31.10.13
Olaria de Nisa é capa da InfoAgenda da Região de Turismo do Alentejo
De vez em quando a Região de Turismo do Alentejo (acho que é este o nome!) tem o condão de nos surpreender e lembrar-se de nós, nisenses, como fazendo parte da nação transtagana, embora fora do "famoso" triângulo que captou mundos e fundos para o turismo e outras actividades paralelas. Adiante, que isso são contas de outro rosário...
A olaria de Nisa é o tema principal (e exclusivo) da capa da IA - InfoAgenda de Novembro de 2013 da RTA, com uma excelente foto que dá (ainda) mais força ao apelo: Alentejo, tempo para ser feliz.
Novembro - como todos os meses do ano - é "tempo para ser feliz" num vasto e acolhedor território cheio de iniciativas marcantes que vão desde as tradições e os sabores, à cultura, à fruição da natureza e do património. Desde a Feira do Montado à Cozinha dos Ganhões passando pela Festa do Vinho e da Vinha, há mil e um motivos para visitar e sentir a planície alentejana onde "o tempo é tempo" e se pode "ouvir o silêncio. Folheie a IA e descubra as inúmeras iniciativas que a região tem para lhe oferecer.
Blog de nisense nomeado para prémios TCN Blog Awards
É um projecto dado à estampa, isto é, à net, pelo Pedro Pereira e Emanuel Neto. Um blog sobre Cinema, mais concretamente sobre Western ou ainda filmes de cowboys. O Emanuel, filho dos nisenses João Neto (ex-PSP e já falecido) e da Margarida Melato, costuma chamar-lhe o blog do "Western Sphagetti". Com ou sem propriedade, certo é que o seu trabalho e do companheiro cinéfilo Pedro Pereira é abundantemente referenciado na internet e nomeado para prémios. Claro que aquilo que move os dois amigos é, apenas e só, o amor a este género cinematográfico que atingiu os píncaros da fama (e de algum proveito) nos anos 60 e 70 do século passado e que hoje em dia passa por ser pouco divulgado.
Pelo segundo ano consecutivo o blog "Por um punhado de euros"
consegue nomeações para os TCN Blog Awards. Desta vez para além da
categoria mais apetecida, "Melhor blogue colectivo", aparece também a
nomeação para a categoria "Entrevista". As votações já estão em curso
no Cinema Notebook. Minis para todos os que votarem em nós!, promete a dupla cinéfila.
Eis o link para votar no melhor blogue
coletivo (na barra lateral TCN 2013):
http://cinemanotebook.blogspot.pt/2013/10/tcn-2013-nomeados-blogue-colectivo.html
Vamos lá dar uns cliques e ajudar o blog "Por um punhado de Euros" a vencer o prémio.
Vamos lá dar uns cliques e ajudar o blog "Por um punhado de Euros" a vencer o prémio.
30.10.13
POSTAIS DO CONCELHO: Os jovens da Velada
Nas aldeias do interior, despovoadas e condenadas a uma morte anunciada, não tão lenta como se supunha, ainda há rostos e sorrisos num dia de sol de Outono. São os jovens que ficaram ou aqueles que, fartos dos "caixotes de cimento" e da vida frenética e desumana da grande cidade, regressaram ao torrão natal e aos espaços de brinca da infância. Seria um regresso natural e até - se tivéssemos governantes com uma réstia de humanidade -, uma situação a estimular, devolvendo às aldeias um pouco de vida e de movimento e dando àqueles que atingiram o "Outono da vida", um pouco de paz e de tranquilidade como recompensa por anos e anos de uma vida porfiada de trabalho e canseiras. Mas não. Os "jovens" da Velada e das mil e uma "veladas" deste país estão entregues à sua sorte. Fecharam-lhe as extensões de saúde, os postos médicos, as juntas de freguesia, os pequenos serviços públicos de apoio e proximidade que podiam fazer toda a diferença. Juntam-se no largo principal da aldeia e aquecem-se ao sol das histórias vividas ou dos afectos e recordações de um passado distante que trazem e fazem reviver no presente.
Sorriem, apesar das dificuldades que lhes estão a ser criadas. O futuro é ainda uma criança e eles, como jovens, sabem que têm a vida pela frente...
NIZZA e a o origem dos nomes de alguma terras do Nordeste Alentejano (II)
RESPOSTA AO COMENTÁRIO DE JOSÉ MONTEIRO
Caro Mário
Agradeço que publique a minha resposta ao excelente comentário
de José Carlos Monteiro ao meu texto Nizza.
Por vezes a História prega-nos algumas partidas, especialmente
quando estamos pouco atentos ou quando somos pouco rigorosos na análise dos
factos. Foi o que aconteceu com o texto Nizza, magistralmente refutado por José
Carlos Monteiro, a quem agradeço a correcção.
Continuo, no entanto, pouco convencido da origem francesa para
os nomes de Nisa, Montalvão e Tolosa, ainda que, a refutação mencionada,
adicione argumentos de peso em seu favor. Se Nice e Montauban são localidade
próximas entre si, já Toulouse obriga a
alargar significativamente a área de uma possível influência de colonos
francos.
Se pegarmos nos casos Tolosa e Montalvão na vizinha Espanha que
se encontram no Pais Basco e perto de Toledo, respectivamente, é difícil
sustentar uma origem comum a partir de uma região francesa.
Para adensar um pouco mais as coisas podemos referir o caso das
Comendas templárias de Santa Maria do Castelo (Castelo Branco) e de Montalvão, em Portugal e Montalban
(Toledo) em Espanha, em cujas redondezas se encontram localidades com nomes
aproximados: Montalban, Cebolla e Malpica (Espanha) e Montalvão, Montalvo,
Cebolais e Malpica (Portugal).
