28.6.22

NISA: Homenagem ao poeta José Gomes Correia

Uma festa linda e comovente
A União de Freguesias do Espírito Santo, Nossa Senhora da Graça e S. Simão, promoveu no sábado, dia 25 de Junho, uma sessão evocativa do Centenário de Nascimento do poeta nisense José Gomes Correia, nascido em Nisa a 22 de Junho de 1922 e falecido na sua terra em 8 de Julho de 1983.
Uma sessão evocativa marcada pela emoção, pela convivência e saudade, bem expressas na presença de muitos amigos e antigos alunos do poeta José Gomes Correia que foi também professor no Externato D. Dinis em Nisa.
Foram alguns destes alunos que deram um cunho de reconhecimento e apreço pelo cidadão e professor, como Maria Natália Sousa, também ela professora e que por duas vezes leu poemas do seu antigo mestre, uma declamação feita com verdadeiro sentido poético e de homenagem. O mestre António Charrinho, também ele grande amigo de José Gomes Correia que lembrou como presidente da Banda Municipal de Nisa na época em que ensaiou os primeiros passos na música. António Charrinho recordou algumas passagens desse tempo e o percurso que trilhou enquanto músico. E das palavras passou à acção tocando no seu acordeão "A rosinha dos limões", com o virtuosismo que se lhe reconhece e que deliciou a assistência. Estava feita a ligação entre o poeta e a música, mas que não ficou por ali. António Charrinho porfiou em trazer à homenagem do Centenário, uma composição sua ajustada ao poema de Gomes Correia "Transforma cada espinho numa rosa..." Momento alto e não menos comovente, de elevado sentido artístico. Estava dado o mote para novas intervenções como as de José Joaquim Carmona evocando o professor, a sua amizade com a família e lembrando a existência de outros nomes de referência, nas artes, história e cultura nascidos em Nisa e que urge resgatar das trevas da memória.
Mário Mendes leu uma mensagem de António Montalvo, em seu nome pessoal e da Associação Nisa Viva, na qual recordou com especial carinho o antigo professor, a amizade que o unia à família e lembrou também o poeta que se expressava na corrente literária do romantismo.
Maria Dinis Pereira viajou até à infância para recordar o Dr. José Gomes Correia, a vida na "vila" nos anos 50 e 60, para vincar a forma determinada e decisiva como o poeta Gomes Correia ajudou na criação do Rancho Típico das Cantarinhas de Nisa, uma referência desta vila durante muitos anos e para o qual escreveu algumas modas e marchas.
O presidente da União de Freguesias, João Malpique Rufino agradeceu a presença da filha do poeta, Carlota Gomes Correia Amorim, bem como de alguns familiares e amigos, salientando o empenho da autarquia na realização desta iniciativa porque a mesma era de toda a justiça, como o era o reconhecimento a um cidadão nisense, que além de poeta com obra publicada e devidamente reconhecida, desempenhou importante papel no campo associativo, tanto na Banda Municipal como no Rancho Típico das Cantarinhas. 
A União de Freguesias, disse, "tudo fará para que, às placas toponímicas que ficam a assinalar o nome do poeta José Gomes Correia, na Urbanização das Amoreiras, outras se seguirão, porque as ruas têm nomes e é dever do poder local resolver estas situações e ao mesmo tempo evocar os cidadãos que tiveram um papel no desenvolvimento da terra e do concelho".
Seguiu-se a apresentação da 2ª edição do livro "Sonhos que morrem...Sombras que ficam", editado em 1942 e que há muito se encontrava esgotado.
Após a sessão, os participantes rumaram à Urbanização das Amoreiras onde, após a leitura do poema "À minha terra" feita por Natália de Sousa, teve lugar o descerramento da placa toponímica que fica a assinalar o nome do poeta naquela artéria, junto às piscinas municipais. Acto solene de grande simbolismo e alguma emoção por parte da filha do poeta, que viu assim concretizada uma sentida homenagem da população de Nisa, por ocasião do Centenário de Nascimento do seu pai.
Na sede da Sociedade Musical Nisense, onde decorriam as festas populares de S. João, a filha do poeta e familiares tiveram ainda ensejo de saudar e conviver com muitas pessoas amigas e "matarem" saudades de outros tempos.
Os poetas, como as pessoas, só morrem quando as esquecermos. E a poesia de José Gomes Correia que fala do amor, da saudade e do afecto à terra onde nasceu permanecerá sempre viva e imutável.
"Tu és a flor nascida entre o deserto,
És a eterna canção maravilhosa,
Que aos meus ouvidos soa qual segredo,
Que só eu compreendo, ó minha terra!"
Mário Mendes