Quinze dias após as eleições autárquicas 2013, não há até ao
momento qualquer análise e tomada pública de posição das forças políticas
concorrentes face aos resultados eleitorais.
Estas posições, que emanam, geralmente, das comissões concelhias
- no caso dos partidos – poderiam e deveriam constituir elementos de melhor
percepção e esclarecimento dos eleitores, após as eleições, quer sobre os
resultados obtidos, quer assumindo os êxitos e ou os fracassos, tendo em
conta as perspectivas com que apresentaram as suas candidaturas.
O que assistimos, para além dos agradecimentos, em nome pessoal,
de alguns candidatos, foi a pequenos exercícios de pura demagogia, dispensáveis,
feitos, também, a título pessoal, ainda que utilizando meios de comunicação
(blogs) tidos como “oficiais” dessas forças políticas.
Impõe-se, por isso, de forma tão independente e autónoma quanto
possível, lançar um olhar e reflexão, sobre as eleições de 29 de Setembro no
concelho de Nisa.
1 - Quem ganhou as eleições em Nisa?
a) Ganhou o PS para a Câmara e Assembleia Municipal, mantendo,
neste órgão, os mesmos eleitos (6) de 2009. Conquistou a presidência da Câmara,
tido como o seu principal objectivo eleitoral.
b) Ganhou o PCP/PEV para as Assembleias de Freguesia, arrebatando
quatro ao PS (Alpalhão – esta ganha pela primeira vez, Espírito Santo (1), Montalvão
e Santana) mantendo as que já detinha, com excepção da de Amieira do Tejo (2).
c) Ganhou o Movimento Independente “Mexer com Nisa”, que
concorreu pela primeira vez e apenas aos órgãos municipais, tendo conseguido o
seu objectivo principal, eleger um representante na Assembleia Municipal.
d) Ganharam os eleitores de Santana, com uma grande afluência às
urnas, superior a 80 por cento.
2 – Quem perdeu as eleições em Nisa?
a) O PCP/PEV em relação à Câmara Municipal que detinha há mais
de 30 anos e era a sua principal base de sustentação política e eleitoral. Por
esse motivo, aparece em primeiro lugar nesta ordem.
b) O PS, em relação às Assembleias de Freguesia, uma derrota
catastrófica, sem comas e que, parece, ninguém quer assumir como responsável.
c) O PSD, em toda a linha. Perdeu votos, perdeu mandatos (o mais
significativo o da Assembleia Municipal) em relação a 2009, não conseguiu
posicionar-se como alternativa credível, a nível da Câmara, tendo ficado
bastante longe dos seus objectivos, inclusive, num contexto de mudança de
ciclo, o de recuperar o segundo vereador que tinha conquistado em 2001.
A derrota é tanto ou mais significativa, por se tratar de uma
candidatura em coligação com o CDS/PP e ser uma aposta dos órgãos nacionais do
partido, tendo merecido, a visita a Nisa de Santana Lopes.
d) Perda considerável, esta para o concelho, foi a diminuição do
número de eleitores. Menos 714, a mostrar o declínio
populacional e uma imagem da desertificação que continua imparável e como um
estigma para o interior do país. Oportunidade para lembrar que depois do 25 de
Abril o concelho esteve perto de atingir os 10 mil eleitores.
NOTAS(1) - Por força da chamada "reorganização administrativa", o concelho perdeu 3 freguesias autónomas, passando a do Espírito Santo a integrar a União de Freguesias com a Senhora da Graça e S. Simão.
(2) -A freguesia de Amieira do Tejo "fundiu-se numa só: União das Freguesias de Arez e Amieira do Tejo