Herói santanense nas Invasões Francesas
Rodrigão, um pastor do Arneiro, é o santanense mais ilustre
de que há registo, ao qual, até hoje, não foi feita a merecida homenagem.
Motta e Moura em 1885, no livro Memória Histórica da Notável
Vila de Niza, descreve a forma como Rodrigão (assim chamado devido à sua
gigantesca estatura) em 1752 contribuiu decisivamente para derrotar as tropas
espanholas, que depois de tomarem Almeida e outras praças da Beira dirigiam-se
ao Alentejo e acamparam no Açafal dado que o Tejo ia “grosso” devido às chuvas,
e as barcas tinham sido retiradas.
Rodrigão tomou a iniciativa e foi a Nisa falar com o
brigadeiro Bourgoine que comandava o exército aliado, composto por 2000
soldados portugueses mal armados e indisciplinados, 11 companhias de
granadeiros com duas peças de campanha e dois obuses e 400 soldados ingleses;
na noite seguinte ele esperou a cavalaria do coronel Leé nos Montes de Baixo,
tendo depois organizado a travessia do Tejo no cachão da “Foz de Botes” e
guiado as tropas até ao acampamento inimigo.
A pequena força de cavalaria, fez a travessia e o caminho
noite dentro, em silêncio, e surpreendeu os espanhóis a dormir, tendo feito
grande mortandade “…e fugiram, deixando-nos a bagagem e despojos, não voltaram
mais; e a corte de Madrid tratou logo da paz, que em breve se concluiu.”
A homenagem a este ilustre filho da terra, continua por
fazer, a ser ignorado, e o seu feito caiu no esquecimento. Os detentores do poder,
podem, mas não querem, fazendo jus ao ditado popular que “santos da casa não
fazem milagres”.
Joaquim Marques in “O Montesinho”