Professor,
humanista e defensor do património
A antiga
Escola de Montalvão acolheu no passado sábado, uma Festa e Homenagem ao Dr.
António Cardoso Mourato, organizada pela Associação Vamos à Vila e distinguindo
uma das personalidades que se evidenciaram no campo da Salvaguarda do
Património Cultural de Montalvão.
Numa sala
cheia, coube à classe de acordeão do Conservatório Regional de Castelo Branco,
dirigida pelos professores Carisa Marcelino e Horácio Pio, dar as boas vindas
aos convidados e ao homenageado, com um concerto musical de grande qualidade
que prendeu e entusiasmou a assistência.
José
Maria Belo, fez o elogio do Dr. António Cardoso Mourato, um dos compiladores de
"Montalvão, Elementos para uma monografia desta freguesia do concelho de
Nisa", e autor de importante recolha gravada em Montalvão, Nisa e Póvoa e
Meadas, que abrange diversas áreas da Cultura, desde a Literatura Tradicional,
a Linguística e a Antropologia.
José Belo
justificou a homenagem como uma prova de respeito e admiração a um
montalvanense de elevado mérito, sempre arreigado á sua terra, aos seus valores
e tradições.
Destacou
o percurso de vida do homenageado, de origem humilde, o Curso de Enfermagem,
através do qual evidenciou a sua capacidade de se dar aos outros em hospitais
como o de S. José e outros, destacando ainda a sua ânsia de conhecimentos que o
levou a frequentar e a concluir o Curso de Letras da Universidade de Lisboa,
após o qual enveredou pela carreira profissional no Ensino, leccionando em
diversas escolas da Grande Lisboa e mostrou o seu carácter de grande professor
e humanista.
Entre
1965 e 1976 foi assistente de programas de âmbito cultural na EN (Emissora
Nacional) procurando dar sentido ao lema “instruir e educar”, que prosseguiu
mesmo após a aposentação, mostrando a sua ânsia de servir, como sempre fizera
com os seus doentes e alunos. Esta homenagem é, pois, inteiramente merecida e
justa”.
João
Caixado, presidente do Casal Popular da Damaia, associação de solidariedade
social à qual António Mourato, desde há cerca de 20 anos presta valiosa
colaboração como voluntário, disse que “o professor Mourato é bem o exemplo
daquilo que nós, que gerimos um Centro de Dia, defendemos para a chamada “3ª
idade”, que é o conceito de “Envelhecimento Ativo”.
Há
pessoas que estariam dispostas a gastar rios de dinheiro, pelo “elixir da
eterna juventude”, por medicamentos que lhes garantisse uma vida longa e saudável,
quando a solução está ao alcance de todos, e é gratuita.
Com 85
anos continua a colaborar com o Casal Popular, animando, todas as semanas,
tertúlias literárias, com um papel activo de grande humanista e sendo um
exemplo de solidariedade para com os outros.”
António
Mourato agradeceu a iniciativa da Associação Vamos à Vila, considerou que a
noção de valor é relativa, e que tudo o que fizera na vida tinha uma “marca”, a
da terra onde nascera: Montalvão.
Prometeu
continuar a trabalhar, pois “parar é morrer” e na forja está já a preparação de
um livro sobre poetas populares montalvanenses.
Mário
Mendes in "Alto Alentejo" - 14/6/2017