16.2.20

OPINIÃO: O estado de saúde deste Orçamento

Apesar das evidências, finalmente descobriram, que Portugal foi um “offshore” de Isabel dos Santos. Bolsonaro e André Ventura, também, finalmente descobriram, ou querem disfarçar que não sabiam, que têm neonazis nas suas hostes. Após o tsunami Luanda Leaks, o mundo entra em quarentena com o coronavírus, mas as epidemias, também alastram na economia, na política e na sociedade e nem os ingleses, agora fora da União Europeia, estão imunes.
Depois de terem oferecido o BPN a Isabel dos Santos, o poder político em Portugal continuou a fazer de conta que não sabia de nada. O “vírus Isabelinha” atacou o Estado angolano, a quem Rui Machete, ministro português do calamitoso governo de Passos Coelho, se ajoelhou e pediu desculpas por Portugal estar a investigar dirigentes angolanos.
Isabel dos Santos apertada pelo seu próprio partido e a ser denunciada por um consórcio internacional de jornalistas, apoiado pelo agora detido Rui Pinto, perdeu finalmente o direito à passadeira vermelha em Portugal. A banca, governantes e grupos económicos, assim como PCP, PS, PSD e CDS, andaram curvados perante quem roubou o seu povo e lavava o dinheiro por todo o lado.
Este “vírus” fez desaparecer mais de 50 milhões de euros do Eurobic, o gestor de conta apareceu morto e pelos vistos, também fez desaparecer o antigo ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral… É mais um Banco em mãos espanholas e como não estamos imunes, falta saber que consequências vão ter os portugueses, com os negócios da mulher mais rica de África, acusada de roubar o povo angolano.
Enquanto a ministra da agricultura se prepara para termos sucesso com as desgraças na China, o mundo não está preparado para o covid-19; mas o problema não é só este vírus grave na China, onde morreu o médico que fez o alerta para este vírus, perseguido e silenciado pelo regime opressivo, no passado mês de dezembro de 2019.
Na República Democrática do Congo, em 2019, morreram cerca de 4500 crianças, vítimas de sarampo. Em 2018, segundo a Organização Mundial de Saúde, o sarampo matou mais de 140 mil pessoas; nesse mesmo ano, uma epidemia de gripe por um vírus grave resultou em 61 mil vítimas nos EUA, com 45 milhões de infetados.
Donald Trump foi “amnistiado” pelos conservadores e cantou vitória neste mundo turbulento, onde os alarmes na saúde mundial podem vir a ser contagiantes, até na economia global, com o capitalismo desprovido de antídotos eficazes. No entanto, Centeno, já de malas feitas, está confiante e considera-se imune, mesmo com a dívida pública a subir em 2019 e a comprovar-se que os portugueses perderam poder de compra.
Mas os holofotes estão virados para um défice “honrosamente” histórico, em contrapartida com a histeria do consumismo baseado no crédito… Os salários dos portugueses são dos mais baixos da zona euro, atacados nos bens essenciais, como a eletricidade e as telecomunicações das mais caras da Europa. E o endividamento prossegue de forma assustadora, com a subida do crédito ao consumo a alimentar a fera financeira, que já só tem dentes e morde tudo o que pode!
No Orçamento de Estado, perdemos a hipótese de distinguir entre o IVA da eletricidade, como um bem de primeira necessidade e os artigos de luxo. O PCP complicou por uma questão de calendário, o PSD retirou-se engasgado e o CDS acabou por defender a carga fiscal que critica; o PAN votou o contrário do que defendia há pouco tempo e a deputada independente, Joacine Katar Moreira esqueceu a promessa de cumprir o programa que a elegeu e todos estes deram uma mãozinha ao PS, que mantém uma taxa que criticou quando foi oposição.
A venda da EDP e as rendas milionárias garantidas por governos, PS e do PSD/CDS tornam a eletricidade mais cara e essas rendas são alimentadas à custa de muitos sacrifícios, em especial no inverno, em que nem todos se podem aquecer e umas centenas de pessoas morrem.
E se o sistema judicial continua a ser uma dor de cabeça, pela falta de capacidade nos casos de corrupção, na magistratura, o caso da novela de Tancos é uma demonstração da fragilidade do Ministério Público. É a prova de como a impunidade de certas classes profissionais continuam a manchar a nossa democracia; e falar da caducidade do nosso sistema militar é tabu, passível de acusação de antipatriotismo.
Depois de termos ficado a conhecer, através do Tribunal de Contas, o estado caótico e a falta de saúde das infraestruturas, como pontes, viadutos, túneis e linhas de comboio, um dia vamos perceber o estado de saúde deste orçamento…
Paulo Cardoso -14-02-2020 - Programa "Desabafos" / Rádio Portalegre