Há pois várias pistas a explorar para a origem dos nomes. A
pista francesa obrigava-nos a considerar uma antiguidade bem menor do que
aquela que as localidades alentejanas parecem ter.
Jorge Rosa
29.10.13
OPINIÃO: A propósito de "Nizza - A origem dos nomes de algumas terras do Nordeste Alentejano"
A propósito do texto acima titulado, recebemos do nosso leitor José Carlos Monteiro, o escrito que transcrevemos:
" O Ducado do Piemonte, integrado no Reino da Sardenha em 1720,
incluía o Condado de Nice. Só após
plebiscito realizado em 1860 passou este a ser parte integrante do território
francês. Assim, os topónimos referidos - Nizza, Montalvam e Villafranca - , no
contexto da Guerra da Sucessão Austríaca (1740-1748), referem-se de facto à
nossa conhecida Nice e a Mont Alban
(pequeno monte sobranceiro à cidade, onde existia um forte) e a
Villefranche-sur-Mer, pequena localidade nos arredores da cidade, onde existe
um porto.
Não se referem pois, como refere o Sr. Jorge Rosa, a localidades
situadas no que hoje é a região italiana do Piemonte, com capital em Turim,
como poderá ser comprovado consultando um qualquer mapa da região de Nice."
28.10.13
POSTAIS DO CONCELHO: Os Trajes de Nisa
Duas magníficas ilustrações dos Trajes de Nisa que estiveram patentes ao público no Museu Nacional do Traje, na Exposição "Trajes Míticos da Cultura Popular Portuguesa", no âmbito do evento "Lisboa, Capital Europeia da Cultura - 1994".
As fotos são de José Manuel Rufino Lopes, a quem agradecemos a colaboração.
Opinião: OBRIGADO, PAI
(Em memória de José
da Graça Salgueiro Zacarias)
Agora que já passaram
dez dias, já tenho a mínima força que me permite escrever algumas palavras de
agradecimento por aquilo que deixaste e fizeste por todos nós.
Tiveste uma infância difícil, que Te obrigou a autoeducar e
autodignificar, pois o abandono de que foste alvo por parte do Teu pai, ainda
em criança a tal te sujeitou.
Cedo começaste a passar uma imagem de sacrifício, ao teres
que ganhar para a casa, ainda em criança, e daí teres no resto da Tua vida o
hábito de dares o valor às coisas, que elas efetivamente merecem.
Foste ao longo da Tua vida, um exemplo para todos, mesmo
para aqueles que menos te conheciam, mas não menos te admiravam. Eras afável,
simpático, prestável, simples, Homem de palavra e digno da simpatia e amizade
de todos os que Contigo se relacionavam. A prova esteve no elevado número de
familiares e amigos que Te acompanharam até à tua última morada.
Foste durante os quarenta anos de funções profissionais, um
Homem, com um grande sentido de responsabilidade, abraçando sempre a Tua
profissão com um enorme profissionalismo e com um relacionamento com todos os
colegas, baseado no respeito mútuo e na disponibilidade em ajudar;
Deixas na Terra que Te viu nascer (Nisa), uma imagem de
HOMEM BOM, sempre disponível em ajudar os outros, sempre comunicador e afável.
Assim, Pai, se todos soubermos honrar a Tua memória, vai ser
para nós mais fácil viver e contrariar as adversidades da vida, pois considero
ser um privilegiado, na medida em que penso ter conseguido apreender aqueles
que eram os pilares da Tua vivência, destacando a classe que tinhas em “Saber
Estar”!
Transmitiste a todos os familiares (principalmente netos e
filhos, mas também a toda a restante família e amigos), valores de respeito,
verticalidade, responsabilidade, amabilidade, sinceridade, simplicidade,
amizade e amor.
Eras Amigo de verdade!
Já passaram alguns dias, mas, confesso, PAI, não estou a
conseguir suster as lágrimas, pois é impossível para mim habituar-me à ideia de
diariamente, não Te conseguir visitar, ver, beijar e perguntar-te: então, Pai,
como é que isso está?
A Tua resposta, essa, sempre com ar de boa disposição, era
sempre a mesma: Óptimo, Filho!
Pois é, Pai, mesma que assim não fosse, o Amor que por mim tinhas
e a inteligência que sempre apresentaste ao longo da Tua vida, faziam com que
sempre me deixasses descansado e bem disposto.
Sabias e tinhas consciência que sempre te acompanhei, mas
quero dizer-te que embora tivesses partido, essa será uma viagem que eu e todos
também um dia iremos fazer, e independentemente de onde cada um de nós esteja
neste momento, a verdade é que estaremos sempre juntos. A tua presença é
constante e nunca te apagaremos da nossa memória.
Pai, partiste com a dignidade que durante toda a vida
tiveste, conseguiste despedir-te do Teu Grande Amor, a Mãe, ao dizeres, ainda
com toda a lucidez “Levo-te no Meu Coração”!
Não tiveste tempo de te despedires de mim, mas se o tivesses
conseguido, não duvido que a frase era a mesma, pois levaste todos no coração,
mas podes ter a certeza que também ficaste no coração de todos.
Partiste nos meus braços, agarrado a mim, momento que jamais
esquecerei, mas tenho esperança de um dia também poder estar nos teus!
Pai, estamos todos a sofrer muito, mas o sofrimento faz
parte da vida, e esse eu não o queria para Ti, e Deus fez-me a vontade!
Prometo dar continuidade aos valores que me deixaste e fazer
com que todos o façam!
Salientavas, com frequência o apoio que todos te davam, e eu
não posso, em Teu nome deixar de agradecer publicamente o apoio prestado desde
a primeira hora, de um Grande Teu Amigo e da Família, chamado Arménio Morais de
Almeida, que na véspera de partires, passou um serão contigo que Tu apelidaste
de “Excecional”, e que o próprio referiu ser impossível esquecer.
