31.10.24
Barragem do Pisão não tem interesse público, dizem 7 organizações nacionais de ambiente do país
As Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) da Coligação C7 (ANP|WWF, FAPAS, GEOTA, LPN, Quercus, SPEA e ZERO) continuam a bater-se em tribunal contra a Barragem do Pisão, contestando o suposto interesse público da obra e salientando os graves impactes ambientais negativos referidos no Estudo de Impacte Ambiental (EIA). No mais recente passo de um processo que dura desde 2022, as ONGA recorreram a semana passada da decisão do tribunal, que decidiu não decretar a providência cautelar que obrigaria à paragem da obra.
As organizações da C7 consideram que a construção da Barragem do Pisão põe em causa os interesses da União Europeia, absorvendo fundos europeus num projeto que não respeita as suas estratégias e legislação, como a Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030 incluída no Pacto Ecológico Europeu, a Diretiva Quadro da Água, a Lei de Restauro da Natureza e o Regulamento do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), pelo que urge ser travada. Estão em causa danos ambientais significativos e irreversíveis.
Discordando da sentença do Tribunal, recorrível, este coletivo de ONGA apresentaram, em 25 de outubro de 2024 um recurso para o Tribunal Central Administrativo Sul, visando acautelar o efeito útil da ação administrativa principal para tentar que não se cometa mais este atentado contra o ambiente.
Mais informações no documento anexo.
A Coligação C7 para o ambiente e natureza é constituída pelas seguintes organizações:
ANP | WWF - Associação Natureza Portugal em associação com WWF | www.natureza-portugal.org
FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade | www.fapas.pt
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente | www.geota.pt | T 962602680 Helder Careto
LPN - Liga para a Protecção da Natureza | www.lpn.pt
QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza | www.quercus.p
SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves | www.spea.pt
ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável | www.zero.ong
31 outubro 2024
30.10.24
OUTUBRO ROSA EM NISA
É com este espirito de empatia e com o dever focado na prevenção da doença e no diagnóstico precoce do cancro da mama, que os profissionais do Centro de Saúde de Nisa, vestiram Rosa no passado dia 16 de outubro e nos seus postos de trabalho se manifestaram solidários.
” A capacidade de nos colocarmos no lugar do outro é uma das funções mais importantes da inteligência. Demonstra o grau de maturidade do ser humano”
Augusto Cury
Todos Juntos por uma causa!
29.10.24
MONTALVÃO (Nisa): Igreja Matriz em vias de classificação
A abertura do procedimento de classificação da Igreja de Nossa Senhora da Graça, ou Matriz de Montalvão como também é conhecida, situada nesta aldeia do concelho de Nisa, distrito de Portalegre, foi hoje publicada em Diário da República.
Segundo o anúncio, o presidente do Património Cultural, João Soalheiro, após proposta da então Direção Regional de Cultura do Alentejo, determinou a abertura do procedimento de classificação da igreja, incluindo o património móvel integrado.
Os elementos relevantes do processo estão disponíveis nas páginas de Internet do instituto público Património Cultural, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e Câmara de Nisa, é referido na publicação.
A Igreja Matriz de Montalvão, pode ler-se na página de Internet da Câmara de Nisa, foi edificada no século XIV ou final do de XIII e “destaca-se na malha urbana pela imponência dos seus volumes”.
In https://odigital.sapo.pt
Posição do SOS Racismo após encontro com governo: "muita publicidade, pouca vontade"
Na sequência do encontro promovido pelo Governo, importa ao SOS Racismo esclarecer:
1- O governo promoveu um encontro com organizações do movimento social da Área Metropolitana de Lisboa (AML) na sequência do trágico assassinato de Odair Moniz em circunstâncias ainda por apurar porque, aparentemente, muito distintas daquelas enunciadas pela PSP na sua primeira comunicação;
2- O caráter opaco e pouco inclusivo do processo de convocatória começou, desde logo, por comprometer a iniciativa e a possibilidade de discutir transparente e seriamente todos os aspetos relacionados com a desigualdade, exclusão e violência raciais, bem como a impunidade que grassa no seio das forças de segurança face ao uso e abuso de violência desproporcionada.
3- Não só se deixaram de fora muitas organizações com contributo inestimável e indesmentível sobre a defesa dos direitos destas comunidades, nomeadamente ciganas e migrantes, como se limitou, à partida, o alcance da análise e discussão ao restringi-las à área geográfica da Área Metropolitana de Lisboa, desconsiderando a dimensão estrutural e de âmbito nacional, da questão racial.
