nervosos.
Ainda segundo o “Relatório de Ultra Riqueza no Mundo 2013” existiam em Portugal 870 pessoas multimilionárias (+10,8%) com fortunas superiores a 25 milhões de euros cada, totalizando um montante de mais de 100 mil milhões de euros. E aqui o governo, decidiu distribuir benefícios fiscais a estas pequenas fortunas, coisa para pobres, sem importância, só para aumentar a clivagem entre os mais ricos e os mais pobres. Foram benefícios de vários milhões, como por exemplo o que foi dado à Sociedade Francisco Manuel dos Santos SGPS (Pingo Doce), a empresa privada que mais recebeu de benefícios fiscais no ano fiscal de 2012, com 79,9 milhões de euros.
Depois de 2013 – ano da Serpente, com muitos sacrifícios impostos à maioria dos portugueses que vivem ou viveram do seu trabalho (pensionistas, desempregados e funcionários públicos), esperemos que este “cavalo de madeira” venha trazer em 2014 a tão prometida transformação, principalmente no campo das ideias políticas, que tanta falta faz, neste Portugal cada vez mais injusto e mais desigual. Para mal dos nossos pecados, vivemos num país “inconseguido”, como diria a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

1.12.13

OPINIÃO: Portugal e o Burro Mirandês

Quando percorremos um caminho árdua, acorrentados a uma vida sem futuro, desprezando o passado e não vivendo o presente, para que nos serve esse mesmo caminho em direcção a coisa nenhuma?
E, nesse momento, olhando para nós próprios, ou para alguém que nos aponta o dedo, somos levados a reflectir, e não gostamos da imagem, que se encontra projectada no espelho.
É dessa imagem real, que hoje vos venho falar, a imagem de um país perdido, algures no sul da Europa que vive encostado a uma imaginária união europeia, com a qual caminha de mão dada, para um “vazio” político, económico e social, fruto do crescimento das suas políticas neoliberais.
Quando do outro lado do Atlântico (Estados Unidos da América) somos vistos pela sua imprensa – New York Times de 29/11/2013, como um país com um povo em vias de extinção, vivendo uma vida de subsídio-dependente, agarrados à “mama” da União, tal como o burro mirandês, que também ele, ainda vive graças à generosa e benemérita União Europeia.
Que mais podemos acrescentar a esta eloquente analogia, descrita na primeira página de tão influente jornal internacional?
E, nesta mesma semana, em que nos comparam com tão ilustre jumento mirandês, animal de carga, que servia de apoio na agricultura rudimentar e arcaica deste povo luso, chega-nos a notícia em forma de alerta do primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, para o grave problema laboral que está a afectar todo o sector da construção civil daquele país, fomentado principalmente, por trabalhadores portugueses, que estão a ganhar a 2 euros à hora, provocando assim, um dumping social, num país onde o salário mínimo é de € 1.440,67 por mês.
Mais uma vez, servimos de mau exemplo, de verdadeiros asnos, ao dispor do seu dono, fazendo e carregando o que outros não querem, e nem estão dispostos a executar, por um valor desqualificante.
É, mais uma vez na dureza dos tempos, embalados pela sinfonia da crise que passa em rodapé nos telejornais diários, e que lançam este povo para a emigração forçada, quase escrava, numa Europa sem valores, que os espezinha e subjuga a qualquer custo.
Tal como dizia, em 1896, Augusto Fuschini, - aconselho a sua leitura – no seu 1º volume de memórias, (...) “Na Europa não existe povo mais ignorante e desprezado do que o infeliz povo português. Diz-se que os povos têm os governos que merecem. Esses quatro milhões de analfabetos, que, em geral, vivem puxando rudemente pelo cabo da enxada, ou mergulhados na atmosfera insalubre das oficinas, mal pagos, mal protegidos, explorados, ainda, pelo fisco, tendo às dezenas de milhares de emigrar cada ano em busca de condições sociais menos aflitivas” (...) já nesse tempo a descrição deste infeliz povo era assim exposta, e parece nada ter mudado, neste pequeno, pobre e cada vez mais desertificado e envelhecido país, apenas mudaram as tarefas do jumento, ou melhor foram requalificadas.
Sinais do tempo, de um tempo que perde tudo, de uma forma rápida e instantânea, sem nos apercebermos, até mesmo quando se está prestes a perder um dos grandes símbolos da ignorância, que é o burro!.
José Leandro Lopes Semedo
Cartoon de Henrique Monteiro in http://henricartoon.noticias.sapo.pt

