13.7.16

A PROMESSA - Ponte sobre o Sever: Um Documento (1995)

Já dizia a canção dos Jáfumega: "A ponte é a passagem prá outra margem". A canção já tem uns bons aninhos, tantos como as promessas de construção da ponte a ligar Cedillo e Montalvão.
"Agora é que é" - garantiam, há meses, políticos de um e de outro lado da fronteira.  A construção da ponte foi assumida pelo governo espanhol, mas é mais fácil um rei - dito defensor dos animais - ser apanhado a matar elefantes, do que as obras da ponte avançarem.
Até lá, permanece uma miragem... A sonhar com a outra margem.
 A ponte sobre o Rio Sever unindo as povoações de Montalvão e Cedillo é uma promessa adiada. Houve viagens a Madrid, a Cáceres, o governo regional não era "da nossa cor", projectos antigos foram posto de lado e surgiram novos para dar resposta às clientelas políticas. Gastaram-se os euros e as pesetas, o que havia e não havia destinados à grande obra e tudo voltou à estaca zero. 
O dinamismo e o frenesim de há meses atrás deu lugar a um silêncio comprometedor. O governo regional, agora, até é "da nossa cor", mas está metido em camisa de onze "varas", comprometido com outras obras de maior interesse estratégico e político-eleitoral. 
A ponte sobre o Sever pode esperar. Já esperou tanto tempo, que mais ano menos ano, pouca diferença faz. Os eleitos na administração local (Câmara e Assembleia) estão preocupados com outras "obras". O dinheiro não abunda, a edil faz contas e continhas para poder poupar algum para a grande manifestação cultural do concelho: o festival pimbólico.
É preciso trazer, outra vez, um "mar de gente" à Praça da República capaz de encher o site e o boletim pimba da municipalidade. Com festas e bolos se enganam os tolos e o Jóny Barreiras é garantia de rossio cheio. O que fica? Que interessa isso? O concelho vive dessas "vagas de agitação", dois ou três dias por ano. Depois é a modorra total, a desertificação a acelerar, as esperanças a desabarem como castelos de cartas, o município a morrer e o deserto a instalar-se em passo de corrida.
Para o ano há eleições. Não se esqueçam! Trabalhamos para as pessoas! Garantimos, em primeiro lugar, o nosso emprego e a futura reforma, que há-de um dia chegar.
Saibamos esperar. Ter esperança é uma virtude, como diz o Fernando Santos. E a ponte sobre o Sever será um dia realidade. Não sabemos é quando nem onde...
Mário Mendes