4- Este processo denuncia, assim, uma falta de vontade política em desenhar políticas públicas estruturantes e transversais no combate às desigualdades com factor racial. Por estes motivos, o SOS Racismo foi das primeiras organizações a manifestar a sua discordância com o procedimento, tendo solicitado, para além da presença de todos os movimentos com intervenção nesta questão, uma abordagem nacional.
5- Apesar da convocatória, com agenda muito vaga, sem especificar nem concretizar os objetivos e a expectativa do encontro por parte do executivo, aceitámos comparecer com a intenção de contribuir e de, acima de tudo, iniciar um debate aberto e frontal sobre todos os aspetos da violência racial e da exclusão social que a acompanha.
6- Uma vez na reunião, O SOS Racismo fez um pedido de ponto prévio, exigindo desculpas formais da PSP à família de Odair Moniz e à sociedade portuguesa em geral, face às declarações falsas, inconsistentes e equívocas apresentadas nas declarações públicas da PSP, a suspensão imediata do agente que matou Odair, bem como a demissão da direção da PSP por ter ainda mentido sobre os acontecimentos subsequentes, nomeadamente negando a invasão e arrombamento da casa em luto. Entende o SOS que não é possível compactuar com declarações falsas ou que distorçam e encubram os acontecimentos, emitidas por parte da direção da PSP, sempre que aconteçam situações de violência policial racista.
7- Infelizmente, o governo não mostrou abertura perante estas exigências nem mostrou vontade política de responder seriamente aos desafios que a questão racial coloca à nossa ordem democrática que, constitucionalmente, recusa todas as formas de discriminação, nomeadamente a racial.
8- Nesta sequência, endereçamos ainda as preocupações e críticas que nos merecem as políticas de igualdade do governo na área das migrações e do combate ao racismo que, procurando responder à pressão da extrema-direita racista e xenófoba, retrocede profundamente na proteção de garantias mínimas de proteção dos direitos das pessoas migrantes. Entre muitas outras exigências relacionadas com a política de imigração, exigimos o restabelecimento imediato da declaração de interesse e o regresso a uma abordagem administrativa aos processos em detrimento de uma abordagem securitária, repressiva e policial. Levantamos ainda o problema da paralisia institucional dos instrumentos de combate ao racismo, nomeadamente da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação racial e exigimos ainda a alteração do código penal, nomeadamente nos seus artigos 240 e 250.
9- Nas suas últimas declarações, o primeiro-ministro escolhe, mais uma vez, negar a existência do racismo em Portugal, prova de que não existe nenhum compromisso por parte do governo em combater a violência racial. Numa sociedade que recusa enfrentar a existência de um dos maiores problemas e desafios à sua democracia, é natural que o governo não tenha nenhuma resposta política ao problema do racismo e opte pela desonestidade e pela incúria/negligência política de o negar.
10- O governo parece mais cioso de abafar a contestação social e a indignação política suscitadas pelo assassinato de um cidadão pela PSP do que em construir soluções e respostas aos problemas estruturais que se escondem por trás da violência policial como aquela que vitimou Odair Moniz e demasiadas pessoas racializadas antes de si.
11- Infelizmente, o governo limitou-se neste encontro a apresentar uma linha política muito vaga que continua a não encarar o carácter estrutural do racismo, não tendo sido capaz de apresentar uma única medida específica orientada exclusivamente para o combate ao racismo. Todas as medidas anunciadas são genéricas e circunscritas à área metropolitana de Lisboa, o que não deixa de ser um erro político estratégico.
12- O SOS Racismo denuncia a manobra política que presidiu à convocatória desta reunião cujo propósito se confirmou situar-se mais na preocupação em salvaguardar a imagem do governo do que em defender os direitos e a dignidade das pessoas vítimas de violência policial racista. O combate ao racismo exige um compromisso forte das instituições e de quem as governa na elaboração de políticas públicas de combate às desigualdades estruturais, incluindo em particular as que partem de um factor racial. Sem este compromisso, é todo o projeto de sociedade democrática que está em jogo. Era aquilo que desejávamos hoje para o encontro com o governo. Infelizmente, o grande aparato resultou em quase nada. O governo esteve ainda longe deste desiderato. Lamentamos assim, concluir que se tratou de demasiada publicidade para pouca ou nenhuma vontade política.
