Nas aldeias do interior, despovoadas e condenadas a uma morte anunciada, não tão lenta como se supunha, ainda há rostos e sorrisos num dia de sol de Outono. São os jovens que ficaram ou aqueles que, fartos dos "caixotes de cimento" e da vida frenética e desumana da grande cidade, regressaram ao torrão natal e aos espaços de brinca da infância. Seria um regresso natural e até - se tivéssemos governantes com uma réstia de humanidade -, uma situação a estimular, devolvendo às aldeias um pouco de vida e de movimento e dando àqueles que atingiram o "Outono da vida", um pouco de paz e de tranquilidade como recompensa por anos e anos de uma vida porfiada de trabalho e canseiras. Mas não. Os "jovens" da Velada e das mil e uma "veladas" deste país estão entregues à sua sorte. Fecharam-lhe as extensões de saúde, os postos médicos, as juntas de freguesia, os pequenos serviços públicos de apoio e proximidade que podiam fazer toda a diferença. Juntam-se no largo principal da aldeia e aquecem-se ao sol das histórias vividas ou dos afectos e recordações de um passado distante que trazem e fazem reviver no presente.
Sorriem, apesar das dificuldades que lhes estão a ser criadas. O futuro é ainda uma criança e eles, como jovens, sabem que têm a vida pela frente...