A União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão vai assinalar o Centenário de nascimento do poeta e ilustre cidadão nisense, Dr. José Gomes Correia, nascido em Nisa em 22 de Junho de 1922 e falecido em 2 de Julho de 1983.
José Gomes Correia, nasceu em Nisa, em 1922, filho António de Oliveira Correia e de Joaquina Gomes Castanho. Licenciou-se em Direito e em Nisa foi secretário judicial e professor no Externato D. Dinis. É dele o discurso de inauguração do Hospital da Misericórdia de Nisa, em Abril de 1960. Foi um dinâmico animador cultural, contribuindo para a criação do Rancho Típico das Cantarinhas de Nisa, em 1964, para o qual escreveu algumas "modas" e "marchas" e foi presidente da direcção da Banda Municipal de Nisa.
Em 1966 foi nomeado para o cargo de Delegado do Ministério Público junto do Tribunal de Trabalho de Lourenço Marques e mais tarde Conservador do Registo Civil de Inhambane, assumindo, também, as funções de Juiz, nas ausências ou inexistência do mesmo. Reformou-se como Conservador do Registo Civil e regressou a Portugal em 1976 já depois da Declaração de Independência daquela ex-colónia em 25 de Junho de 1975, indo residir em Santarém onde, após inscrição na Ordem dos Advogados, exerceu advocacia, mas, por pouco tempo, devido a problemas de saúde.
Como poeta escreveu dois livros "Sonhos que morrem, sombras que ficam" (1942) e "Seara do bem e do mal" (1963), no qual revela o seu grande amor à sua e nossa terra, às nossas gentes e ao Alentejo. O primeiro, há muito esgotado, tem agora uma 2ª edição patrocinada pela União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão.
José Gomes Correia colaborou em jornais e revistas de cultura, nomeadamente o "Correio de Nisa" e a revista "Estudos de Castelo Branco", cidade onde estudou, entre outros.
A União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão, concelho de Nisa, não quis deixar passar em claro esta data tão simbólica e vai assinalar no próximo sábado, dia 25 de Junho, com uma sessão de Evocação e Reconhecimento do Centenário do nascimento deste ilustre poeta e cidadão. A sessão decorrerá na sede da União de Freguesias e dela constará a leitura de poemas por antigos alunos do professor José Gomes Correia, a evocação do seu perfil social e humanista e o lançamento da 2ª edição do livro "Sonhos que morrem, Sombras que ficam...", há muito esgotado, seguindo-se o descerramento das placas toponímicas na rua da Urbanização das Amoreiras a que foi atribuído o nome deste poeta nisense.
Este é, na opinião do presidente da União de Freguesias, João Malpique Rufino, "um modesto contributo e um justo reconhecimento pela memória do cidadão e do poeta e uma forma de lembrar àss gerações actuais e vindouras, a sua inestimável contribuição para a cultura desta terra bordada de encantos."
À MINHA TERRA
I
Qual namorado, que na campa estreita,
Onde descansa uma mulher amada
Encosta a fronte num sonhar distante
E deixa perpassar visões diversas,
Também eu, ao longe, ó minha terra,
Sinto meus olhos pobres de te verem,
De contemplar, à tarde, os teus vergéis
E a boca sequiosa dos teus beijos!
II
Aqui, longe de ti, ó berço amado,
Não há canções em bocas campesinas,
Nem contos de rainhas ao luar
A ruminar na mente das crianças!
É inverno em abril... e quando as flores
Vêm por graça algumas nas janelas,
Distrair nosso olhar neste vazio
Mais se aviva em meu peito a saudade!
III
E quando busco o pálido reflexo
Da tua formosura, ó Nisa minha,
Julgo encontrá-lo em terras ignoradas,
Em mundo que ninguém jamais verá!...
Tu és a flor nascida entre o deserto,
És a eterna canção maravilhosa,
Que aos meus ouvidos soa qual segredo,
Que só eu compreendo, ó minha terra!
* José Gomes Correia