"O maestro António Charrinho tem sido o pilar desta colectividade" - João Maia, presidente da direcção
João Manuel Palheta Maia, o presidente da direcção da Sociedade Musical Nisense é músico desde que a banda foi reactivada há 30 anos. Sobre o significado desta comemoração, considera-a "um marco porque são muitos anos, com altos e baixos é certo, continuamos a formar jovens e a ensinar-lhes não só os fundamentos da música, como também incutir-lhes noções de sentido de responsabilidade, partilha e respeito. Temos muita gente, felizmente, muitos jovens, mas o grupo de executantes da Sociedade Musical Nisense prima por ser heterogéneo e nesta grande escola que é a música todos aprendemos uns com os outros.
O grande pilar deste "edifício" com 30 anos tem sido o maestro António Maria Charrinho. A SMN tem neste momento dois grupos, a banda com 52 elementos e a Filarmonisa (grupo de metais) com 8 executantes.
Formação é a base do sucesso
É através da formação que a banda da Sociedade Musical Nisense garante o prosseguimento da sua actividade.
"Os 52 elementos da banda vieram todos da formação e a escola de Música é, neste momento, um sucesso", garante-nos João Maia. O ano passado tivemos 20 meninas na aprendizagem e hoje já tocam na banda. Este ano irão entrar mais crianças, a partir dos 6 anos. O ensino é grátis e facultativo, pedimos a colaboração dos pais na fase em que as crianças precisam de adquirir instrumentos."
Tanta música para espaço tão pequeno
As instalações acanhadas em que a Sociedade Musical Nisense desenvolve a sua actividade, tem sido o maior problema dos seus dirigentes. Funcionam num anexo do Cine Teatro de Nisa, num espaço que serve para ensaios, secretaria e arrecadação de instrumentos. Há anos que procuram dotar a colectividade de instalações condignas e através da Câmara chegou a avançar-se para a elaboração de um projecto para a construção de um edifício, na Urbanização das Amoreiras, solução que, face aos custos (600 mil euros) e a indefinições várias, teve de ser abandonada.
"As instalações são, de facto, o nosso "calcanhar de Aquiles" , confessa o presidente da SMN. "Temos esperança de que, com a construção do novo centro escolar, fiquem vagas algumas instalações e nós possamos aí instalar a sede da colectividade.
À parte esta situação que nos preocupa, a Sociedade Musical Nisense vive da quotização dos 420 associados, contamos com um apoio camarário de 800 euros mensais, este ano será um pouco menos e com apoios de outras entidades como sejam as juntas de freguesia do concelho, Inatel e também promovemos a auto sustentabilidade através da participação em espectáculos e festas.
São estes apoios que nos permitiram a aquisição de uma carrinha de 9 lugares, com um custo de 18 mil euros, e dar continuidade à Escola de Música. Temos o sonho de tentar criar em Nisa uma Academia de Música que não se restringisse, apenas, aos instrumentos "tradicionais" das bandas, mas contemplasse outras variantes como o piano, o violino, a viola, etc. O prestígio que alcançámos na formação inicial de muitos músicos que hoje se destacam, como instrumentistas de mérito e de direcção em muitas formações musicais superiores do país, justifica, plenamente, esta ideia que, por enquanto, não passa de um "sonho".
Para isso, precisamos de espaços adequados para proporcionarmos boas condições. Entretanto e porque "o sonho comanda a vida" temos como projectos a edição de um novo CD com músicas originais de António Maria Charrinho e a edição de um livro com toda a história da Banda de Nisa."
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 17/10/2012