Pela Direção
29 de outubro de 2024
Pedro Barreto eleito novo líder da JSD Distrital
No passado sábado, dia 26 de outubro, realizou-se o Congresso Distrital de Portalegre da JSD, no qual foram eleitos os novos órgãos para o próximo mandato.
Na reunião magna dos jovens social-democratas, Pedro Barreto foi eleito pelos seus pares para assumir a liderança da JSD Distrital de Portalegre neste novo ciclo que agora se inicia.
Na sessão de encerramento do supramencionado congresso, intervieram a Presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Fermelinda Carvalho, o Presidente do PSD Distrital de Portalegre, Rogério Silva, o Vice-Presidente da JSD/Nacional, Bruno Melim, e naturalmente Pedro Barreto.
No auditório do Museu da Tapeçaria de Portalegre, o novo líder explanou o novo projeto que a estrutura pretende colocar em prática no distrito com o objetivo de “aproximar os jovens da causa pública, fugindo à inércia e sem olhar a desgastes pessoais”, assumindo que a JSD irá “aos quatro cantos do distrito sem receio de certos concelhos em que existe uma maioria sociológica hostil à causa social-democrata”.
Pedro Barreto, jovem nisense de 21 anos, assume que a sua geração “tem sido muitas vezes responsabilizada pelo crescimento dos extremismos”, o que se deve, no seu entender, “ao facto de a atividade política estar profundamente desacreditada por ser tantas vezes exercida por quem precisa dela e não por quem tem a noção de que, quando se exerce um cargo político, está a fazer parte de algo que é superior a si mesmo, aos seus vícios e às suas vontades próprias”, acrescentando ainda que “ser moderado parece estar a ficar fora de moda e os jovens têm a obrigação de travar esta tendência”.
O também aluno e dirigente associativo da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa referiu que “a JSD é autónoma do PSD, tendo liberdade para pensar e agir, mas não vai, em condição alguma, fechar-se em si mesma e conta com o Partido para colaborar e dialogar, sempre pela elevação do estandarte do PSD”, admitindo que “as próximas Eleições Autárquicas são um desafio”, mas tendo a convicção que “um cenário positivo se aproxima no horizonte”.
A grande novidade na JSD Distrital de Portalegre para o próximo mandato é a fundação de um Gabinete de Estudos Distrital, o qual terá a finalidade de “dar a conhecer aos jovens do Alto Alentejo o que a JSD defende e pretende fazer na região, através de documentos e moções estruturadas que explicam tomadas de posição de forma fundamentada”.
Recorde-se que Pedro Barreto vem suceder a João Pedro Luís, que se despediu solenemente da JSD Distrital de Portalegre no passado sábado.
28.10.24
GAZA: Há bancos em Portugal a financiar as armas do genocídio
Santander, BBVA e o CaixaBank, dono do BPI, estão entre as instituições que financiam os principais fabricantes de armas que Israel está a usar nos massacres em Gaza e no Líbano.
Os sucessivos relatórios das Nações Unidas e pronunciamentos do Tribunal Internacional de Justiça a apelar ao fim dos crimes de guerra e à prevenção do genocídio não surtiram efeito junto do Governo israelita, que prosseguiu os massacres em Gaza, alargando-os ao Líbano, enquanto na Cisjordânia aumentam os ataques dos colonos e a repressão do estado sionista.
A máquina de guerra de Israel tem sido alimentada por fabricantes de armas europeus e estadunidenses, que são por sua vez financiados por grandes instituições financeiras. Se a venda de armas a Israel já era um negócio de alto risco antes do início do genocídio de Gaza, dadas as constantes violações das leis internacionais nos territórios palestinianos ocupados, desde outubro do ano passado ficou mais exposta a cumplicidade de muitos bancos com os crimes do apartheid israelita que já vitimaram mais de 43 mil habitantes de Gaza, na maioria mulheres e crianças.
