CENAS DA MINHA ALDEIA – AS INTRUDÉDAS
Síntese
Na década de 50, do século XX, no Domingo de Carnaval, vários grupos de rapazes juntavam se nas tabernas, para preparar pequenas representações teatrais, que criticavam algumas pessoas da aldeia: as intrudédas. De tarde, percorriam as ruas apresentando o espectáculo, com muito agrado da população. Recebiam de oferta algumas moedas e enchidos que estavam reservados para esta ocasião. Ao fim da noite, concentravam-se nas tabernas para conviver, enquanto bebiam uns copos. Inspirado por: Falta Um – A Culpa é do Malaquias.
AS INTRUDÉDAS
(Música: Falta Um – A Culpa… é do Malaquias!)
1- Parte
Inda mal nasceu o Sol…
O Malaquias nem dorme!
Atira fora o lençol
Ao sentir apelo enorme…
Quer fazer uma “intrudéda”,
Como manda a tradição,
E ganhar umas moedas
P’ra petiscar ao balcão…
E a culpa é do Malaquias!
2- Parte
É na tasca do Tomás
Que todo o grupo se junta
E nasce um texto mordaz
Que a alguns desconjunta…
Morde no rico e no pobre,
Que o gozo não os distingue.
Certos segredos descobre;
Magoa mais que num ringue…
E a culpa é do Malaquias!
3- Parte
Mascarados a rigor,
Pelas ruas da aldeia,
Numa tarde de humor.
Aplaude a alegre plateia…
As moedas são um prémio,
Que não cobre a satisfação
Dum grupo alegre e boémio,
Que come e bebe ao balcão…
E a culpa é do Malaquias!
4 – Parte
O povo foi generoso,
Com morcelas e chouriços.
O ambiente é ruidoso
Nesta tasca bem castiça.
Bem comidos e bebidos,
No meio de tanta alegria,
Já se arrastam, combalidos,
E vão encerrar o dia…
E a culpa é do Malaquias!
REFRÃO
Agitam-se os aldrabões…
A culpa é do Malaquias!
Alegram-se os foliões…
A culpa é do Malaquias!
(João R. – Janeiro/2023)
FOTO: Crianças mascarradas na rua (Salavessa)