De quando em vez, assistimos a ondas de patriotismo,
acalentadas por quem afinal não passa de interesseiro patrioteiro.
Foi assim com Vaz Guedes e a Somague, dias depois de ter
aparecido, no seguimento de um encontro do grupo "Compromisso Portugal",
falou e veio defender a proteção das empresas e empresários portugueses. Passados
dias, vendia a sua participação maioritária na "Somague" a
investidores espanhóis...
Aquando estudante na Escola Industrial e Comercial de Portalegre,
o ilustre professor de matemática, dr. José Nunes, contava, história cuja
veracidade nunca pude confirmar, mas pela idoneidade do locutor poucas dúvidas
deixa, que Georges Robinson, inglês e industrial da cortiça em Portugal, que
muito ajudou no desenvolvimento de Portalegre, passou a sua herança às suas
três filhas, as quais, venderam todo o património que tinham em Portalegre para
ajudarem a Inglaterra no esforço de guerra (salvo erro, 2ª guerra mundial).
Há tempos, começou a aparecer diariamente no e-mail e no
facebook, mensagens apelativas ao consumo de produtos portugueses, fabricados
ou distribuídos por empresas portuguesas como caminho para combater e sair da
crise. Dei o destino, que este tipo de revivalismos nacionais me merecem: o
caixote do lixo.
Há pouco tempo atrás, uma das vozes que mais fortemente
fazia este mesmo apelo era a do empresário gerente, da Jerónimo Martins, Soares
dos Santos que vivazmente nos alertava para a necessidade de apostarmos em
empresas portuguesas e moralizava sobre a nossa produtividade.
Agora, parece que para pagar menos impostos, tornou o grupo
que gere holandês. Tudo legal como outra coisa não seria de esperar.
Mas enquanto estes patriotas de pacotilha vão continuando a
engordar as suas contas bancárias, o pobre emagrece e mesmo sem conhecer o
significado de pátria, é ele que é obrigado a pagar a crise.
Vão-se mas é foder!
Jaime Crespo