Um relatório publicado em junho por várias ONG, como a Federação Internacional dos Direitos Humanos, lembra a responsabilidade das empresas que produzem armamento, bem como dos seus acionistas e financiadores, em respeitar os direitos humanos e a lei humanitária e penal internacional e em mitigar e prevenir impactos adversos para os direitos humanos pelo uso dos seus produtos, uma responsabilidade reforçada quando são usados em zonas de conflito. Ele selecionou apenas as seis empresas - entre o grupo dos 25 maiores produtores de armamento do mundo - que de acordo com os dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) sobre transferências internacionais de armamento forneceram armas novas a Israel entre janeiro de 2019 e dezembro de 2023: a Boeing, General Dynamics, Leonardo, Lockheed Martin, RTX (antiga Raytheon) e Rolls-Royce. Entre o armamento fornecido por estas seis empresas contam-se mísseis e bombas, helicópteros, caças, aviões de reabastecimento, motores para tanques e veículos blindados. Em seguida, o relatório seleciona os 20 maiores grupos financeiros europeus que forneceram empréstimos ou garantias àquelas empresas produtoras de armamento entre janeiro de 2021 e agosto de 2023, apoiando-se nas bases de dados da Bloomberg e Refinitiv Eikon.
Entre os bancos com presença em Portugal destaca-se o gigante francês BNP Paribas, com 4.709 milhões de euros em empréstimos e 1.011 milhões em garantias prestadas à Boeing, Leonardo, Rolls-Royce e RTX Coro. Segue-se o Deutsche Bank, com 2.845 milhões em empréstimos e 1.142 milhões em garantias às mesmas empresas, o Barclays (2.203 e 671 milhões, respetivamente) e o Lloyds (1.846 e 172 milhões). Barclays e Deutsche Bank são também acionistas de todas aquelas seis empresas, com participações que ascendem aos 978 milhões e 695 milhões, respetivamente.
Dos grandes bancos de retalho em Portugal a financiar empresas que venderam armamento a Israel destaca-se o Santander com 1.846 milhões de euros em empréstimos à Boeing, Leonardo e Rolls-Royce e mais 222 milhões em garantias à Boeing. O BBVA surge pouco atrás na lista, com 1.052 milhões de empréstimos distribuídos pela Boeing, General Dynamics, Leonardo e Rolls-Royce e mais 326 milhões em garantias às duas primeiras.
Outro relatório publicado este mês pelo Centro Delàs de Estudos para a Paz, intitulado “A banca armada e a sua corresponsabilidade no genocídio em Gaza”, inclui 15 empresas de armamento, entre as quais algumas da indústria militar israelita. Além das seis do relatório acima citado, refere a BAE Systems, Day & Zimmerman, Elbit Systems, Israel Aerospace Industries, Nammo, Navantia, Oshkosh Corp, Rafael Advanced Defense Systems e Rheinmetall. E concentra-se na banca espanhola, identificando 12 entidades financeiras, onde se destacam Santander e BBVA, mas também o Caixabank, dono do BPI em Portugal.
Nas contas feitas aqui em dólares, fica a saber-se que o BBVA financiou com 1.300 milhões, o Santander com 1.200 milhões e o CaixaBank com 110 milhões as empresas que exportaram bombas teleguiadas tipo GBU, fabricadas pela Boeing e General Dynamics, que Israel usou em dois massacres de Jabalia a 9 e 31 de outubro do ano passado e que mataram 42 e 56 civis, respetivamente. Os mísseis JDAM e os caças F-15 da Boeing ou os F-35 da italiana Leonardo têm sido presença constante nos bombardeamentos sobre Gaza, o Líbano e também o Iémen. BBVA e Santander também financiaram a alemã Rheinmetall, que exporta peças de artilharia de longo alcance como os M109-52 Howitzer ou as munições de tanque Rh-120, usadas de forma indiscriminada contra a população e infraestruturas civis palestinianas. Ou a General Dynamics e a Day & Zimmerman, que produzem projéteis disparados pelos tanques israelitas.
Entre empréstimos, créditos recorrentes, subscrição de obrigações ou participação acionista no capital de alguma ou várias daquelas 15 empresas, o volume total de financiamento e investimento em fabricantes de armas usadas no genocídio ascende a 2.442 milhões de dólares para o Santander, 1.558 milhões para o BBVA e 110 milhões para o La Caixa, conclui este relatório.
Na lista das principais entidades da “banca armada internacional” a financiar empresas que vendem armas usadas no genocídio em Gaza, o BNP Paribas é o primeiro banco europeu e surge apenas na 15ª posição. No topo da lista estão os grandes fundos de investimento, como o Vanguard (41.107 milhões de dólares), o State Street (38.620 milhões), o Capital Group (31.603 milhões) ou a Blackrock (30.570 milhões), que é acionista de várias cotadas portuguesas, entre as quais a EDP, o BCP, a NOS, a Jerónimo Martins e os CTT. Este top-5 encerra-se com o Bank of America (18.909 milhões). O Santander ocupa a 36ª posição e o BBVA a 51ª.