Agradecer também publicamente, e porque não Te cansavas de o
mencionar, à Santa Casa da Misericórdia de Nisa, na pessoa do seu Provedor,
também ele um Grande Teu Amigo e colega de trabalho de muitos anos, assim como
à equipa de Cuidados Continuados do Centro de Saúde de Nisa.
Um agradecimento, também ele muito especial, aos médicos,
enfermeiros e auxiliares do Hospital de Santa Maria, que Te acompanharam,
dando-te o máximo apoio ao longo destes últimos dois anos.
Pai, fica descansado, porque em Teu nome faço um
agradecimento extensivo a todos os Teus familiares e Amigos, pois o
reconhecimento, era para Ti, uma questão-chave da Tua maneira de ser.
Pai, não me podia esquecer, como calculas, de agradecer a
alguém mesmo muito especial e que Tu muito adoravas e sempre Te acompanhou e
deu a maior força: a Tua sobrinha ANA, essa Grande Mulher! Pois é, Pai, quero
que saibas que também nós lhe estamos eternamente gratos.
Por fim, Pai, e para que estejas mesmo em Paz, também Te
quero dizer que a Tua principal preocupação, além de todos nós, e que se
prendia com a Mulher da Tua vida (a Mãe), ela irá ter da nossa parte o Amor que
sempre teve, mas agora mais que nunca, também o apoio, a assistência e o
carinho, que Tua fazias questão que todos lhe déssemos. Está descansado, Pai, a
Mãe está a ter muita força e vai vencer, com a ajuda de todos!
Termino esta minha comunicação, Pai, dizendo-te que Tu não
morreste, pois só morrem as pessoas que nós esquecemos, pelo que estarás sempre
entre nós.
OBRIGADO, PAI
Até um dia!
Do Teu Querido Filho
Amílcar
NISA: Vamos homenagear a olaria e os oleiros?
A foto, cedida pelo meu amigo e artilheiro, João Pinheiro, foi tirada numa cidade tunisina e mostra uma gigantesca peça da olaria local. Está exposta numa rotunda e serve tanto para ornamentar um local público como para promover um dos expoentes do artesanato tunisino.
A ideia bem podia ser aproveitada na nossa terra, onde oleiros, pastores, corticeiros, funileiros, sapateiros, costureiras, salsicheiros, artesãs do pano e da agulha, e outros artífices não foram, ainda, devidamente valorizados pelo contributo que deram para as artes e sabores locais, e a dinamização da economia do concelho.
A sugestão aqui fica, de borla e sem aspirações a "direitos de autor". Numa rotunda, largo, praça ou outro espaço público, não ficaria mal um monumento às nossas principais "bandeiras": o queijo, o artesanato, os enchidos. E que encanto não teria um desses espaços públicos com umas "cantarinhas pedradas", por exemplo. Experimentem ...
OPINIÃO: Carta aberta ao SPGL (Sindicato dos Professores da Grande Lisboa)
Caros colegas:
Venho uma vez mais intentar obter uma resposta sindical para as
medidas estranhas que os conselhos diretivos dos agrupamentos encetaram contra
os docentes do 1º ciclo, desde o início do presente ano letivo e para as quais,
além de um parecer jurídico, não tenho conhecimento de outras.
Para os que estão fora das escolas e não sabem do que eu estou a
falar, passo a explicar:
Desde sempre, mesmo com Salazar, os intervalos de 30 minutos
entre as atividades letivas, o chamado recreio, sempre foi contabilizado como
tempo letivo de serviço, até porque os professores do 1º ciclo nesse horário
exercem funções de acompanhamento e vigilância dos alunos nos recreios.
Perante o espanto de todos os docentes, estes foram informados,
em alguns agrupamentos, não em todos, que esse tempo passava a ser
contabilizado como tempo não letivo, informações sempre dadas por boca, nada
escrito e muito menos a respetiva fundamentação escrita suportando
juridicamente a medida, até porque aos professores cabem as mesmas funções de
sempre durante esses 30 minutos: acompanhamento e vigilância dos alunos durante
o tempo de recreio.
Nalguns agrupamentos, a bizarria foi mais longe, como motivado
pelas atividades de enriquecimento curricular os alunos passaram a ter não um
mas dois recreios diários de trinta minutos, os diretores de agrupamento exigem
que os professores façam três dias de acompanhamento e vigilância aos recreios,
divididos entre a manhã e a tarde, o que leva ao absurdo de haver professores
que acabam de cumprir o seu tempo letivo às 15:00 e são obrigados a regressar à
escola para acompanharem o intervalo das 16:00 às 16:30, outros, cumprem o seu
dia letivo até às 16:00 mas têm que prolongar a sua estadia na escola até às
16:30, pelo mesmo motivo: acompanhar e vigiar os alunos no intervalo da tarde.
Assim, caros colegas do spgl, gostaria que me informassem das
diligências e ações que pensam desenvolver, pois já se está a passar muito
tempo e os professores nas escolas desesperam, em solidão, com tanta
arbitrariedade.
Cumprimentos
Jaime Crespo - sócio nº 62275
27.10.13
ALENTTERRA: VIII Passeio TT "À Descoberta do Concelho de Nisa"
Pelo 8º ano consecutivo,
o AlenTTerra vai organizar mais um passeio de jipes TT “À descoberta do
concelho de Nisa.
Sendo esta uma atividade já enraizada no clube AlenTTerra, e uma
das atividades que fez surgir o clube, este ano vai ser um ano de surpresas em
termos de percursos e de desafios.
O percurso escolhido nunca foi explorado e conta com a nossa
descoberta, sendo ele composto por um lado de pedra e por outro de muita lama.
