O Templo Romano de Évora, datado do século I depois de
Cristo (d.C.), vai voltar a estar como nos postais turísticos e “melhor de
saúde”, após quatro meses de obras de conservação e restauro.
Os andaimes e o estaleiro começam a ser desmontados na
quarta-feira e o monumento fica sem sinais das obras na próxima semana, revelou
hoje Rafael Alfenim, arqueólogo da Direção Regional de Cultura do Alentejo
(DRCAlen).
O responsável, que falava à margem de uma visita de
jornalistas ao monumento, indicou que as obras permitiram “resolver as
situações mais críticas”, nomeadamente o risco de queda de fragmentos de alguns
capitéis.
“Esta intervenção foi para melhorar o seu estado de
conservação e prolongar-lhe a vida. Ficou de melhor saúde do que estava
anteriormente”, resumiu Maria Fernandes, da Direção-Geral do Património
Cultural (DGPC).
Segundo os dois técnicos, além da conservação e restauro,
foi feito também um mapeamento em desenho e fotografia do monumento, que vai
permitir que, no futuro, seja “mais fácil atuar” quando existir alguma
anomalia.
“A estrutura não é tão problemática e tem mais resistência
sísmica do que era de esperar, mas os materiais [pétreos] só agora é que foram
avaliados mais sistematicamente”, indicou o arqueólogo Rafael Alfenim.
O técnico da DRCAlen contou que, durante os trabalhos, foi
possível recolocar duas peças nos capitéis que estavam na reserva do Museu
Nacional Frei Manuel do Cenáculo e que não se sabia a qual era a sua origem.
“Nunca se pode dizer que um monumento destes está conservado
para sempre”, disse, admitindo que “haverá sempre necessidade de fazer
acompanhamento e intervenções que se manifestem necessários”.
Os elementos em mármore que estavam em risco nos capitéis,
precisou Maria Fernandes, da DGPC, foram estabilizados com recurso a “uma
argamassa estudada com base em cal e inertes muito finos de pó de pedra”.
O diretor do Laboratório Hercules da Universidade de Évora,
António Candeias, assinalou que “foi uma oportunidade para recolher materiais
que vão dar informação” sobre as técnicas e tipos de materiais utilizados na
construção do monumento.
Por outro lado, revelou que o Laboratório Hercules criou um
modelo a três dimensões dos capitéis e que, num deles, testou “um novo biocida
que é não tóxico” e que gerou “resultados muito promissores”.
Construído há dois mil anos, com mármores de Estremoz e Vila
Viçosa e granitos da zona de Évora, o Templo Romano, único no país e um dos
mais notáveis da Península Ibérica, é monumento nacional e está abrangido pela
classificação do centro histórico da cidade como Património Mundial, pela
Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
in 24.sapo.pt