João Appleton acusa os engenheiros portugueses de serem mentirosos e diz que os edifícios na Turquia não são muito diferentes das infraestruturas em Portugal.
Depois dos sismos que abalaram a Turquia e a Síria foram várias as imagens divulgadas de edifícios a ruir e a colapsarem inteiramente. Podemos comparar este tipo de construção àquele que vemos em Portugal?
Em declarações à CNN Portugal, o engenheiro civil João Appleton afirma que “não é muito diferente”. Appleton receia até que tenhamos “um problema generalizado, incluindo os edifícios acabados de projetar e construir”.
Mais de 5.600 edifícios foram destruídos, incluindo algumas escolas, hospitais, estradas e outras estruturas críticas, segundo o serviço de emergência da Turquia.
Um terramoto mais superficial, réplicas de intensidade incomum e edifícios vulneráveis terão contribuído para a destruição de tantas infraestruturas, segundo o jornal Público.
Como Portugal está numa zona suscetível a futuros terramotos, há quem tema que o mesmo possa acontecer por cá. Veja-se, por exemplo, o sismo de Lisboa de 1755, que terá atingido magnitudes entre 8,7 e 9 na escala de Richter, causando mais de 10 mil mortos, embora haja quem aponte muitos mais. Foi um dos terramotos mais mortíferos da História.
Certo é que as construções de hoje em dia são incomparáveis às do século XVIII. Ainda assim, João Appleton não se mostra muito confiante.
“Não tenho grande confiança na qualidade do ato de engenharia que se pratica ao nível dos projetos de licenciamento de estruturas, que incluem a verificação à ação dos sismos”, começou por dizer o engenheiro civil, explicando que isto se verifica sobretudo em obras particulares, mas também em edifícios públicos.
Existe um termo de responsabilidade em que projetista diz que cumpre os regulamentos, contudo João Appleton acha que “os portugueses não são diferentes dos outros” e, como tal, “mentem muito”. O especialista diz ainda que, deste ponto de vista, “os engenheiros portugueses são muito razoavelmente mentirosos”.
“A soma dos valores dos honorários de todos os projetos para uma determinada obra valem muito menos do que a comissão que é paga à empresa de mediação imobiliária que vende o edifício”, diz Appleton, considerando que é “uma coisa quase impensável”.
* Daniel Costa, ZAP //