Planeamos também diversas especiais com atoleiros onde a técnica do piloto
conta, mas para aqueles que não o quiserem fazer, para ele também haverá
surpresas.
Vamos assim passar em diversas localidades, como é o caso da
Póvoa e Meadas, Alpalhão, Gáfete e como não poderia deixar de ser Nisa.
Durante o percurso haverá tempo para tirarmos excelentes
fotografias e observar aquilo que de melhor a Natureza nos dá.
Este é acima de tudo um evento que prima pela gastronomia local,
pela boa-disposição, companheirismo e que procura corresponder junto dos
participantes num agradável dia de diversão.
MEMÓRIA(S) DE NISA: As Sortes
Há muita variação de “sortes”, mas aquela a que me refiro, não é
a parcela de terreno que herdámos dos nossos pais., ou aquelas que possuímos
após termos ganho na lotaria. Falo das “sortes”, desse acto em que todos os
jovens noutros tempos eram obrigados a participar: a chamada “inspecção
militar”.
As sortes realizavam-se todos os anos, na sede do concelho,
feita por meia dúzia de oficiais do Exército, que já nessa altura e para
impressionar, nos falavam asperamente, ao bom estilo da filosofia da tropa.
Ainda me lembro bem, foi num dia de Verão, em que parte da
rapaziada descobriu o seu corpo pela primeira vez, admirando ou gesticulando
este ou aquele que possuíam marcas de
nascença.
Os nossos pais e noivas aguardavam-nos, silenciosos, no Largo do
Município, para nos felicitarem ou chorarem a nossa “sorte”. Havia a guerra do
Ultramar e a fita vermelha na lapela do casado significava “Apurado” para todo
o serviço militar e depois, geralmente, a mobilização para as colónias.
Quase todos ficavam “apurados” nesse tempo. Os nossos pais, à
guisa de consolação, diziam-nos: “deixa lá, filho, a tropa fará de ti um
homem!”.
Alguns, poucos, saíam de fita branca. Ficavam “livres” do
serviço militar. Outros, ainda, com a fita verde, ficavam a aguardar, de
“espera”, ou por nova inspecção ou que a situação se resolvesse.
As “sortes” eram, apesar de tudo, uma festa. A Nisa chegava a
rapaziada de todo o concelho, em grupos, com um tocador de concertina à frente,
seguido da malta com fitas garridas e pandeiretas. Percorriam as ruas da vila,
entravam nas tabernas, cantavam e dançavam com uma tal alegria que não
adivinhava as horas de incerteza, de perigo e de sofrimento que a muitos
aguardava.
A rapaziada de Montalvão, todos de lenço ao pescoço, uniram-se a
nós, talvez por serem os mais amigos e juntos fizemos o percurso habitual dando
vivas e gritos de contentamento, próprios da juventude.
À noite era o “Baile das Sortes” e a primeira dança era
reservada apenas aos “sorteados”. O palco deste acontecimento era a sala ou o
quintal do “Benfica”, sempre cheio e a transbordar de gente. Para alguns
começava, nessa noite, a sua vida sentimental e aguardavam ali o “Sim ou o
“Não” do seu bem-amado, pois havia o uso e o costume de as raparigas começarem
a namorar a partir desse dia.
Hoje tudo parece ter mudado e já não se vê a concertina a tocar
pelas ruas e a rapaziada também já não vão à tropa. Os nossos pais, esses,
deixaram de chorar a nossa “sorte”, a par das raparigas, que agora são elas a
pedir namoro aos rapazes.
Recordações de um tempo, de mocidade e em que a juventude dava
largas à sua alegria.
António Conicha – Cantinho do Emigrante – Jornal de Nisa – nº 30
– 31 Março de 1999
25.10.13
NISA: O Povo é quem mais ordena!
São documentos "históricos", estas fotos que aqui apresentamos, tiradas na década de 80, quando a "Vila" ainda era o "Japan" e a ideia de "Centro Histórico" ou de "Bastide" não faziam parte da terminologia local.
O PREC e a Dinamização Cultural do MFA tinham ficado para trás.Mas, no alvorecer de um novo poder autárquico, foi dada primazia às reivindicações populares, ao contacto com o povo, à auscultação dos seus problemas e das suas aspirações. Sem grandes meios técnicos e tecnológicos, a convocação dos habitantes era feita porta a porta e, à noite, no largo principal da "Vila" (o Canto Poço) improvisava-se a "sala", cada um levava a cadeira de casa e completo o auditório, os autarcas expunham as suas razões. Ouviam também as dos moradores e, desta troca de opiniões, nasciam as ideias para os projectos e as intervenções.
Algo se fez no agora designado "Centro Histórico", mas este foi perdendo população, na proporção inversa em que apareceram normas técnicas, entraves burocráticos, leis e regulamentos de toda a espécie. Mexer numa "pedra" no Centro Histórico tornou-se no cabo das tormentas e a parte antiga da vila tornou-se, aos poucos, uma sombra daquilo que foi: ruas cheias de gente, pobre mas alegre, animação, vida.
Hoje, sobram os fantasmas. As casas fechadas, algumas entaipadas a cimento, edifícios com as frontarias a mostrarem as ruínas e mazelas dos interiores, edifícios públicos degradados, casas que foram berço de gente célebre sem uma pequena menção a dignificar-lhe a nobreza da sua origem.
Trinta anos depois, não será fácil devolver ao Centro Histórico algum do brilho que já teve. A excessiva burocracia, a teia de regulamentos e pareceres técnicos dependentes dos gabinetes de Évora, a falta de autonomia do poder local e de meios financeiros, constituem poderosos entraves à tão desejada intervenção de fundo. A reabilitação da "vila" é urgente. Pelo seu passado histórico e património, mas, sobretudo, pelas suas gentes e pelos afectos que continuam a partilhar num espaço que encerra as suas histórias de vida.