Os números desta lista, concluem os autores do relatório, mostram como “os grandes investidores institucionais, liderados por entidades estadunidenses e europeias, apoiam massivamente a indústria do armamento, tornando evidente que as instituições financeiras são parte principal do ciclo económico militar que permite a continuação dos conflitos armados e das violações dos direitos humanos por todo o mundo”. Por outro lado, ela expõe a hipocrisia de instituições como o Santander, BBVA e o Caixabank, que apregoam valores nas suas políticas de responsabilidade corporativa como os de promover e respeitar os direitos humanos ao mesmo tempo que não mostram vontade de travar o financiamento e investimentos em entidades que os contrariam. E assim mantêm uma “relação direta com violações dos direitos humanos, crimes de guerra e violação do direito comercial humanitário”, sublinha o relatório do Centro Delàs de Estudos para a Paz.
Há dois anos, o banco Santander, o BBVA e o CaixaBank figuravam também na lista dos maiores financiadores das 50 empresas com negócios nos colonatos ilegais que Israel construiu nos territórios palestinianos ocupados, com cerca de 9.500, 5.000 e 660 milhões de dólares concedidos, respetivamente. Mais uma vez é o BNP Paribas - com 25 mil milhões de dólares em créditos e 3.000 milhões em ações e obrigações dessas empresas - que lidera este ranking elaborado por 24 ONG europeias e palestinianas no relatório “Don’t Buy Into Occupation”.
in www.esquerda.net - 28 Outubro 2024
UGT Portalegre enaltece o novo passe ferroviário verde e aguarda comboios com novos horários
“A mudança radical é que agora é uma medida para o país todo”, explicou o Ministro das Infraestruturas e Habitação, “querendo mais pessoas a andar na ferrovia”, o que não poderia ir mais ao encontro das expectativas da UGT Portalegre, até no seguimento do que foi o tema do seu último Congresso distrital em 2023, apelando à “coesão com infraestruturas ferroviárias e rodoviárias adequadas”.
Este novo passe, com um custo mensal de 20 euros, é uma muito boa oportunidade para a nossa região, e agora é só aguardar o aumento da circulação de comboios na estação de caminho de ferro de Portalegre, capital de distrito, que dista doze quilómetros do centro da cidade, e nas restantes estações da Linha do Leste no distrito, e com horários adequados que permitam, por exemplo, a deslocação de trabalhadores para outros destinos (benesses também do teletrabalho, que agradecemos), ou a Lisboa para pessoas que tenham marcadas consultas médicas ou mesmo transportar os nossos alunos deslocados para a sua semana de aulas.
Vejamos, actualmente temos duas partidas de Portalegre para Lisboa, às 14h10 e às 19h42, com préstimos muito pouco entendíveis para estarem ao serviço dos cidadãos. Por outro lado, temos horários de regresso exclusivamente no período da manhã. Ou seja, na prática, estes horários servem quem queira visitar Portalegre e regressar no mesmo dia, talvez devido à dinâmica de turismo que a capital de distrito comporta, ou mesmo as restantes cidades, Elvas e Ponte de Sor, e vilas, mais do que serve as populações locais. Para que nos vai servir o passe reduzido de 20 euros, se nos vemos obrigados a pernoitar, com os devidos custos, se tivermos a necessidade de nos deslocarmos, por exemplo, a Lisboa?
Reivindicamos que toda esta visão de utilidade ferroviária, na óptica de sermos cidadãos portugueses iguais a todos os outros (assim dita a Constituição da República), não de segunda, deverá ser rapidamente alterada. Tal como os habituais merecedores das melhores atenções, queremos e temos o direito de ter serviços condignos e adequados ao dispor e de podermos usufruir deles utilizando este novo passe ferroviário. O que naturalmente obriga ainda a que, no caso de Portalegre, não sendo deslocalizada a Linha do Leste para junto da cidade, o que já reclamámos várias vezes para a zona industrial, e que traria garantidamente mais emprego, seja criada uma ligação rodoviária adequada à estação de caminho de ferro, tendo em conta os horários das viagens, e que a mesma fique à responsabilidade institucional e empresarial nacional, regional, distrital ou municipal.
