24.9.13

NISA: Educadoras da Santa Casa em defesa da sua dignidade pessoal e profissional

As Educadoras de Infância da Santa Casa da Misericórdia de Nisa, Maria Lucília e Ana Cristina, enviaram-nos com o pedido de publicação, o Esclarecimento à População que transcrevemos na íntegra. 
Maria Lucília da Conceição Barreiros Garcia e Ana Cristina Vieira, na qualidade de Educadoras da Santa Casa da Misericórdia de Nisa e face aos comentários que têm circulado na praça pública, vêm, em defesa do seu bom nome e da dignidade profissional que lhes assiste, prestar o seguinte
ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO
1 – Desde o início do mandato desta Mesa Administrativa que tanto o Provedor (José Dinis Moura Semedo) que, entretanto se demitiu, como o Vice-Provedor, sempre manifestaram a intenção de não proceder a despedimentos, a não ser que fosse de todo impossível para a Instituição a reintegração dos funcionários em outras valências, como aliás tem vindo a acontecer com alguns funcionários.
2 - O atual Provedor chegou até a pedir ás educadoras que propusessem soluções para rentabilização de alguns espaços da Instituição com o objetivo de ajudarem a encontrar alternativas, uma vez que os seus empregos poderiam estar em risco, devido à diminuição do número de crianças a frequentar o  Centro Infantil.
Após a demissão do Provedor, os “novos” e atuais Provedor e Vice-Provedor comunicaram às educadoras, em finais de Julho, a intenção de as reintegrar em outras funções, transitando a educadora Lucília para a Extensão Lar onde exerceria as funções de chefia, à semelhança da funcionária que antes aí trabalhava e recentemente se reformou, enquanto a educadora Ana Cristina iria trabalhar com a Drª Lurdes no Centro de Dia. Eram colocadas, no entanto, como exigência, por estes mesários, duas condições: a) a primeira consistia em que as referidas funcionárias aceitassem reduzir, drasticamente, os seus salários; b) a segunda, “sugeria” que as próprias educadoras rescindissem os seus primeiros contratos de trabalho, com tudo o que isso implicaria em termos de perda de direitos até aqui alcançados, inclusive a antiguidade – perda ao direito de indemnização pelos 13 e 17 anos, respectivamente, ao serviço da Instituição.
3 - As referidas educadoras concordaram em mudar de funções e até negociar a redução de vencimento, mas nunca em “bom juízo” poderiam concordar em ser elas a rescindir os seus contratos pois tal proposta atentava contra os seus interesses, assim como não se encontravam na disposição de abdicar dos anos de serviço prestados à Instituição.
Face às “propostas” apresentadas pelos dois mesários e que consideravam lesivas da sua dignidade e brio profissional, as educadoras recorreram a um advogado, para que este analisasse todas as implicações legais das propostas verbalmente apresentadas em nome da Santa Casa da Misericórdia de Nisa.
De posse das informações fornecidas pelas educadoras e devidamente mandatado por estas, o advogado contatou por escrito e por duas vezes a Santa Casa da Misericórdia de Nisa procurando que a mesma se pronunciasse sobre a forma legal, de como pretendia resolver esta questão, reforçando a ideia de que as referidas funcionárias continuavam a dar o seu aval para integrar novas funções, mas sem abdicarem dos direitos adquiridos.
4 - A Instituição nem só não deu resposta ao advogado das educadoras, como esperou que o Centro Infantil fechasse para férias, para lhes enviar uma Notificação da Intenção de Despedimento (recebida a 16 de Agosto/2013). O que não se compreende, uma vez que o sr. Provedor assinou como data limite para resposta à aceitação da proposta de trabalho, 30 de Agosto de 2013. A esta Notificação, o advogado contrapôs dentro do prazo legal, sendo que não teve resposta dentro do prazo legal que a Instituição também deveria ter cumprido.
Tal postura por parte dos referidos mesários e apesar de nos dizerem, por várias vezes, que eram os únicos mesários a lutar pela nossa reintegração (daí serem eles a fazer a “negociação”) leva-nos a acreditar que tinham somente a intenção de nos iludir, levando-nos a assinar a rescisão do 1º contrato, fazendo-nos perder todos e quaisquer direitos e sem nenhuma garantia que nos fizessem outro contrato. Pois a assinatura do mesmo teria como única garantia a “palavra de honra” do sr. Provedor, como ele próprio nos disse.
5 - Em nosso entender, assuntos de tanta importância não podem ser firmados com base na palavra de honra seja de quem for, muito menos de alguém que se recusa a agir de acordo com a Lei.
No entanto, a Instituição que se recusa agora a dar-nos as funções prometidas, alegando que não tem funções compatíveis com as que desempenhávamos anteriormente (apesar de termos manifestado disponibilidade para sermos reintegradas noutros serviços desta Casa), diz agora não ter condições financeiras para assumir os nossos postos de trabalho, com 13 e 17 anos de antiguidade, quando é certo, público e notório que a mesma admitiu novos funcionários, sem concurso público, um dos quais numa função que nunca existiu na Santa Casa e para a qual não há qualquer justificação, em termos de necessidade prática.
6 - As educadoras, Ana Cristina (dezassete anos de trabalho e dedicação às crianças) e Maria Lucília (treze anos na função de educar e ajudar a crescer centenas e centenas de crianças) têm atrás de si um perfil e percurso profissional impoluto, baseado no amor à sua profissão, na dedicação, no afecto e no respeito que conseguiram não só transmitir aos meninos e meninas que frequentaram, durante todos estes anos o Centro Infantil, como aos pais e familiares, dos quais receberam inúmeras manifestações de simpatia e de reconhecimento pelo trabalho realizado.
 Sentimo-nos, por isso,sinceramente magoadas e dececionadas com esta atitude discriminatória com que os mesários atuais nos trataram, ainda mais por tal acontecer no seio de uma Instituição que sempre nos tratou bem, com consideração, respeito e apreço pelo nosso desempenho profissional.
Uma Instituição, a Santa Casa da Misericórdia de Nisa, cujo trabalho nunca é demais enaltecer, quer pelos princípios e valores pelos quais foi fundada e que continua a defender, quer pela acção social que desenvolve junto da comunidade.
Nisa, 20 de Setembro de 2013.
As Educadoras
- Maria Lucília da Conceição Barreiros Garcia e Ana Cristina Vieira