O povo é quem mais ordena. Façam-lhe a vontade!
Mário Mendes
24.10.13
Câmara Municipal de Nisa toma posição sobre “Possível” encerramento da Repartição de Finanças
A Câmara Municipal de Nisa, na primeira reunião após as eleições
de 29 de setembro, deliberou aprovar uma tomada de posição sobre o “possível”
encerramento da Repartição de Finanças do concelho de Nisa.
A tomada de posição, que a seguir se transcreve, foi aprovada
por unanimidade e subscrita por todos os eleitos da Câmara – Presidente Idalina
Trindade, Vice Presidente Sena Cardoso e Vereadores Vitor Martins, Fátima Dias
e José Dinis Semedo.
“Ao iniciarmos o desempenho de funções autárquicas no mandato
2013/2017, face à informação recente veiculada através dos meios de comunicação
social alegadamente suportada por declaração do Senhor Secretário de Estado dos
Assuntos Fiscais e do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos
sobre o iminente encerramento da Repartição de Finanças de Nisa no âmbito de um
plano de extinção que afetará 80% das repartições existentes no Distrito de
Portalegre, conscientes da nossa realidade marcadamente rural caracterizada
pelo minifúndio, população envelhecida com dificuldade de acesso a meios
alternativos tecnologicamente mais evoluídos, ausência de uma rede de
transportes públicos permanente (que dificulta o acesso rápido e rotineiro à
capital de distrito),
Considerando que no atual contexto de extinção do Tribunal
Judicial da Comarca de Nisa e dos recentes encerramentos das Extensões de
Saúde, a informação existente sobre a intenção de encerramento da Repartição de
Finanças constitui, a concretizar-se, mais um rude golpe da necessidade de presença
de serviços de proximidade de que as nossas populações carecem e provocará, por
consequência, mais um contributo para a desertificação do nosso território
concelhio, contra a qual constitui nossa intenção e ação enquanto
representantes dos nossos concidadãos, contrariar a todo o custo,
Não podemos concordar com tal intenção/decisão de encerramento
que não assegura a igualdade de tratamento devida aos cidadãos em matéria de
prestação de serviços públicos de qualidade e de proximidade - somos cidadãos
contribuintes como os demais portugueses, pagamos impostos como todos os
outros, não queremos ser excluídos em matéria de retorno dos nossos sacrifícios
fiscais, temos direito à coesão territorial e não nos conformamos com a
desertificação do modo rural!
Neste contexto, o executivo Municipal de Nisa delibera:
-Discordar em absoluto de qualquer decisão de extinção da
Repartição de Finanças de Nisa.
-Dar conhecimento desta tomada de posição a Sua Exa. Senhora
Ministra de Estado e das Finanças.
-Solicitar informação sobre a existência de algum estudo que
suporte a extinção da Repartição de Finanças no concelho de Nisa.”
HISTÓRIA - NIZZA: A origem dos nomes de algumas terras do Nordeste Alentejano
«Os Francezes , e os Hespanhoes, passaram o rio … no primeiro
deste mez, e no mesmo dia se rendeu a Cidade de Nizza, levanto o seu Magistrado
as chaves ao Infante D. Filipe. No dia seguinte começaram a bater o Forte de
Montalvam, que dista 16 mil passos de Villa-Franca e defende o porto da dita
Cidade»
Quem, em Portugal, lesse apenas este extracto de uma notícia
publicada pela Gazeta de Lisboa nº 20 de 19 de Maio de 1744, pensaria,
certamente, estar a ler um relato de um qualquer combate na região entre Nisa e
Montalvão. Na verdade, trata-se da região do Piemonte em Itália.
Vem isto a propósito da teoria, várias vezes difundida, que
Nisa, Montalvão e Tolosa, devem os seus nomes a colonos franceses que, em dada
época e no âmbito das políticas de repovoamento de Portugal, aqui se teriam
fixado. Assim, Nisa derivaria de Nice, Montalvão de Montauban e Tolosa de
Toulouse. A teoria até parece fazer sentido porque, na verdade, houve colonos
franceses que se fixaram em Portugal, nomeadamente na região de Montalvo, mas
tem um senão. Nisa, Montalvão e Tolosa existem em França, mas também na Itália.
Perante esta realidade teríamos que admitir que a origem dos
nomes destas terras portuguesas poderia ser, tanto francesa como italiana ou
espanhola, então que os nomes das localidades italianas e espanholas também
tiveram origem francesa.
Não sabemos o verdadeiro significado de Nisa ou Tolosa, mas
Montalvão é um aumentativo de Monte Alvo
(branco), tal como existe o diminutivo Montalvinho. Logo, em qualquer lugar
habitado por gente com língua de origem latina, era possível ter surgido, e de
forma independente, qualquer um dos nomes referentes a um monte branco,
possivelmente um monte sujeito a nevões.
Um bom exemplo do surgimento do mesmo nome em vários lugares e
países sem ligação entre si é o de Vila Franca, também referido na notícia da
Gazeta de Lisboa. Este nome existe em França, Itália e Espanha. Em Portugal
podemos apontar, entre outros, Vila Franca de Xira, do Campo, do Centro, do
Rosário, etc. Apesar do termo franca poder remeter para França (francos), a
verdade é que a sua origem deriva do facto de, nessas terras, se realizarem
feiras francas (livres).
Estamos pois, em crer que a teoria da origem francófona dos
nomes das terras do Nordeste Alentejano é, no mínimo questionável. Se, quanto a
Nisa e Tolosa, não há dados que permitam estabelecer, com segurança, uma
fundação anterior ao nascimento de Portugal, já
quanto a Montalvão não restam dúvidas de que o seu castelo existia já
durante a dominação árabe.