26.10.24
GAVIÃO: Apresentação de livros de Domingos Boieiro
Apresentação dos livros “Casa da memória” e “50 anos de um dia apenas” de Domingos Boieiro
Dia 2 de novembro || 16:00
Local: Biblioteca Municipal
NISA: Magusto e Animação Musical na União de Freguesias de Nisa -
Dia 9 de Novembro a festa é na sede da União de Freguesias em Nisa. Música de Paulo Cavaquinho Show in Trio com a participação do João Miguéns .
25.10.24
OPINIÃO: O Genocídio do povo palestino
São cada vez mais raros, mas, felizmente, ainda há quem tenha saúde mental!
NATO, USA e infelizmente para todos nós, a UE enlouqueceram numa paranóia doentia de imputação de intencionalidades!!!
Digamo-lo, chamando os bois pelos nomes: em nome do dinheiro disponibilizado pelo comércio das armas, do tráfico de influências e da corrupção!
Foi assim que assassinaram, injusta e infundadamente, da maneira mais vil e execrável Sadam Hussein (pensam que as pessoas não se lembram?!?!?!), que destruíram a Síria, que condenaram o Afeganistão à ditadura talibã, que apoiaram o Genocídio Inominável de Gaza pela implacável e irrecuperável loucura de alguém que encarna verdadeiramente o Mal, alegando-se Presidente de um Estado construído à custa do roubo das terras de um povo que quer erradicar da sua Pátria!
Desculpem, mas perderam-se (quase) todos os valores e a manipulação da opinião pública, ditada e determinada pelos que promovem o que há de pior na condição humana, faz a opinião pública dos cobardes cidadãos que, quais cães de louça, abanam a cabeça a toda a propaganda, enquanto lhes roubam o tempo de vida, em troca de salários miseráveis, acicatados contra migrantes, ciganos, refugiados e tudo o que não for igual à sua provinciana vida de aldeia e "cultura do postigo" que a "american fashion" promoveu através da própria insidiosa e malévola cultura da intriga e do boato (a que chegam "Gossip" para encher a cabeça dos adolescentes com lixo)... que alimentou a própria INQUISIÇÃO?
NÃO, EM MEU NOME!
DISSE!
* Texto de Ana Paula Fitas
** Título da redacção
Dia de luta convocado pelos sindicatos dos trabalhadores da Administração Pública da CGTP-IN leva ao encerramento de vários serviços no distrito de Portalegre
Para hoje, dia 25 de outubro, está convocada, pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública da CGTP-IN, uma manifestação nacional em Lisboa. Os trabalhadores da Administração Pública vão protestar contra o empobrecimento e a perda de poder de compra e a ausência de respostas aos problemas das carreiras que têm sido colocados.
A este propósito, os sindicatos da Frente Comum emitiram um pré-aviso de greve que, em resultado do descontentamento dos trabalhadores, contou com elevada adesão particularmente no sector da educação.
Os trabalhadores não docentes, que ainda no dia 4 de Outubro demonstraram a sua disponibilidade para prosseguir a luta pela recuperação das suas carreiras, dinamizando uma greve que levou ao encerramento de dezenas de escolas só no distrito de Portalegre, estiveram mais uma vez hoje em protesto.
Em Portalegre, frente à escola do Atalaião, dezenas estiveram concentrados. Noutras escolas como as Sedes de Agrupamento de Avis, Nisa, Crato, Arronches, Bonfim em Portalegre (à excepção da escola da Corredoura) e ainda a EB/JI da Boa Fé em Elvas, EB/JI de Avis e a ES Mouzinho da Silveira em Portalegre estiveram fechadas ou sem actividade lectiva.
Outros serviços públicos como as Finanças em Campo Maior e o Centro de Saúde em Arronches não estiveram a funcionar em consequência da greve dos trabalhadores da Administração Pública.
Também o sector dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Portalegre esteve condicionado assim como outros de outras autarquias, devido ao protesto dos trabalhadores da Administração Local.
24.10.24
ELVAS: Tribuna pública da USNA - CGTP/IN
No âmbito da Acção Nacional de Mobilização, Reivindicação e Luta convocada pela CGTP-IN, que teve início no dia 7 de Outubro e que terminará a 9 de Novembro com a realização de 2 manifestações nacionais, em Lisboa e no Porto, a União dos Sindicatos do Norte Alentejano/CGTP IN vai promover uma Tribuna Pública, no próximo dia 30 de Outubro, pelas 17h, na Praça 25 de Abril em Elvas.
