50 Anos dedicados à causa da
educação
Aos 94 anos
de uma vida cheia de sorrisos e recordações de crianças, faleceu em Nisa, a D.
Georgete Ribeiro, uma senhora que fez do exercício da profissão de professora,
uma causa dedicada ao ensino, tendo leccionado durante cerca de 50 anos.
Os relatos
que seguem são expressões de reconhecimento, que tomamos como nossas e que aqui
deixamos como homenagem derradeira à cidadã e à professora que deixou a sua
“marca” em centenas e centenas de crianças e que perduram pela vida fora.
Avó
Como foi
bom tê-la como Avó e professora!
Como foi
bom ter aprendido consigo.
Como foi
bom ter recebido a sua educação.
Como foi
bom ter feito tantas traquinices na sua sala de aula!
Como foi bom ter crescido a sua lado e ter ouvido as suas histórias.
Como foi
bom ter recebido as suas reguadas!...
Como foi
bom termo -nos sentido amados.
Como foi
bom ter recebido os ensinamentos, que nos abriram a mente e despertaram a nossa
curiosidade, para o mundo que nos rodeia!
Hoje é um
dia radioso nascido para conduzir de mansinho a jovem professora, que vinda da
fidalga, forte e fria cidade da Guarda (omito o feia porque ela zangava-se,
quando ouvia este epípeto) veio com a sua juventude, o seu dinamismo, a sua
perspicácia e entusiasmo, para o interior do concelho, o Pé da serra, o pequeno
povoado que a acolheu carinhosamente.
Seriam
indescritíveis as dificuldades dessa época remota. O fim de semana passado em Nisa
era uma aventura, pois a deslocação era feita de burro.
E foi em
Nisa que conquistou o coração do seu César. Aqui constituiu família. Foi esposa
extremosa, mãe, avó e bisavó. Além da sua família biológica, formou outra, mais
numerosa. Uma longa vida dedicada à causa do ensino à qual se entregou de alma
e coração.
Foi uma
amiga. O seu espírito de solidariedade conduzia o seu corpo franzino junto de
todos os carenciados, minorando o sofrimento com o conforto das suas palavras e
a força do seu olhar.
Foi uma
estrelinha brilhante que se foi apagando, mas o seu espírito fervoroso e crente
nos últimos momentos ainda balbuciou o terço.
Antes da
última viagem, olhou derradeiramente para o ente que ela mais adorava, o seu
filho. Se tivesse sido possível escolher o momento para a eternidade, seria
aquele em que o seu Arménio docemente lhe detectou o último pulsar do seu
generoso coração.
A natureza
e os humanos prestam-lhe a última homenagem.
Senhora D.
Georgete, os homens e as mulheres a quem durante várias gerações foram
transmitidas as primeiras letras, a educação e outros valores que nortearam a
sua vida, durante cinquenta anos, estão aqui presentes para lhe agradecer.
A sua
família a quem dedicou o seu amor e esforço vão seguir-lhe o exemplo.
Pior do que
a morte é o esquecimento e tal nunca vai acontecer.
O momento é
de júbilo porque tivemos o privilégio de conviver e de aprender com esta grande
Senhora que ficaria como referência e exemplo para todo o sempre.
Um beijo
eterno de todos nós.
Maria José Almeida
À minha Professora D. Georgete
Morreu a
minha professora
A mulher
que me disse um dia
Levo comigo
esta mágoa
De não
seres quem eu queria
Senhora
Professora
Queria
dizer-te duas palavras
Mas não
saem, estão aqui
Na
garganta, entaladas.
Sei que ao
dizê-las
Te iam
magoar
Davas
carinho aos ricos
E as pobres
a olhar.
Mas fizeste
bem
Era assim
que se fazia
Talvez por
seres obrigada
No tempo em
que se vivia.
Mas de tudo
o que fizestes
Bom ou mau
tenho saudades
Ensinei
equações ao meu filho
No meu
tempo eram quebrados
Por isso,
obrigado
Mil vezes
obrigado
Não fui
quem tu querias
Por haver
dificuldade
Senhora Professora
Tive
oportunidade de lhe agradecer muitas vezes o que fez por mim, que foi
ensinar-me o que estou aqui a fazer neste momento.
Mas acho
que ainda é pouco e aqui estou hoje, senhora Professora, em nome dos meus
companheiros e companheiras da nossa sala da escola, dos que recordam o bem e o
mal, quero dizer-te pela última vez: De todos nós, muito obrigado, Senhora
Professora.
Maria Dinis Pereira
Ma