26.2.23

NISA: A História Local está Viva e recomenda-se!

Foi o primeiro Encontro sobre História Local e a qualidade dos oradores e das suas comunicações, deixaram em todos os participantes, a certeza de que outros Encontros se seguirão, mais alargados e com outra projecção, porque a História Local está viva e são inúmeros os estudos e pesquisas sobre este território no extremo norte do Alentejo, a merecerem ser conhecidos e divulgados.

O Encontro “História Local: Memórias e Investigação”, organizado pela Nisa Viva - Associação dos Naturais e Amigos do Município de Nisa realizou-se no passado sábado, dia 25, e foi o pretexto para asssinalar os  20 anos desta  Associação que tem como um dos seus objectivos programáticos, o estudo e defesa do Património e do Ambiente, para além de pretende refletir e partilhar alguma investigação produzida por colaboradores da Revista NisaViva, nas últimas edições.

Com entrada livre mas mas sujeita a inscrição, a sala da União  de Freguesias de Espírito Santo, Nª Srª da Graça e São Simão tornou-se pequena para acolher as pessoas interessadas na iniciativa.
Abriu o Encontro a professora Fátima Dias que deu as boas vindas ao público e oradores convidados e coube a António Montalvo, presidente honorário da Associação, a primeira das quatro comunicações sobre História Local.
Montalvo evocou a fundação de Nisa como tendo surgido de uma associação e foi historiando o perfil dos diversos tipos de associação criadas ao longo dos séculos, chegando à actualidade e lembrando a criação de diversas colectividades em Nisa no século passado e o importante papel que tiveram na dinamização cultural, recreativa e desportiva. 
Como perito em direito autárquico, não se esqueceu de referir que, actualmente, as associações são o campo preferencial de recrutamento dos dirigentes dos órgãos autárquicos, quer pelo contacto que têm com as populações, quer pela experiência adquirida no dirigismo associativo. 

Ana Santos Leitão, autora de diversos estudos sobre o concelho de Nisa, alguns dos quais publicados em livro e tendo como pano de fundo a freguesia de Arez, expôs de forma clara e conhecedora, os meandros da sua investigação sobre o Tombo de 1638 da Comenda de Santa Maria de Ares da Ordem de Cristo, numa comunicação seguida com muita atenção e que extravasou para outros domínios, nomeadamente, a preservação da documentação e o papel dos arquivos municipais e regionais, salientando que há uns anos nada havia sobre Arez tendo, inclusive, o brasão da freguesia sido desenhado de forma errónea, não respeitando sequer as origens e povoamento do território, o que levou à sua alteração, processo em que se envolveu e que foi coroado de êxito. 
Jorge Catarino, colaborador assíduo da revista Nisa Viva, economista e reformado, divide o seu tempo entre Lisboa e Albarrol. Na pacatez da aldeia encontrou o ambiente adequado para desenvolver o seu gosto pela história e neste Encontro trouxe-nos um estudo sobre "Vila Flor, a aldeia condado do Norte Alentejano. Na sua comunicação fez um "retrato" da aldeia desde a sua criação e ao longo dos séculos, a importância que assumiu em determinadas épocas a ponto de ser sede de concelho e ter Casa da Câmara. Este estudo será publicado na revista "Nisa Viva" constituindo uma contribuição de vulto para um melhor conhecimento do concelho de Nisa, actual.

Mário Mendes evocou diversas personalidades nisenses, muitos dos quais votados ao esquecimento e que se destacaram no campo cultural, nas autarquias, nas investigações que fizeram por conta própria e que, como "amadores" ajudaram a construir uma ideia alternativa da história do concelho. José Fraústo Basso, Carlos Tomás Cebola, José Vieira da Fonseca, entre outros, foram lembrados pelo seu papel em favor da História Local. 
Mário Mendes chamou igualmente a atenção para um "fenómeno" recente, baseado na publicação de livros e revistas cuja tónica é a História Local, a começar pela revista "Nisa Viva" e outras edições em Montalvão, como a revista "Êlhér" e o livro "Loetras", este um dicionário  de termos montalvanenses, ambos devido ao dinamismo de João Pedro Fidalgo. 
Foi referido, igualmente, por este orador, as publicações sobre a fala de Alpalhão, da autoria de José Caldeira Martins e sobre a Toponímia desta localidade, obra da autoria de Manuel Dias, para além da referência ao livro de Vera Sousa sobre a aldeia de Pé da Serra. 
A União de Freguesias de Nª Srª da Graça, Espírito Santo e S. Simão, acolheu e apoiou esta iniciativa, contribuindo de forma decisiva para o sucesso da mesma.
Terminado o Encontro ficou a promessa de uma nova iniciativa deste género, tal o interesse que esta primeira edição despertou.
Mário Mendes