Em função do exposto parece-nos muito mais útil buscar uma
origem mais remota para estas localidades, com raízes no seu próprio povo, em
vez de duvidosas hipóteses migratórias.
Jorge Rosa
23.10.13
SALVAR O TEJO! VOGAR CONTRA A INDIFERENÇA
Que as nossas mãos unidas protejam o TEJO.
E digamos com Miguel Torga, porque os poetas sabem ver o
futuro
Recomeça
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
O Tejo merece!
Imagens da magnífica jornada em defesa do Rio Tejo, que juntou dezenas de cidadãos portugueses e espanhóis, no passado sábado, numa descida do rio em canoa, entre Vila Velha de Ródão e Arneiro (Nisa). Na Fonte das Virtudes foi lida e aprovada a Carta contra a Indiferença, documento que realça a importância do rio e "retrata" os principais atentados de que tem sido alvo, perante a complacência e o desleixo das entidades que tinham (têm) a obrigação de zelar por ele.
22.10.13
NISA: Primeira reunião da Câmara no novo mandato
A Câmara Municipal de Nisa realiza esta quarta-feira, dia 23, a sua primeira reunião ordinária do novo mandato 2013/2017, no auditório da Biblioteca Municipal com início às 14 horas e com uma Ordem de Trabalhos na qual constam seis pontos.
Talvez por ser a primeira ou por lapso, a OT não inclui o habitual espaço reservado à intervenção de munícipes, pormenor que, estou certo, não deixará de ser corrigido na própria sessão.
NR: A título pessoal, tomo a liberdade de sugerir/propor ao executivo recentemente eleito que, a exemplo do que sucede na Assembleia Municipal, o Período de Intervenção de Munícipes, passe a ser o primeiro ponto da Ordem de Trabalhos, estabelecendo para o efeito, algumas normas ou critérios, entre estes, a duração do tempo de cada intervenção.
21.10.13
“Terminou o ciclo da pedra, teve início o ciclo das pessoas” – Idalina Trindade, presidente da Câmara de Nisa.
A recém-empossada presidente da
Câmara Municipal de Nisa, Idalina Trindade, apelou à união e à participação de
todos os munícipes na vida local e prometeu muito trabalho para se poderem “encontrar
soluções para os problemas que enfrentamos e construir um concelho melhor”.
A autarca, no seu discurso de tomada de posse, passou em revista alguns dos principais problemas do concelho e lançou algumas pistas sobre o que será a actuação do executivo a que preside, visando debelar as situações mais gravosas e dar solução às inúmeras carências de que o concelho ainda padece, destacando a acção no plano social e o reforço de parcerias e dos laços de solidariedade activa com os municípios vizinhos, num discurso onde as questões do desenvolvimento local numa perspectiva regional e nacional não ficaram esquecidos. Melhor que a introdução, fica o discurso, "expurgando-lhe", naturalmente, as saudações às entidades.
"Nada nos fará esmorecer!
"Constitui para mim uma honra
enorme tomar posse para o exercício do mandato resultante das eleições de dia
29 de Setembro.
É com humildade que irei
representar a minha terra e a minha gente, mas será a força e a determinação de
sempre que irão alicerçar o muito trabalho que temos pela frente ao serviço da
promoção do bem estar da população do progresso do concelho de Nisa.
Temos consciência das
dificuldades que se irão atravessar no nosso caminho, surgirão contratempos,
problemas de resolução difícil em resultado da herança que hoje recebemos.
Mas nada! Mesmo
nada! Nos fará esmorecer!
A nossa energia, a nossa
dedicação, a nossa experiência, irão suplantar cada contrariedade ou cada
boicote que adivinhamos, irão surgir.
Porque a motivação para o
trabalho, o empenho, a sensatez e alguma inteligência, que sempre
caracterizaram a nossa acção laboral e política nos momentos difíceis,
reforçarão a legitimidade do voto que nos mandatou para iniciarmos um novo
ciclo de atitude, de afirmação do nosso concelho, dos nossos valores, dos
nossos elementos identitários, no contexto regional e no contexto nacional.
Porque
sabemos que é isso que o povo do concelho espera de nós!
Vamos pois encarar o futuro,
investidos da legitimidade democrática e soberana dos nisenses, para além das
nossas diferenças.
Responsabilidade de todos os eleitos autárquicos
É agora tempo de exercermos as
responsabilidades que nos foram confiadas, sendo certo porém, que essas
responsabilidades não assentam apenas sobre os ombros dos vencedores.
Antes abrangem também, e na mesma
medida, o papel de todos aqueles que se propuseram desempenhar funções
autárquicas dentro do concelho.
E por isso, o executivo municipal
não pode ser uma arena de prepotência nem de excesso de protagonismos, nem de
atropelos à liberdade e à cidadania numa lógica perniciosa em que as mais
elementares regras do poder local democrático se reduzam a palavras vãs.
Queremos
tolerância e respeito.
Queremos um órgão executivo que
pontue pela decência, pela compostura, pelo debate sereno das ideias, onde a
calúnia e o ataque pessoal não encontrem guarida e onde o objectivo único seja
a tomada de decisão, ao serviço do superior interesse do nosso concelho, sem
qualquer tique caciqueiro ou demagogicamente populista
Apelamos por
isso, a todos os eleitos da Câmara e, permitam-me, também da Assembleia Municipal
hoje empossados, que nos acompanhem neste desígnio: mesmo no calor da
argumentação política, é possível discordar sem sermos desagradáveis!
Participação activa da população e dos funcionários
Que este novo ciclo que hoje
iniciamos, seja o ciclo do respeito pelas diferentes opiniões, num espírito de
partilha do que cada um de nós tem de melhor para dar ao povo que nos elegeu!
