Esta a nossa lei fundamental. Essencial. Identitária.
Cada país, o seu povo é, a um nível das mentalidades, de
alguma forma moldado de acordo com a constituição que tem. É a constituição que
lhe confere o ser pertencente a esse povo. É a marca distintiva entre um
britânico, um francês, um estado-unidense ou um português.
Deveria ser…
Esta edição que apresento e possuo e quase todos os dias
consulto, é repositório de oito, 8, versões desde o 25 de abril e fala-se já na
necessidade de uma nona para que possa contemplar as medidas da troika, numa
frase, deixar de ser a Constituição da República Portuguesa, para passar a ser
um produto troikado, adulterado, como uma qualquer marca contrafeita e barata
de feira.
Assim, não há mentalidade que aguente, não há identidade que
resista.
Com séculos de existência, contam-se pelos dedos as
revisões, ou emendas, sofridas pelas constituições britânica, francesa e
estado-unidense.
Enfim, mas é nossa, ainda.
É um livro que deveria ser de referência para todos nós, e
de reverência também.
A Constituição é um direito, nosso, sabê-la, deve ser um
dever, também nosso.
Esta versão, porque traz as oito versões pós 25 de abril tem
por isso uma particularidade e um aliciante extras: a possibilidade de comparar
artigo a artigo a sua evolução ou descaracterização, pois com tanta alteração
não poderia gerar consensos, o que não é bom nem mau, e assim podemos
acompanhar o que para uns tem sido o progresso da nossa democracia, para outros
constitui o declínio da nossa revolução.
Apesar de tudo, de estar em vias de ser troikada, para não
dizer truncada, de tanta vez alterada que não constitui alter-ego de ninguém,
não forma por isso mentalidades nem identidades, apesar de tudo, leiam a Constituição! Mantenham-se informados sobre a nossa lei fundamental.
Jaime Crespo