1. António Costa e André Ventura são os únicos resistentes. Faz sentido, mesmo que por razões diferentes: o socialista, porque os portugueses lhe deram, há um ano, uma maioria absoluta; o líder da Direita radical, porque a trajetória é ascendente e sem ele não haveria Chega. Entre os restantes (incluindo o PCP, avesso a esse tipo de causa e efeito), os maus resultados eleitorais apresentaram a sua fatura às lideranças. Só faltavam o BE e Catarina Martins. O desgaste era evidente e a senhora que se segue será Mariana Mortágua. Não há surpresa, nem haverá rutura com a escolha da deputada que chegou aos píncaros da política caseira com as comissões de inquérito à banca e, em particular, à que investigou a implosão do BES. (Um parêntesis final para notar esse paradoxo que é a Iniciativa Liberal: sempre a crescer, nas urnas e nas sondagens, mas sempre a mudar de líder).
2. "A cópia perde sempre com o original". A frase é de Marcelo Rebelo de Sousa, quando confrontado com as declarações de Luís Montenegro e Carlos Moedas sobre imigração. Não é habitual o presidente aventurar-se em críticas tão duras aos principais dirigentes do PSD. Fê-lo porque não terá gostado de ouvir o autarca de Lisboa a defender que Portugal só deve aceitar imigrantes com contratos de trabalho (quando se sabe que os que têm contratos de trabalho são tantas vezes tratados como escravos); ou o líder do PSD a defender que é preciso escolher os que são capazes de interagir melhor com os portugueses (o que quer que isso queira dizer). E foi duro, o presidente, porque avaliou o contexto: a xenofobia do Chega. "Cabeça fria", em vez de "captar votos a ser mais populista", é o que recomenda. Os visados reagiram com soberba: Moedas não aceita lições; Montenegro diz que não era com ele. Quanto a Ventura, que navega melhor as águas populistas que a "cópia", vangloriou-se com o "bom caminho" do PSD. Pelos vistos, é a alternativa que temos.
* Rafael Barbosa in Jornal de Notícias - 15.2.2023
2. "A cópia perde sempre com o original". A frase é de Marcelo Rebelo de Sousa, quando confrontado com as declarações de Luís Montenegro e Carlos Moedas sobre imigração. Não é habitual o presidente aventurar-se em críticas tão duras aos principais dirigentes do PSD. Fê-lo porque não terá gostado de ouvir o autarca de Lisboa a defender que Portugal só deve aceitar imigrantes com contratos de trabalho (quando se sabe que os que têm contratos de trabalho são tantas vezes tratados como escravos); ou o líder do PSD a defender que é preciso escolher os que são capazes de interagir melhor com os portugueses (o que quer que isso queira dizer). E foi duro, o presidente, porque avaliou o contexto: a xenofobia do Chega. "Cabeça fria", em vez de "captar votos a ser mais populista", é o que recomenda. Os visados reagiram com soberba: Moedas não aceita lições; Montenegro diz que não era com ele. Quanto a Ventura, que navega melhor as águas populistas que a "cópia", vangloriou-se com o "bom caminho" do PSD. Pelos vistos, é a alternativa que temos.
* Rafael Barbosa in Jornal de Notícias - 15.2.2023