4.10.12

NISA: Memórias da Revolução (1)

Em 29 de Setembro de 1974, ano da "Revolução dos Cravos", o semanário progressista "A Rabeca", de Portalegre fazia eco de algumas das principais reivindicações das aldeias do concelho de Nisa.
A notícia, refere-se à povoação de Monte Claro e foca alguns problemas e necessidades da época, problemas esses que, actualmente - passados quase quarenta (40) anos  - ainda não estão satisfatoriamente resolvidos e, no caso da saúde, agravaram-se.
Monte Claro tem hoje uma rede de águas e saneamento é certo, ainda que a qualidade da primeira deixe muito a desejar. As ruas estão calcetadas, melhoraram-se muitos acessos e o cemitério foi transferido para fora da povoação.
A  escola, como outras do concelho, foi desactivada e transformada em Centro Social. A aldeia perdeu população e hoje são poucas as casas habitadas. O progresso chegou, tal como a outras aldeias e vilas do país, tarde de mais.
Criaram-se as infra-estruturas indispensáveis, mas os "filhos da terra", demandaram outras paragens, no país ou no estrangeiro, em busca de melhores condições de vida.
Os que ficaram, idosos, muito idosos, na sua maioria, necessitam dos cuidados médicos e de saúde indispensáveis e a que têm direito depois de uma vida insana de trabalho e canseira.
Foi isso que lhes prometeu a "Revolução de Abril". É isso que falta cumprir. No concelho de Nisa e em todo o país, numa altura em que o governo dos banqueiros e troikanos se prepara para dar a machada final no que resta do Serviço Nacional de Saúde.
Público, universal e gratuito, tal como o idealizou António Arnault.
Por essas e por outras é que alguns franco-atiradores terão, inevitavelmente, de "pagar as favas"!
Mário Mendes