31.8.24

POLÍTICA: Presidente da Assembleia omitiu quase 3 milhões de euros na declaração de património

 

Omissão de 10 imóveis com Valor Patrimonial Tributário (VPT) superior a 2,8 milhões de euros. Aguiar-Branco diz não ter sido avisado de erros na declaração submetida à Entidade para a Transparência (EpT).
José Pedro Aguiar-Branco omitiu o Valor Patrimonial Tributário (VPT) de 10 imóveis urbanos na sua declaração de rendimentos e património, submetida à Entidade para a Transparência (EpT), avança esta sexta-feira o Correio da Manhã.
A omissão foi descoberta após o matutino questionar a EpT, levando alegadamente a entidade a solicitar esclarecimentos ao presidente da Assembleia da República.
Os imóveis em questão, espalhados por Lisboa, Porto, Braga e Guimarães, têm um VPT total superior a 2,8 milhões de euros, de acordo com as cadernetas prediais a que o CM teve acesso.
Alguns destes imóveis são detidos por empresas nas quais Aguiar-Branco possui participação. Além destes, foram também declarados quatro prédios rústicos em Guimarães e um em Braga, com um VPT total de cerca de 2400 euros.
A Lei n.º 52/2019 obriga os titulares de cargos políticos e altos cargos públicos a declararem o VPT dos seus imóveis. Aguiar-Branco, questionado, justificou a omissão com o facto de não ter sido notificado de qualquer erro ou informação em falta.
“A declaração remetida não deu qualquer indicação de erro ou informação em falta, aquando da sua validação e submissão na plataforma [eletrónica da EpT], pelo que o presidente da AR estava convicto de que tinha prestado todas as informações legais necessárias.” E acrescentou: “Logo que foi notificado pelos serviços da EpT, a informação em falta foi prontamente prestada, pela que a descrição dos imóveis já se encontra completa.”
A EpT, liderada por Ana Raquel Moniz, esclareceu que, desde 28 de maio de 2024, tornou-se impossível a submissão de declarações sem a inclusão do VPT dos imóveis, sendo que a plataforma tem vindo a ser aperfeiçoada para garantir o cumprimento das obrigações legais. Aguiar-Branco submeteu a sua declaração a 24 de maio, poucos dias antes dessa atualização na plataforma.
“Desde 28 de maio de 2024, se tornou já inviável a submissão de qualquer declaração única da qual esteja ausente, quanto ao património imobiliário, e entre outros elementos, o valor patrimonial do imóvel” explica a EpT.
Adicionalmente, na sua declaração de rendimentos, Aguiar-Branco indicou ter obtido quase 76 mil euros em rendimentos, dos quais 55 966 euros provinham de pensões, que correspondem a cerca de quatro mil euros por mês. Declarou ainda possuir mais de um milhão de euros em contas bancárias e carteiras de títulos, e que não tem dívidas.
ZAP - 30 Agosto, 2024