Amigos,
não consultem os relógios
quando
um dia eu me for de vossas vidas
em
seus fúteis problemas tão perdidas
que
até parecem mais uns necrológios…
Porque
o tempo é uma invenção da morte:
não
o conhece a vida – a verdadeira -
em
que basta um momento de poesia
para
nos dar a eternidade inteira.
Inteira,
sim, porque essa vida eterna
somente
por si mesma é dividida:
não
cabe, a cada qual, uma porção.
E
os anjos entreolham-se espantados
quando
alguém – ao voltar a si da vida -
acaso
lhes indaga que horas são…
(Mario
Quintana)
(poema
do livro A Cor do Invisível. 2a. edição. São Paulo: Globo, 2005. p.96.)
Já era tempo, mais que tempo, da Torre do Relógio, um dos ex-libris de Nisa, ser olhada com outros olhos. Há muito que os mostradores do relógio estão desafinados, desalinhados, mostrando tempos diferentes, consoante os locais de onde se olha. Estão assim há anos, à espera de uma reparação que há muito se justifica.
Não sei se é por falta de verbas e vontade, ou se há outras prioridades a reclamarem intervenção mais urgente.
Que o relógio da torre e a própria torre carecem de uma reparação e de uma limpeza geral, salta à vista de todos. Até daqueles que não têm um blog "só para dizer mal", como é - na fértil imaginação de alguns dos eleitos, atentos e vigilantes, da Praça do Pelourinho -, este em que escrevo e tem como título Portal de Nisa.
Talvez por estas ou outras razões que me escapam, o blog tenha atingido, na semana passada, mais de um milhão e quarenta mil visitantes, não se incluindo nestes as minhas "entradas".
Mas, tenho de concordar com o Mário Quintana: Não olhem (consultem) os relógios!
O da Torre de Nisa merece uma visão mais limpa e desafogada.
Mesmo, para os mal-dizentes...
Mário Mendes