6.10.12

Opinião: OS DIAS INQUIETOS DA REPÚBLICA


Do melhor povo do mundo.
O insólito aconteceu esta manhã (5 de Outubro), na cerimónia oficial, das comemorações da implantação da República, no hastear da bandeira nacional, Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, fez subir no mastro a bandeira nacional, ao contrário ("de pernas para o ar").
Todos já sabemos que Cavaco Silva, tem uma forma peculiar de falar aos portugueses, sempre através de enigmas, ou com "tabus", ou ainda com a boca cheia de bolo-rei, mas enfim, mandar uma mensagem assim, através de um dos símbolos da nação, nem ao careca lembrava. E os símbolos têm o seu significado, e o seu valor, por mais que não queiramos, e neste caso, a bandeira ao contrário é sinal de socorro e ajuda.
Um dos símbolos da nação, a bandeira nacional, com uma das partes de cor verde-escuro, que representa a esperança e a liberdade, e com a outra de vermelho-escarlate, que simboliza o sangue derramado pelo povo ao longo da sua história, no centro com uma esfera armilar de cor amarela, que representa os descobrimentos, na qual se sobrepõe um escudo de armas maior de cor vermelha, com sete castelos dourados, que lendariamente simbolizam as cidades fortificadas tomadas aos mouros, por D. Afonso III, com um outro escudo mais pequeno de fundo branco e cinco escudetes (quinas) azuis, dispostas em cruz, com cinco pontos (besantes) cada, que lendariamente simbolizavam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques derrotou, na Batalha de Ourique, que tem como representação o nascimento da nação.
E isto tudo meus amigos, ficou de "cabeça para baixo", sinal dos tempos, dos dias inquietos desta República, uma República velha, caduca, sem vigor, que não se soube renovar, que espera por momentos e movimentos novos, que mais dia, menos dia, irão certamente chegar, esperemos que de forma correta e dinâmica.
No "país ao contrário", encontramos um primeiro-ministro a fugir do seu povo, refugiando-se no estrangeiro, junto aos seus "amigos da coesão", enquanto a nação celebra o seu regime, mas os políticos que por cá ficaram, também eles não quiseram misturas com a "ralé", e vai de cá, juntaram-se todos às escondidas, no Pátio da Galé, «mais resguardado» e mais adequado a uma época marcada por manifestações populares, para longe e escondidos, possam festejar, a velha república, que dá sinais de pouca vida.
Na incerteza dos dias que passam, a República, repousa na sombra do mastro, olhando o mar, ouvindo as palavras duras e sempre certeiras do Bispo do "povo", do homem do norte, D. Januário Torgal, que a propósito das palavras mansas do Ministro Gaspar, que nos alimenta com a deliciosa frase "os portugueses são o melhor povo do mundo", na boa maneira "salazarista", e na falta de oposição, é ele que nos diz que este governo "monta os burros da feira e depois diz que são bestiais. Nem andam a zurrar, nem a levantar as patas. Fazem para aí uns barulhos estranhos de vez em quando, mas aceitam tudo. São o melhor povo do mundo."
Dias inquietos, numa República ao contrário.
5 de Outubro de 2012.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO