7.10.24

GAZA: Um ano de genocídio em números

Desde o ataque do Hamas há um ano, o exército israelita matou mais de 41 mil palestinianos e fez cem mil feridos. 90% da população de Gaza foi obrigada a sair de casa e 93% sofre de insegurança alimentar. Há 70 mil habitações e muitas infraestruturas de saúde, rodovias, de produção agrícola e pecuária destruídas. O genocídio em Gaza começou há um ano. Desde então, nos últimos números que disponibiliza, o Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, OCHA, contabiliza 41.689 palestinianos mortos neste território, para além de 695 na Cisjordânia e cerca de mil em Israel. O número de feridos em Gaza chega aos 96.625. A Al Jazeera, que mantém uma atualização permanente dos dados com base no Ministério da Saúde das autoridades de Gaza, apresenta números ligeiramente mais altos: 42.511 palestinianos assassinados por Israel, mais de 96.794 feridos, e mais de 10.000 desaparecidos. De acordo com o OCHA, entre as vítimas mortais, 11.355 eram crianças, 2.955 eram idosos e 6.297 mulheres. Foram mortos pelo exército sionista também 304 pessoas que trabalhavam na assistência humanitária, muitos dos quais enquanto prestavam auxílio, 986 pessoas que trabalhavam no setor da saúde e 174 jornalistas ou outros trabalhadores de meios de comunicação social. Para além das vítimas mortais, há também jornalistas detidos, segundo o Comité para a Proteção dos Jornalistas. Em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, foram 66, 48 dos quais continuam presos. Sublinhe-se que muitos (225) dos trabalhadores humanitários mortos pertenciam à UNRWA, agência da ONU para os Refugiados Palestinianos. Para além disso, foram assassinadas pelo menos 563 pessoas nas 190 instalações desta instituição que foram alvos de ataques.
As estimativas apontam ainda para mais de 70.000 habitações destruídas e 1,9 milhões de pessoas que foram obrigadas a sair de onde viviam. Isto significa 90% da população daquele território. O exército israelita tinha, a 2 de outubro, emitido ordens de evacuação que abrangiam 86% da Faixa de Gaza. Assim sendo a população não tem para muito onde fugir. Para além disso, nota a Al Jazeera, as ordens de evacuação são confusas. Com inconsistências entre as publicadas online e as que são dadas através do lançamento de panfletos. E é difícil traçar rotas de fuga sem acesso a mapas e informação online devido aos cortes de Internet e eletricidade. Um futuro trabalho de reconstrução desta infraestrutura será imenso já que se calcula que mais de 60% das casas de habitação foram danificadas e 80% das instalações comerciais. Também desapareceu 68% da rede rodoviária. No imediato, a insegurança alimentar atinge 93% da população. Nos níveis considerados mais elevados, há cerca de 745 mil no nível de “emergência” e 495 mil no nível “catastrófico” segundo as métricas internacionais da IPC, a Classificação Integrada por Fases de Segurança Alimentar. Há 346 mil crianças com menos de cinco anos e 160 mil mulheres grávidas ou a amamentar sem acesso aos nutrientes considerados mínimos. As perspetivas de conseguir providenciar alimentação sem apoio externo são limitadas já que perto de 70% da frota pesqueira foi destruída, 68% das colheitas e 33% das estufas deixaram de existir e entre 60 a 70% dos animais destinados ao consumo de carne ou à produção de lacticínios foram mortos. E a ajuda alimentar imediata ou é impedida devido às ações de guerra de Israel ou nem sequer chega a entrar no território. O número de pessoas que não receberam rações de alimentação chegou, em setembro, a mais de 1,4 milhões. Isto enquanto há mais de 100.000 toneladas métricas de bens alimentares à espera de entrar em Gaza. Na Faixa de Gaza há 625 mil crianças e jovens em idade escolar sem acesso a qualquer nível de educação formal. 419 trabalhadores escolares foram mortos e 2.463 professores feridos. Pelo menos 87% da infraestrutura escolar foi destruída ou necessita de profundas obras de reabilitação. Houve pelo menos 71 escolas destruídas e 48 outras que perderam pelo menos metade das suas estruturas. Já para não falar das 161 escolas da UNRWA que foram atingidas, 86,1% do total destas. Registam-se ainda 17.000 crianças desacompanhadas na Faixa.
A infraestrutura de saúde também foi fortemente atingida. 19 hospitais estão inoperacionais e só 56 em 131 centros de saúde continuam (parcialmente) funcionais. As condições de prestação de cuidados de saúde continuam a deteriorar-se, de acordo com a ONU, e há 12.000 doentes que precisam de uma evacuação médica que lhe continua a ser negada. A Cisjordânia também está sob ataque Menos atenção tem merecido a situação na Cisjordânia mas a ONU regista aí também uma intensificação da repressão sionista na última semana de setembro. Nesse período de tempo, três palestinianos foram mortes e 109 feridos, entre os 58 crianças. Desde 7 de outubro, nesta zona da Palestina e em Jerusalém Leste foram já mortos 695 palestinianos. A maior parte pelo exército israelita, 12 por colonos. Estes, só na última semana do mês passado, realizaram 15 ataques, deixando 16 feridos, cinco dos quais crianças. Isto faz com que tenham chegado a 1.423 os ataques de colonos neste território. E com que tenha havido desde então 5.750 feridos. Para além disso, as forças israelitas demoliram ou obrigaram à demolição de 32 infraestruturas palestinianas durante a última semana de setembro, passando assim a, num ano, ter destruído ou confiscado 1.768 estruturas na Cisjordânia, obrigando 4.555 palestinianos, 1.910 dos quais crianças, a deslocarem-se dos sítios onde viviam. No clima de violência causado pelos colonos sionistas e sem certezas quanto à autorização das autoridades israelitas, os trabalhadores humanitários no local preparam-se para proteger os trabalhos de colheita da azeitona. Na época de colheita do ano passado, os agricultores palestinianos perderam mais de 1.200 toneladas métricas de azeite devido às restrições de acesso implementadas por Israel. In www.esquerda.net - 06 de outubro 2024