Esta iniciativa, que vai contar com a participação de trabalhadores e activistas sindicais de diversos sectores e locais de trabalho do distrito de Portalegre, tem como objectivo divulgar os processos reivindicativos em curso na nossa região, as suas características, os seus resultados e as suas perspectivas de luta futuras.
23.10.24
OPINIÃO: Uma nova definição de coesão
Somos um país de assimetrias e há muitas maneiras de olhar para os números que as ilustram, mas na hora da verdade as conclusões confluem para um dado inequívoco: é nas chamadas regiões de baixa densidade que há maior risco de pobreza, o mais baixo rendimento médio e os valores mínimos no PIB per capita. Mostram-no de forma consistente os sucessivos relatórios do INE, da Pordata ou da Rede Europeia Anti-Pobreza, entre muitos outros estudos.
É por essa razão que as políticas de coesão têm tido como objetivo promover um maior equilíbrio e desenvolvimento económico nas diversas regiões, procurando multiplicar a fixação de pessoas e de investimento no Interior. No congresso do PSD, o primeiro-ministro estreou um novo conceito de coesão territorial, convidando “qualquer sítio do país a olhar para a nossa capital” e apresentando o grande projeto de requalificação que visa criar uma “metrópole vibrante e homogénea” nas duas margens do Tejo.
Não se discute que a região de Lisboa tem evidentes disparidades, até porque os municípios com maiores rendimentos são precisamente os que têm desigualdades de distribuição mais altas. Também podemos relativizar a forma como Luís Montenegro anunciou com pompa projetos há muito conhecidos para revitalização da Margem Sul. O que é mais difícil de perceber é que tenha feito corresponder a esse anúncio o tema da coesão territorial, subvertendo-o na sua base.
No meio do ruído intenso causado pela promessa de libertar a disciplina de Cidadania das suas “amarras ideológicas” (essa bandeira que tanto inquieta os portugueses, na opinião de Montenegro), esta visão de um país a olhar mais uma vez para a capital passou sem sobressaltos por entre os pingos da chuva. Não fosse uma reação do presidente da CCDR-N, que defendeu um “modelo policêntrico” e sublinhou que “o Norte espera uma política de coesão no verdadeiro sentido da palavra”, e quase nada se diria sobre o tema. Imagino que ao menos o ministro Castro Almeida se tenha inquietado com a nova definição de coesão territorial. Resta saber se consegue discuti-la à mesa do Conselho de Ministros.
Inês Cardoso – Jornal de Notícias - 23 outubro, 2024
PORTALEGRE: Dois detidos por caça ilegal
O Comando Territorial de Portalegre, através do Serviço da Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) de Portalegre, no dia 20 de outubro, deteve dois homens de 63 e 70 anos, por caça ilegal, na freguesia de Urra, no concelho de Portalegre.
No decorrer de uma ação de fiscalização ao exercício do ato venatório, para prevenção e deteção de situações ilícitas, os elementos do SEPNA detetaram que os suspeitos exerciam o ato venatório sem autorização, motivo que levou às suas detenções em flagrante.
No seguimento das diligências policiais, foi possível apreender o seguinte material:
Duas armas de fogo;
Livretes de manifesto das mesmas;
32 munições;
Duas cartas de caçador.
Os detidos foram constituídos arguidos, e os factos foram comunicados ao Ministério Público de Portalegre.
22.10.24
COMUNICADO DO SOS RACISMO: Odair Moniz, mais um na longa lista de mortos às mãos da PSP. Mas, isto até quando?
Na madrugada de 21, Odair Moniz de 43 anos foi alvejado por um agente da PSP e acabou por sucumbir às suas feridas.
Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública. A sua morte acontece num contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de um securitarismo estigmatizante dirigido às comunidades negras.
A leitura do comunicado da PSP suscita mais dúvidas do que traz esclarecimentos sobre as condições da morte de Odair Moniz. Como é que alguém que se despistou num carro em fuga pode sair em condições de querer agredir agentes armados? Tendo sido a tentativa de agressão com arma branca segundo a PSP, supõe-se isso então ter existido uma efetiva proximidade com o agente atirador? Se sim, porque não alvejou a vítima na parte inferior do corpo para imobilizá-lo, em vez de atirar para a axila, uma zona mais propensa a resultar em morte?
