8.9.13

OPINIÃO - NISA: A importância de um palco

O calor, um companheiro inseparável, nestes passeios de Verão, que nos levam até uma esplanada refrescante, em que podemos desfrutar de um momento sereno de fim de tarde, neste Alentejo perdido algures no tempo. Onde o tempo é magia e beleza, bem-estar e convívio permanente entre as gentes locais e os forasteiros que nos persistem em visitar com a frequência dos seus desejos.
Nos meses de Verão, cada recanto deste nosso Alentejo volta a ter vida. As praças e ruas, outrora vazias, enchem-se de pessoas – uns forasteiros, outros “residentes” ausentes, muitos emigrantes, que teimam ainda em vir ter com as suas raízes que por cá ficaram e aqui permanecem, na memória coletiva, nas imensas estórias que o tempo teima em levar com aqueles que vão “partindo”.
Os emigrantes, como sabemos, vêm visitar os “seus”. E os demais? Porque será que, entre tantos destinos, escolhem esta região, para passar uns dias? Que atrativos aqui existem, que tanto os satisfazem?
Olhar para estes movimentos intensos de partidas e chegadas às nossas terras, principalmente durante esta época do ano, devia fazer-nos refletir um pouco, principalmente os agentes locais. E quando digo “olhar”, não é ficar parado a ver estas dinâmicas a acontecer, sem nada fazer, é ir ao seu encontro de forma ativa e valorizá-las de maneira a que tragam mais-valias para a economia local.
Vários exemplos de pro-atividade, decorreram nesta ultima quinzena do mês de Agosto, nesta região do Alto-Alentejo (Crato e Castelo de Vide), estou-vos a falar da realização de dois eventos nacionais de extrema importância, para a economia local, que é o “Festival do Crato” e o “Andanças” (Barragem do Povoa), que em conjunto movimentaram mais de 70.000 pessoas, em quinze dias! No caso do Festival do Crato a organização – a Câmara Municipal, afirma terem superado as melhores expectativas de público (50.000 visitantes, em quatro dias), num concelho a onde a população, segundo os últimos censos é de 3.708 habitantes, a qual foi anfitriã de uma massa de pessoas 14 vezes superior a sua população fixa, isto sim, podemos dizer que é o aproveitamento do fator multiplicador da dinamização da economia local e regional, e já existe há vinte e nove anos, com o sucesso que se lhe recolhe-se.
Mas outros projetos, tem sido desenvolvidos, no nosso distrito, com enorme sucesso, como é o caso das Festas do Povo (Campo Maior) ou a Feira de São Mateus (Elvas), os quais atraem milhares de pessoas a localidades de baixa densidade populacional, provocando uma forte dinâmica na economia local.
E em Nisa? O que sucedeu à Nisartes? O concelho de Nisa perdeu muito nestes anos sem a sua realização, e necessita de um palco, onde possa mostrar o seu artesanato e gastronomia, e se possível juntar-se-lhe a forte componente da emigração, que continua tão esquecida. É impossível ficar a olhar para estas novas mobilidades de atração a eventos culturais, sem as poder aproveitar para dinamizar a economia local, que tanto precisa.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO