25.10.24

OPINIÃO: Segurança urbana

Os factos passados numa zona periférica de Lisboa mostraram excessos de insegurança assustadores. Nada de novo para quem segue estas disfunções urbanas, mas sinal de alarme para o quotidiano e futuro das grandes cidades. Periferias que cresceram e crescem sem estruturas urbanísticas pensadas e onde as disfunções físicas e sociais são semente de segregacionismos. Recordo tempos de juventude em que a segurança noturna da cidade se fazia pelo velho “guarda noturno”, geralmente “reformado” da polícia que percorria as ruas e assegurava tranquilidade funcional e social. Aquilo que parece hoje não garantirem as câmaras espalhadas pelos espaços públicos, cada vez mais elementos de vigilância de que desconfiam os cidadãos. A questão é, antes de mais, política, pois são os políticos que escolhemos para nos governar que traçam o quadro em que se organiza a vida pública e as instituições de segurança do País e da Cidade. Cada governo que sai deixa um rasto de promessas não concretizadas que todos querem resolvidas no “dia seguinte”, quando este deveria ser para refletir e agir com sentido de Estado, ou seja, lucidez e serenidade para pensar o Futuro de todos a longo prazo e não o que parece resultar melhor para o seu grupo de interesses. A segurança urbana requer isto: pensar o assunto, das polícias e sua organização e função e das periferias da urbe e sua estruturação física e social como um todo a prazo e não como um “jogo de pequenos brindes” que parecem resolver o problema mas deixam tudo pior. O Futuro só melhora se houver lucidez a coragem para assumir os problemas de frente! • Gomes Fernandes , Arquiteto e professor In Jornal de Notícias – 24 Outubro 2024