Revela
estudo de estagiárias de Enfermagem
A
população da vila de Nisa tem excesso de peso, de acordo com um estudo
realizado por quatro alunas do Curso de Enfermagem da Escola Superior de Saúde
de Portalegre e que teve lugar no dia 2 de Novembro, no auditório da Biblioteca
Municipal de Nisa.
Por um
dia, parte das instalações da antiga Escola Dr. Graça, serviu como sala de
estudo e consultório a quatro futuras enfermeiras, Ana Pinto, Carla Martins,
Cláudia Henrique e Marlene Ferreira, no âmbito de um estágio de Cuidados de
Saúde Primários que decorreu no Centro de Saúde de Nisa, durante nove semanas.
O excesso
de peso e a obesidade, visível, de uma parte considerável da população, motivou
as jovens estagiárias de enfermagem para uma acção prática que visava, por um
lado, fazer um rastreio e conhecer a percentagem da população com excesso de
peso e ao mesmo tempo aproveitar a presença do público para uma sensibilização
sobre os cuidados e a necessidade de uma alimentação saudável.
A
iniciativa decorreu no horário de funcionamento da Biblioteca Municipal, até às
18,30h, num dia de chuva, circunstância que terá afastado muitas pessoas. Ainda
assim foram mais de centena e meia os homens e mulheres, adultos, sobretudo,
que afluíram ao auditório da Biblioteca, fizeram a medição da altura, peso e da
tensão arterial. Os dados destas operações indicavam, por fim, o Índice de
Massa Corporal, que eram comunicados e acompanhados de diversos esclarecimentos
e distribuição de folhetos informativos que abrangiam os problemas de saúde
desta área em estudo.
No que se
refere a algumas conclusões, temos que os indivíduos do sexo masculino são
aqueles que apresentaram valores de tensão arterial, de acordo com o
preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como Elevados – Hipertensão
Arterial.
São
também os indivíduos de sexo masculino, ainda segundo os parâmetros da OMS, que
apresentam Excesso de Peso, tendo em conta a tabela de classificação do Índice
de Massa Corporal.
É na
freguesia do Espírito Santo que residem os indivíduos que, na sua maioria têm
Excesso de Peso, e na de Nossa Senhora da Graça os indivíduos que,
maioritariamente, têm Obesidade.
O
rastreio mostrou que é o grupo dos indivíduos reformados aquele que apresenta
maiores riscos quer relativamente ao excesso de peso (30%), quer em relação à
obesidade (27%), com apenas 10% dos indivíduos desta categoria, presentes no
rastreio, a terem uma situação Normal na classificação do Índice de Massa
Corporal.
Valores
muito semelhantes foram os obtidos para a faixa etária da população com mais de
65 anos, que evidencia Excesso de peso (23%) e Obesidade (18%), sendo apenas de
6% os indivíduos com uma situação Normal, de acordo com os parâmetros já
referidos. Note-se que, tanto no grupo dos Reformados como no da faixa etária
> 65 anos não há situações de Magreza. Aliás, cabe referir que, da população
presente no rastreio, apenas 1% se insere no conceito de Magreza, de acordo com
a classificação do Índice de Massa Corporal, não se registando em Nisa, latu
sensu, alguns dos fenómenos característicos dos grandes centros urbanos e que
atingem, sobremaneira, adolescentes e jovens.
Ana
Pinto, Carla Martins, Cláudia Henrique e Marlene Ferreira mostravam satisfação
e o sentimento do dever cumprido, no final desta verdadeira acção de saúde
pública e de contacto com a população.
“Foi
muito gratificante este contacto com as pessoas” – começou por dizer Ana Pinto,
natural de Nisa e a “jogar em casa”.
“Estas
acções inscrevem-se no âmbito do estágio de Cuidados de Saúde Primários no
Centro de Saúde de Nisa e nós tivemos esta ideia, mais abrangente e voltada
para o exterior, uma forma de conhecermos os outros e de nos conhecermos a nós
próprias. Esta acção era para ser feita na rua, mas acabámos por realizá-la
aqui face às condições do tempo. “
De
entusiasmo, era a expressão de Cláudia Henrique quando lhe perguntámos se tinha
valido a pena esta iniciativa.
“Foi
muito bom, pois apesar do mau tempo ainda veio muita gente. Foi pena não terem
vindo mais crianças e jovens. Os que vieram mostraram curiosidade e atenção às
mensagens que procurámos transmitir, principalmente os relacionados com a
alimentação. Pensamos em qualquer coisa para nos aproximarmos da população e
este objectivo foi alcançado”.
No âmbito
do estágio de nove semanas em Nisa, as quatro jovens passaram por todas as
valências do Centro de Saúde, desde o Internamento, às Urgências, Consultas e
Extensões locais. O rastreio da Obesidade foi o culminar deste trabalho e
aquele que, porventura, mais as terá motivado.
“Os
resultados do rastreio, são o espelho do Alentejo, que tem uma população idosa
e hábitos alimentares enraizados” – concluem Carla Martins e Marlene Ferreira.
“As
pessoas fazem uma alimentação pouco equilibrada e pouco variada, à base de
enchidos e gorduras, para além dos estilos de vida, sedentários, e sem
actividade física regular. As consequências são as doenças como a hipertensão e
a diabetes. A mensagem que procurámos transmitir, a nossa sensibilização, foi
no sentido de procurarem ter uma alimentação saudável e variada.
Nota-se
que as pessoas têm consciência que são obesas, mas depois não agem em
conformidade, não se preocupam em ter comportamentos mais saudáveis, não só no
aspecto da alimentação, mas interiorizando a importância do exercício físico,
os passeios, uma vida menos sedentária.”
A
terminar, as alunas da 4ª Licenciatura B em Enfermagem, fizeram questão de
deixar expresso o seu agradecimento às seguintes entidades:
ARS de
Portalegre, Engª Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara de Nisa, Equipa de
Enfermagem do Centro de Saúde de Nisa, Sr. Bento Semedo, responsável pela
Biblioteca Municipal, SPEO – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, e
a todas as pessoas que directa ou indirectamente proporcionaram a realização
deste trabalho.
Mário
Mendes in “Jornal de Nisa” nº 219 – 2006