24.11.13

OPINIÃO:Novas Tecnologias ao serviço da Assembleia Municipal de Nisa

Como o tempo passa… já estamos no fim do ano!
Em  política,  o tempo também é bom  companheiro, porque  ajuda­-nos a clarificar e a limpar alguns pensamentos  preconcebidos  e  enraizados  nas  nossas  mentes,  pouco  habituadas  ao arejamento, assim como, pouco preparadas para o surgimento de ideias “novas”, “diferentes”e inovadoras, que possam por aí aparecer.
E vem  isto  tudo  a propósito  dessas mesmas ideias  “novas”, ou talvez não, alguns preferem chamar de inovadoras, eu por mim ficaria mais, pelo conceito fazer “diferente”, porque é disso mesmo que se trata.
Como  estamos a entrar  numa época  em  que homens  e mulheres  de  boa vontade, trazem à superfície terrestre  uma  nova forma  de  comportamento, mais tolerante e mais solidária para com o próximo, não custa nada aproveitar a data e sugerir algumas alterações, inovações ou como diz  o  outro  “fazer diferente”, na divulgação  das atas  e  do funcionamento  dos órgãos municipais, principalmente da Assembleia  Municipal.
Sabemos que, o cidadão é o principal pilar de uma democracia participativa, mas como todos verificamos  tem­-se  afastado  cada  vez  mais  da  esfera  politica,  e  por  conseguinte  da  sua participação  cívica,  deixando  o  seu  lugar  vago,  abandonado,  e  empobrecendo  a  própria democracia.
 E para inverter este rumo, propõem-­se pequenas alterações ao funcionamento da Assembleia Municipal, usando para esse fim, as ferramentas das novas tecnologias ao seu dispor:
1. Gravação digital (sonora) das sessões e divulgá-­las através do sistema de Podcast;
2. Sessões comemorativas – com transmissão em livestream, através da internet;
3. Possibilidade  de  intervenção  através  de  videoconferência aos  cidadãos, que  não se podem deslocar à mesma;
4. Criar uma página oficial no facebook, para divulgação das suas atividades;
5. Fazer um  “selfie” (autorretrato)  dos membros da Assembleia Municipal,  para todos conhecerem os seus representantes.
Bem  sei,  são  apenas  cinco  pequenas  ideias,  talvez  até  loucas,  mas  que  podem  fazer  a diferença, entre a participação ou não dos cidadãos, na vida democrática deste município do interior. Os tempos são de mudança, e se assim é, que seja para melhor!
E aliando a inovação à criatividade, os resultados podem ser surpreendentes. Experimentem!
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

8.9.13

OPINIÃO - NISA: A importância de um palco

O calor, um companheiro inseparável, nestes passeios de Verão, que nos levam até uma esplanada refrescante, em que podemos desfrutar de um momento sereno de fim de tarde, neste Alentejo perdido algures no tempo. Onde o tempo é magia e beleza, bem-estar e convívio permanente entre as gentes locais e os forasteiros que nos persistem em visitar com a frequência dos seus desejos.
Nos meses de Verão, cada recanto deste nosso Alentejo volta a ter vida. As praças e ruas, outrora vazias, enchem-se de pessoas – uns forasteiros, outros “residentes” ausentes, muitos emigrantes, que teimam ainda em vir ter com as suas raízes que por cá ficaram e aqui permanecem, na memória coletiva, nas imensas estórias que o tempo teima em levar com aqueles que vão “partindo”.
Os emigrantes, como sabemos, vêm visitar os “seus”. E os demais? Porque será que, entre tantos destinos, escolhem esta região, para passar uns dias? Que atrativos aqui existem, que tanto os satisfazem?
Olhar para estes movimentos intensos de partidas e chegadas às nossas terras, principalmente durante esta época do ano, devia fazer-nos refletir um pouco, principalmente os agentes locais. E quando digo “olhar”, não é ficar parado a ver estas dinâmicas a acontecer, sem nada fazer, é ir ao seu encontro de forma ativa e valorizá-las de maneira a que tragam mais-valias para a economia local.
Vários exemplos de pro-atividade, decorreram nesta ultima quinzena do mês de Agosto, nesta região do Alto-Alentejo (Crato e Castelo de Vide), estou-vos a falar da realização de dois eventos nacionais de extrema importância, para a economia local, que é o “Festival do Crato” e o “Andanças” (Barragem do Povoa), que em conjunto movimentaram mais de 70.000 pessoas, em quinze dias! No caso do Festival do Crato a organização – a Câmara Municipal, afirma terem superado as melhores expectativas de público (50.000 visitantes, em quatro dias), num concelho a onde a população, segundo os últimos censos é de 3.708 habitantes, a qual foi anfitriã de uma massa de pessoas 14 vezes superior a sua população fixa, isto sim, podemos dizer que é o aproveitamento do fator multiplicador da dinamização da economia local e regional, e já existe há vinte e nove anos, com o sucesso que se lhe recolhe-se.
Mas outros projetos, tem sido desenvolvidos, no nosso distrito, com enorme sucesso, como é o caso das Festas do Povo (Campo Maior) ou a Feira de São Mateus (Elvas), os quais atraem milhares de pessoas a localidades de baixa densidade populacional, provocando uma forte dinâmica na economia local.
E em Nisa? O que sucedeu à Nisartes? O concelho de Nisa perdeu muito nestes anos sem a sua realização, e necessita de um palco, onde possa mostrar o seu artesanato e gastronomia, e se possível juntar-se-lhe a forte componente da emigração, que continua tão esquecida. É impossível ficar a olhar para estas novas mobilidades de atração a eventos culturais, sem as poder aproveitar para dinamizar a economia local, que tanto precisa.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO