“O dia de compadres realiza-se na quinta-feira antes do domingo magro (Dois meses antes do Domingo de Páscoa)
Fazíamos um caixão com um boneco, em volta urtigões, ossos e cascas de laranja (que era para os compadres comerem).
Na minha chaminé punha uma bandeira preta, onde cosia ratazanas, ossos e urtigões, para eles verem quando passavam à nossa porta.
Vestíamo-nos de preto, com o lenço na cabeça um chocalho na mão e dávamos a volta à vila para os enterrar, íamos chocalhando e fazendo o pranto “Ai o meu compadre, ai que o meu compadre morreu”.
Quando passávamos ao Adro, estavam todos na barbearia do Zé Poupino, assim que nos viam, corriam atrás de nós para nos molhar e atirar cinza, ficávamos todas ‘enfarinhadas’!
Naquele dia o almoço era papas ou feijão preto para o marido.
Para nós, o Carnaval começava logo no dia 20 de Janeiro! Vestíamo-nos de ‘intrude’, todas tapadas e andávamos durante a noite a bater às portas a pedir umas moedinhas, para irmos juntando para fazer as boleimas e arroz doce no dia de Comadres. Cada um dava 5 ou 10 tostões.
Às vezes víamos a cesta com os ovos em cima da mesa, ou umas chouriças nas chaminés, quando tínhamos mais confiança com as pessoas trazíamos tudo.
No nosso tempo fazíamos festas muito bonitas, era a nossa diversão, vocês agora é que já não ligam a nada…”
Amélia Costuras
"Ai homem da minha vida
Ai homem da minha alma
Ainda bem que já lá vais
Com prazer e alegria
Já lá levas entre pernas
Com o que eu me advertia"
Áurea Maria