Minhas senhoras e meus senhores:
Desejamos a
participação activa de todos vós!
Cada cidadão do concelho, sem
excepção, pode e deve contribuir com ideias e com projectos, pode e deve
contribuir com sugestões que melhorem a qualidade de vida da nossa comunidade,
também pode e deve contribuir, com reclamações quando entender que a razão está
do seu lado – este é o apelo que deixo à sociedade civil com quem me comprometo
a ser honesta e a quem devo ouvir e respeitar, e por isso, destinarei um dia
inteiro de cada semana, para audições aos munícipes do concelho porque também
me cabe, enquanto presidente de câmara, contribuir para a resolução de
problemas mais focados nas pessoas individuais trazendo, na medida do possível,
um pouco de felicidade à vida dos nisenses.
Queremos dar testemunho de uma
forma diferente de desenvolver trabalho autárquico, desde logo também pelo
respeito que devemos a todos quantos trabalham na Câmara Municipal de Nisa,
funcionários e colaboradores.
Queremos que se sintam
(reafirmamos-lo hoje aqui) os principais obreiros das realizações municipais.
Sabemos que precisam de
estímulos, de orientações e de um ambiente de trabalho sadio em que à exigência
de maior responsabilidade e mais resultados, correspondam equidade de
tratamento e clareza funcional, numa estratégia de missão municipal que os
envolva e que os faça sentir parte da solução e portanto, úteis em termos
profissionais.
Por isso, tudo farei, para que ao
mero cumprimento de um horário, possam somar mais realização humana dentro da
estrutura orgânica do município, granjeando naturalmente, o reconhecimento dos
munícipes e a satisfação pessoal do dever cumprido!
De todos e de cada funcionário e
colaborador em particular, se espera competência, lealdade e colaboração para
além dos mínimos exigíveis, porque igualmente exigentes são os desafios que
juntos temos pela frente!
O meu acompanhamento não se
limitará ao trabalho de gabinete, estarei próxima de vós, espero que todos
estejam próximo de nós!
Cooperação permanente com todas as freguesias
A presidente da Câmara de Nisa
estará no terreno, visitando as freguesias, ouvindo as opiniões das pessoas,
das instituições e das associações.
Saberá sempre reconhecer o papel
relevante dos presidentes das juntas de freguesia, não os desprezando e
realizando iniciativas e investimentos em estreita colaboração com cada um
deles, porque existem todas as razões, até prova em contrário, para que
mereçam, da nossa parte um relacionamento de proximidade.
Caros concidadãos, povo do meu
concelho, gente da minha terra:
Temos um compromisso político
para os próximos 4 anos – terminou o ciclo da pedra, teve início o ciclo das pessoas.
Espero contar com o contributo de
todos na aplicação do programa eleitoral maioritariamente sufragado em
eleições: - uma Câmara Municipal ao serviço
de todos os cidadãos do concelho,
valorizando as pessoas da nossa
terra!
Este, será sempre o mote do nosso
desempenho!
Desde logo, a nossa particular
atenção, plenamente justificada no contexto de crise pantanosa em que nos
encontramos mergulhados, para as franjas sociais mais vulneráveis, as crianças
e os idosos
Ontem, assinalou-se o dia da
erradicação da pobreza – no interior do país existem cada vez mais casos de
carência económica, e o nosso concelho, não constitui excepção a este flagelo.
Devemos pois pontuar pela
presença e pela sensibilidade social onde a administração central falha e
parece assumir de forma deliberada, o empobrecimento crescente do nosso povo,
num tique neo-liberal fundamentalista que consiste na manutenção de um número
considerável de pobres para justificar a exibição da caridade dos ricos…
Os valores do humanismo e da
solidariedade, sempre determinaram a nossa acção cívica, e disso, fomos dando
exemplo no decurso do mandato de vereadora que hoje cessou, quer propondo, quer
votando favoravelmente apoios às instituições de solidariedade social do
concelho, independentemente da cor política dos seus dirigentes
também não nos arrependemos,
antes pelo contrário, de termos proposto a aquisição pela Câmara Municipal de Nisa,
dos manuais escolares para todas as crianças que integram o 1º ciclo do ensino
obrigatório no nosso concelho, bem como o fornecimento de refeições gratuitas
aos alunos abrangidos pela acção social escolar e não apenas o pagamento de
50%, como vinha acontecendo até ao início deste novo ano lectivo!
Mais atenção aos problemas sociais
Mas pretendemos ir mais além em
matéria de política social, pese embora as limitações do novo Orçamento de Estado
que reduzirão substancialmente as transferências para a administração local e
pese embora o novo regime financeiro das autarquias locais que vigorará a
partir de 1 de janeiro de 2014 – assim permita a situação financeira do
município de Nisa, cujos contornos reais só conheceremos com exactidão e
actualidade após entrada efectiva em funções.
Queremos criar a oficina móvel
social municipal. Apoiar os idosos na aquisição de medicamentos através do
cartão do idoso. Envolver os técnicos de serviço social do município numa
equipa multidisciplinar a trabalhar em rede com as IPSSs na prevenção de
situações de exclusão e no diagnóstico de eventuais casos de extrema
necessidade de comparticipação financeira nas prestações em lares de terceira
idade.
Queremos recuperar os edifícios
que são propriedade do município, em pleno centro histórico, e arrendá-los em
regime de renda apoiada e neles instalar sedes de associações culturais e oficinas
tradicionais
O estado de degradação em que se
encontram, não é compatível com o nível de exigência da câmara municipal
perante os cidadãos, em matéria de taxas e licenças e outros procedimentos
urbanísticos, porque um centro histórico abandonado por quem tem o principal
dever de conservá-lo, não estimula a dignidade de quem nele habita, não atrai
residentes, não atrai visitantes….
