18.4.25

NISA: Conheça os poetas do concelho (XXIII) - Carlos Tomás Cebola

 
Abril 

Era uma vez, num país distante,

que ficava muito para além do mar,

onde o sol era um pássaro errante

e as rosas desabrochavam, ao luar.

Onde a água, nas fontes, murmurava

canções de amor e de bem-querer

ao ouvido de quem se debruçava,

nelas, para beber.

Onde as estradas eram avenidas

bordadas de miosótis e alecrim

e, em cada recanto,

havia esculpidas

estátuas de jade e de marfim.

Onde a noite, sempre que caía,

abria,

generosa, as mãos e delas

escorregavam miríades de estrelas

tão brilhantes, tão luzentes,

que o tombar da noite parecia

o reacender de um arrebol,

pois até a doce cotovia

entrava em dueto com o rouxinol

julgando que era já dia

e que a luz, que, então, havia,

era a luz do próprio sol.

Onde as árvores, em profusão, plantadas

(cada canteiro tinha mais de mil)

estavam, sempre, em flor,

lançando no ar lavado,

o perfume delicado

da beleza e da cor.

 

Era uma vez... E era, outra vez, Abril.

Carlos Tomás Cebola