Este ano, o pão de ló está mais caro, as amêndoas também, os chocolates idem. Neste caso, ninguém observa os preços, nem os fiscaliza e muito menos os monitoriza. Estes brindes saíram no ovo da Páscoa do Governo, que ficou assim com três organismos para supervisionar os abusos no IVA zero. Vá. Dois. Na verdade, o observatório para promover a transparência de comercialização dos bens alimentares já tinha sido anunciado em 2015. Depois em outubro de 2022. Agora, ressuscitou em plena Quaresma.
Apesar destes custos, a tradição mantém-se e a celebração far-se-á. Com mais esforço para uns, com menos para outros. E até tem direito a descontos em produtos para veganos, os únicos benefícios que o Governo deu a uma minoria da classe média em tempos de crise. Mas temos um Pacto para a Estabilização e Redução de Preços dos Bens Alimentares que vai entrar em vigor no dia 18 e isso é bom. Até lá, o acordo de cavalheiros entre Executivo e os milionários da distribuição vai permitindo que a meia de leite e o pão com manteiga fiquem mais caros.
Reflexões a fazer durante as miniférias. Para quem pode. De preferência em alojamento local, enquanto estes negócios não fecham, fruto da contribuição extraordinária, leia-se mais impostos, saída do pacote Mais Habitação.
Para quem aproveita este período para tirar uns dias de descanso no estrangeiro, um conselho: estar atento à data do voo de regresso a casa, já que é muito improvável que algum secretário de Estado tente antecipar ou adiar uma viagem de avião de acordo com as nossas conveniências. Esse favor é só para quem exerce influência política. Já se viajar de barco, é prudente garantir que a embarcação tenha combustível suficiente para chegar ao destino.
Políticas que certamente o partido dinamarquês gerido por inteligência artificial evitaria. A possibilidade de um dia termos robôs a governar é longínqua, mas já há quem garanta que votaria num chatbot para primeiro-ministro. Percebe-se porquê.
* Manuel Molinos in Jornal de Notícias - 7.4.2023