Preocupa-nos, a sangria de gente
e a ausência de horizontes profissionais no território concelhio, perdemos mais
de 700 eleitores entre as duas últimas eleições autárquicas não temos varinhas
de condão para resolver em 4 anos os problemas de décadas.
Assumir a defesa do interior e da ruralidade
Mas não acompanhamos, outrossim
nos demarcamos claramente daquilo que tem sido uma espécie de cruzada contra o
interior e a ruralidade de que os sucessivos governos nacionais têm dado
exemplo através do encerramento de serviços públicos como as extensões de saúde
e as mais recentemente anunciadas extinções do tribunal judicial e da
repartição de finanças como se fossemos todos nós cidadãos de 3ª categoria
destinados ao conformismo da má sorte de termos nascido em Nisa...
Não, não nos conformamos, e
seremos uma voz reivindicativa do nosso direito à coesão social e económica
entre territórios do litoral e do interior, porque é aqui que estão as nossas
raízes, porque estas são as nossas terras!!!
Devemos por isso, promover o
nosso potencial diferenciador no quadro da região e do país, reivindicar o
endosso de investimento público com repercussão directa e imediata no tecido
social, desde logo no contexto do Plano Director Municipal cuja revisão é
urgente, bem como no âmbito da próxima contratualização emergente do novo QREN
através da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo.
Queremos, ser agentes proactivos
na construção de parcerias que envolvam municípios vizinhos que a natureza
separou através dos rios Tejo e Sever, quer através do Geopark Naturtejo quer
através de uma profícua relação institucional transfronteiriça, devemos
ultrapassar constrangimentos e debilidades, articulando objectivos e
iniciativas convergentes, de sustentabilidade mais eficiente porque partilhadas
entre instituições e comunidades supra concelhias e/ou supra nacionais.
Pensamos que uma solução para
reabilitação dos escombros que restam da ex-albergaria Penha do Tejo terá
porventura que ser equacionada neste contexto.
Enfrentar e resolver os "elefantes brancos"
Minhas senhoras e meus senhores
Não podia terminar sem uma
referência inequívoca àquele que se nos afigura ser o dossiê mais nebuloso que
acabamos de herdar – o Complexo Termal da Fadagosa de Nisa.
Foram expressamente inscritas no
orçamento do ano económico em curso, as verbas necessárias à
liquidação/pagamento das dívidas aos fornecedores da empresa municipal Ternisa,
cuja falência se adivinhava face à estrutura de custos exorbitantemente
superior às receitas reais arrecadadas.
Desconhecemos a existência de
qualquer transferência financeira conforme aprovado em orçamento, para tal fim.
Iremos, naturalmente, assumir
como prioritária a realização de um diagnóstico claro e exaustivo relativamente
à situação organizacional, funcional e contabilística do complexo termal e
encontrar no curto prazo e no quadro legal em vigor, as soluções possíveis para
dar um rumo adequado ao potencial das valências e equipamentos existentes, sendo
certo porém, que à recente internalização da actividade por parte do município,
se torna imperioso suceder o funcionamento do mercado em moldes empresariais,
naturalmente salvaguardando a afectação dos postos de trabalho existentes e
replicando mais, para dar resposta à necessidade de absorção de mão da obra
jovem disponível e qualificada existente no concelho.
Desejamos, com igual prática de
rigor e transparência, colaborar enquanto parceiro associado, atuante e
vigilante na salvação do que resta da Associação de Desenvolvimento de Nisa, e
resta uma enorme confusão de funcionários resistentes à falta de pagamento de
salários e um passivo superior a 1 milhão de euros…
Encerrar o "ciclo da pedra", abrir o "ciclo das pessoas"
O nosso compromisso neste
momento, e face a cenários caóticos, porventura com indicadores bem piores do
que os resultantes do diagnóstico conhecido, quer ao nível interno do
município, quer nos domínios da sua interacção com instituições colaterais, e
uma conjuntura económica adversa,
O nosso compromisso só pode ser
um:
Trabalhar com rigor,
Trabalhar com lucidez e às claras
Trabalhar com exigência
Trabalhar com espírito de equipa
e de partilha
Trabalhar com paixão pela nossa
terra, e com carinho pelas gentes da nossa vila e das nossas aldeias
Não há milagres….!!!!
É preciso força e ambição
É preciso iniciativa privada,
actividade económica.
Queremos, dar passos maiores na
atracção cultural, no turismo e nos produtos locais, acrescentar-lhes valor
através da marca “Nisa” que até hoje não passou de um eufemismo.
Precisamos, de procurar novos
negócios, mais atractividade económica para existir mais riqueza, só assim a
presença humana dos nossos jovens encontrará estímulos e respostas.
É esta a minha ambição como
presidente da Câmara, estabelecer bom relacionamento com os vizinhos autarcas,
participar na construção dos interesses regionais capitalizando os recursos do
novo QREN e porque não uma Agência de Investimento para o Alentejo?
Queridas amigas, queridos amigos,
a nau é grande, a nossa terra vive dificuldades, mas sobra-nos em força
combativa e em esperança, falando grosso se preciso for, para a conduzir a bom
porto!!!
A partir de agora, vamos
encontrar soluções para os problemas que enfrentamos e construir um concelho
melhor!
Assim será, se todos quisermos!
Viva o concelho de Nisa!"
* Intertítulos da responsabilidade da redacção
NR: Publicamos o discurso na íntegra, para servir como documento de reflexão, de comparação e exigência quando, daqui a quatro anos, novas eleições se perfilarem no calendário autárquico.
NR: Publicamos o discurso na íntegra, para servir como documento de reflexão, de comparação e exigência quando, daqui a quatro anos, novas eleições se perfilarem no calendário autárquico.
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