Era o
desastre anunciado, mas, ano após ano, pouco ou nada se fez para o evitar. Foi em Pedrógão Grande ,
mas podia ter sido noutro qualquer concelho do pinhal interior onde o
desordenamento florestal é a regra. Sessenta e quatro mortos, 157 feridos. Os
números são brutais, como brutais são as imagens que passam nos noticiários,
com destaque para as carcaças dos carros no cenário desolador da EN 236-1, onde
famílias inteiras morreram a tentar escapar ao inferno. No “passa culpas”
fica-se sem perceber se a estrada deveria e poderia estar encerrada ou se foi
apenas azar. A tempestade perfeita, dizem. Desta vez não foi mão criminosa a
atear o fogo. Foi uma conjugação de fatores: o calor extremo, o vento
ciclónico, um raio. Um raio que os parta.
Foto: Miguel A. Lopes - in "Expresso"
Texto:
Aníbal Fernandes in "Diário do Alentejo" - 23/6/2017