Jorge L., militar do Exército, de 27 anos, violou uma mulher durante hora e meia com tal violência que ela teve de ser submetida a uma cirurgia, filmou o ato e partilhou a gravação num grupo privado de amigos no WhatsApp. Em primeira instância, foi condenado a sete anos e meio, em cúmulo jurídico, por violação e devassa da vida privada. Recorreu e três juízas do Tribunal da Relação de Coimbra baixaram agora a pena para sete anos de prisão, conforme o JN noticiou sábado. O crime de violação agravada tem uma moldura penal de dez anos, sublinhe-se.
Um videojogo, com o lema “torna-te o pior pesadelo
das mulheres”, esteve disponível na maior plataforma de jogos do Mundo. Após
forte polémica, a Zerat foi obrigada a retirá-lo com uma reação tão infame como
o produto que promovia: pede desculpa a quem considera que “o jogo não devia
ter sido criado”, mas apela a maior abertura “aos fetiches humanos que não
prejudicam ninguém, mesmo que pareçam nojentos”.
Três influenciadores (dois menores)
filmaram-se, em fevereiro, a violar uma rapariga de 16 anos em Loures. Antes de
ser retirado, o vídeo que partilharam numa rede social teve 32 mil
visualizações – ninguém denunciou o caso às autoridades. A vítima foi parar ao
hospital e os agressores acabaram por ser detidos. O juiz libertou-os, não os
colocou em centros educativos nem os proibiu de manter as contas nas redes
sociais onde têm milhares de seguidores.
Estes três casos são demonstrativos não só da
masculinidade tóxica – designação moderna para o eterno machismo – como da
permissividade com que a sociedade em geral e, pior, o sistema judicial encaram
a violência contra as mulheres. Numa altura em que as agressões sexuais
aumentaram 10%, é imperativo dar sinais claros para travar esta epidemia. Temos
de ser intolerantes com a violência de género e exigir penas pesadas para os
homens que odeiam as mulheres.
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Helena
Norte – Jornal de Notícias - 13 abril, 2025