1.10.12

ALPALHÃO: A MORTE DE MANUEL CHAMBEL

Partiu um homem bom e dedicado à sua terra -
Manuel Cordeiro Chambel faleceu no passado dia 11 de Setembro, em Alpalhão, terra e freguesia a que dedicou o melhor de si.
Manuel Chambel foi presidente da Junta de Freguesia durante três mandatos e ao longo de 12 anos (1985-1997), tendo desempenhado as suas funções com elevada competência e espírito de bem servir.
Eleito pelo PSD, Manuel Chambel não era, em boa verdade, um político, na real essência da palavra. Considerava-se, antes, um autarca e um servidor do povo da sua freguesia que por três vezes o elegeu, sem margem para dúvidas.
Era um homem de poucas palavras, que privilegiava a acção em detrimento do discurso e da propaganda política. Punha os interesses de Alpalhão acima de tudo, até, muitas vezes, da sua própria vida pessoal e familiar.
A dedicação à sua freguesia e a resolução dos problemas do dia-a-dia que lhe eram solicitados pela população, encontraram sempre em Manuel Chambel uma resposta pronta, atenciosa e eficaz, muitas vezes recorrendo aos seus próprios meios para acudir a esta ou aquela situação mais delicada.
Sei do que falo. Por diversas vezes encontrei o presidente da Junta trabalhando ao lado de outros funcionários da autarquia, ou utilizando a sua camioneta, equipamentos e ferramentas, quando por parte da Câmara não lhes eram satisfeitos os pedidos que fazia.
Não deixava que a falta de material ou equipamentos impedisse a realização da obra que previamente tinha programado.
Na já extensa galeria de autarcas de freguesia do concelho de Nisa, eleitos a seguir ao 25 de Abril, o nome de Manuel Cordeiro Chambel, presidente da Junta de Freguesia de Alpalhão, reluz e reluzirá, intensamente, como a figura de um homem sério, dinâmico e empenhado na valorização da sua terra e por consequência do concelho a que pertencia.
A política pouco lhe dizia, o que o movia era o amor à "pátria alpalhoeira", a vontade de ser útil aos seus concidadãos, de resolver os problemas e engrandecer a freguesia.
Manuel Cordeiro Chambel partiu, Alpalhão fica mais pobre e dele, do autarca e cidadão que soube servir sem nunca se servir, se poderá dizer que morreu um cidadão íntegro e um exemplo que deveria ser seguido por todos os governantes, ministros ou autarcas.
Servir foi o seu lema, dedicação e seriedade a sua linha de conduta.
Merecia uma homenagem mais sincera e mais profunda de todos os alpalhoenses, do que aquela que lhe foi prestada na derradeira despedida.
Partiu do nosso convívio um homem bom. Conheci-o bem e desse convívio ficar-me-á, retida na memória, a grata recordação de um tempo em que as pessoas ainda se moviam por ideais.
Paz à sua memória!
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 26/9/2012