Este fim-de-semana Alpalhão esteve em festa. As comemorações dos 500 anos da atribuição do Foral Manuelino, organizadas pela Associação de Jovens de Alpalhão (AJAL), pela Liga de Amigos de Alpalhão (LIAAL) e pela Junta de Freguesia, com o apoio da Câmara de Nisa, mobilizaram a população, que saiu à rua e recordou o passado, abraçando a história de Alpalhão.
As comemorações arrancaram ainda na noite de sexta-feira, com uma arruada medieval, mas foi no sábado que tiveram a sua verdadeira expressão. Ao início da tarde, João Moisés, ladeado por Gabriela Tsukamoto e Manuel Bichardo, descerrou a placa evocativa dos 500 anos do Foral.
Seguiu-se um desfile pelos locais históricos da vila, ao som da Banda Filarmónica de Alpalhão.
O percurso terminou no Centro de Lazer, onde teve lugar um colóquio subordinado ao contexto histórico do Foral de Alpalhão, apresentado pelo professor João Cosme.
As comemorações terminaram ao final da tarde, depois de uma recriação histórica no centro da vila, um dos momentos altos dos festejos, que contaram com uma grande adesão por parte da população da vila.
Mais do que uma festa, a efeméride mostrou ser também um momento de reflexão. João Moisés, presidente da Junta de Freguesia, não escondeu a preocupação com a perda de população, comércio e serviços registada nos últimos anos.
«Artes e ofícios vão acabando. Por este caminho, qualquer dia os nossos concelhos são um grande lar da terceira idade», referiu, salientando que quem nos governa «não se pode esquecer que aqui também é Portugal».
Também Gabriela Tsukamoto criticou a forma com o Poder Central tem olhado para o Interior. De acordo com a edil nisense, «os forais visaram o desenvolvimento do Interior» e hoje, centenas de anos depois, «assiste-se a uma política diferente, de encerramentos e extinções».
«Precisamos que todos percebam os perigos que estamos a correr com estas políticas. Sozinhos não conseguiremos lutar, precisamos de ajuda de todos», declarou a autarca, que teceu vários elogios à população de Alpalhão.•
Um tributo a António Grave Caldeira
Nos momentos que antecederam ao colóquio, João Tavares Mourato, da LIAAL, prestou um tributo ao falecido António Grave Caldeira, «um grande amigo de Alpalhão». Emocionado, João Tavares Mourato recordou as qualidades humanas e intelectuais do falecido amigo, e a forma apaixonada como tentava dinamizar Alpalhão.
Ainda antes de pedir um minuto de silêncio em homenagem a António Grave Caldeira, o responsável lembrou que foi ele o mentor do colóquio e das comemorações.
in "Alto Alentejo" - 17/10/2012