O Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – Associação
Nacional de Conservação da Natureza, apresenta aqui alguns factos, que na sua
opinião, marcaram positiva e negativamente o ano de 2013.
No plano nacional e internacional, o ano de 2013 continuou a
trazer por vários motivos, o Ambiente à ordem do dia. Nesse sentido, e como tem
vindo a ser habitual, a Direcção Nacional da Quercus emitiu um comunicado
oficial sobre o ano que agora termina.
Ao nível do distrito de Portalegre em 2013, e de acordo com
o trabalho desenvolvido, destacamos os seguintes factos:
O PIOR DE 2013
Aplicação de herbicidas
Transvase da água do rio Tejo
A celebração de um Memorando de entendimento em relação ao
Transvase Tejo-Segura entre o Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio
Ambiente espanhol, e as regiões de Múrcia, Comunidade Valenciana, Madrid,
Estremadura e Castela-Mancha introduzido sob a forma de uma emenda ao Projeto
de Lei de Avaliação de Impacto Ambiental é, além de um sinal de desprezo da
atual legislação ambiental, uma violação da legislação europeia e espanhola
sobre a água.
Este procedimento é totalmente irregular, ignora o processo de
planificação da bacia do Tejo, e é incorporado de uma forma estranha e
irregular no sistema jurídico, independentemente de qualquer discussão pública,
análise e informação aos cidadãos, violando a Diretiva-Quadro da Água, bem como
a própria legislação sobre a água e o acesso à informação por parte dos
cidadãos de Espanha e de toda a bacia do Tejo. Com a falta de água que se fará
sentir no futuro, alguns ecossistemas do distrito de Portalegre, e de toda a
bacia hidrográfica do Tejo, serão afetados por este tipo de medidas.
Declaração de Impacte Ambiental “Favorável Condicionada” ao
Projeto do Campo de Golfe da Herdade da Abrunheira, Portalegre
O Governo decidiu erradamente viabilizar o Projeto do Campo
de Golfe da Herdade da Abrunheira, Portalegre. A implantação deste tipo de
infraestruturas em
pleno Alentejo , é um absurdo e uma falta de estratégia, dadas
as condições climáticas da região onde são manifestos os riscos de
desertificação e onde não existe água para a rega constante de um campo de
golfe, levando a que a aposta local nesta atividade seja claramente errada.
Sabendo-se também que as previsões apontam para que no futuro a aridez desta
região venha a ser ainda maior, a insistência do Estado e de alguns
investidores privados neste tipo de iniciativas parece confirmar mais uma vez
uma visão de curto prazo e de lucro imediato, sem respeito por um
desenvolvimento que deveria ser sustentável, em respeito pelos valores naturais
e pelo futuro do país e da região.
Descoberta de Ouro
Embora o ouro seja considerado um metal precioso, valioso e
cobiçado, os métodos utilizados para a sua extração utilizam enormes
quantidades de água e produtos tóxicos, sendo muito poluentes para a água,
solos e ar. Em épocas de crise, países como Portugal tornam-se um alvo
preferencial para as grandes empresas extrativas de recursos minerais, onde
pode baixar a guarda face a preocupações ambientais, e criar-se um passivo
ambiental enorme, com consequências gravosas não só ambientais, mas também
sociais e económicas. Por isso, a descoberta de ouro nos municípios de
Arronches, Crato e Monforte deve ser encarada com muita cautela para que as
eventuais mais-valias do presente não sejam uma fatura envenenada ao futuro da
região.
Vedações no Parque Natural da Serra de São Mamede
Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza