5.10.24
OPINIÃO: Pela República
Em 5 de Outubro de 1955 a Comissão para as comemorações do 45.º aniversário da Proclamação da República publicou um manifesto escrito pelo notável ensaísta e jornalista Ramos de Almeida, vulto destacado da Oposição à Ditadura.
Integravam a Comissão figuras do republicanismo e da resistência política da cidade, como Armando de Castro, Artur Andrade, Mário Cal Brandão e Oliveira Valença. Este documento em louvor da República, setenta anos depois permanece actual no diagnóstico dos erros que conduziram à ascensão da Extrema Direita.
A abrir, dizia: "Não é uma data morta ou convencional da História que marca ou comemora um facto longínquo, já sem sentido, significado e valor". E afirmava: "Pelo contrário, assinala e representa aquele sentimento permanente e irrelutável do povo português que fez de Portugal, através dos séculos, uma Pátria Livre e Independente". E elogiava o regime liberal que, no fundo, conduziria ao advento da República: "em 1820 a Revolução surgia para se tornar vitoriosa por imperativo da vontade popular indomável, resoluta e heróica (…)"
No rescaldo da II Guerra, o manifesto rejubilava: A “Rendição Incondicional do Nazi-Fascismo” correspondeu a mais uma vitória da Democracia, hoje em marcha triunfante em todas as latitudes da Terra. (a História impedir-nos-ia de atingir tais latitudes). E, pese embora o carácter da consagração, Ramos de Almeida apontava entre as razões da derrota da I República: "sobretudo o divisionismo prematuro dos partidos que não souberam manter a “Unidade Republicana” perante os ataques do inimigo comum". Para bom entendedor…
Hélder Pacheco - Professor e escritor
In Jornal de Notícias – 05 Outubro 2024