Em todos os casos de brutalidade policial que resultou nas mortes de cidadãos negros, racializados, a PSP nunca foi convincente sobre as condições e motivos destas mortes. Portanto, num país cuja polícia está inegavelmente infiltrada pela extrema-direita racista, as mortes de pessoas negras às mãos de agentes policiais levantam as maiores dúvidas e preocupações sobre as reais motivações das intervenções policiais que acabam nestas mortes.
Para que a morte de Odair Moniz não se resume a mais um caso, mais um número da macabra estatística mortífera da intervenção policial nos territórios e nos corpos habitados por pessoas negras, há que se abrir um inquérito para apurar com a maior das celeridades todas as responsabilidades dos agentes envolvidos neste assassinato, incluindo as da própria cadeia de comando. Enquanto decorrem as investigações para o apuramento das responsabilidades dos envolvidos, exige-se a sua suspensão imediata de funções.
O SOS Racismo lamenta mais uma morte que se junta à longa lista de mortos às mãos da PSP, denunciando o laxismo e a impunidade que têm caracterizado a intervenção das tutelas e da direção da PSP nestas circunstâncias. O SOS Racismo denuncia um padrão de intervenção policial que opta por uma espécie de exceção jurídica em que a violência e a morte nos territórios e corpos habitados por pessoas negras passam a ser uma regra.
O SOS Racismo apresenta as condolências e manifesta a sua total solidariedade à família de Odair Moniz e a toda a comunidade enlutada, disponibilizando-se a acompanhá-las em tudo o que necessário para o apuramento da verdade sobre deste assassinato.
SOS Racismo
21.10.24
20.10.24
OPINIÃO: Combater a pobreza tem de ser um desígnio nacional
A decisão de celebrar anualmente, desde 1992, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza a 17 de outubro, sob a égide das Nações Unidas, tem como objetivo mobilizar decisores políticos, organizações não-governamentais e a sociedade em geral, incitando-os a assumir o combate à pobreza e à exclusão social como imperativo coletivo.
Assumindo que todos desejamos uma sociedade que respeite os direitos e a dignidade humana, é certo que não há liberdade em situação de privação.
Em pleno século XXI e trinta e dois anos depois da decisão das Nações Unidas, Portugal regista cerca de um milhão e setecentas mil pessoas a viver em condições de pobreza e de exclusão social. São números absolutamente inaceitáveis, sobretudo, porque são os grupos mais vulneráveis, invariável e injustamente, os mais afetados. Pobreza é também ficar indiferente, pelo que enfrentar e corrigir este cenário tem de ser um desígnio nacional.
É crucial, pois, mobilizar recursos para o aprofundamento do direito a não ser pobre e mobilizar vontades para que o compromisso e o combate sejam coletivos. Temos de ser capazes de cumprir o direito constitucional à habitação, um dos pilares sociais que tem sido mais difícil de concretizar, requisito fundamental para aceder a outros direitos essenciais e básicos como a saúde, a educação, o trabalho, a cultura, a proteção social e o bem-estar. Os desígnios são fáceis de elencar mas as tarefas necessárias, muitas vezes, hercúleas: promover os direitos das crianças, valorizando a escola pública e assegurando que crescem e se desenvolvem em ambientes familiares livres de privação e exclusão; assegurar aos nossos idosos condições de vida dignas; disponibilizar o acesso a serviços sociais de qualidade a todos os cidadãos, em especial aos mais vulneráveis, entre os quais as pessoas em situação de sem-abrigo; combater o preconceito contra pessoas com deficiência e facilitar a sua efetiva integração; promover práticas igualitárias e combater todas as formas de discriminação e de injustiça.
Apesar dos problemas que persistem, é reconhecido que o Porto tem desenvolvido políticas de reforço da solidariedade e justiça social. Destaco
apenas três: a coordenação de uma Rede Social com cerca de trezentas entidades; a gestão, com financiamento totalmente municipal, de um centro de acolhimento temporário para pessoas em situação de sem-abrigo, a elaboração e implementação de um plano de ação especificamente pensado para as pessoas mais velhas, “Porto Cidade Amiga das Pessoas Idosas”. Porque uma cidade não é uma ilha, é fundamental que todos os municípios assumam a responsabilidade de prevenir as situações de forte vulnerabilidade que possam conduzir à condição de desabrigo, enquadrando-a nas políticas sociais e de emergência, nas respostas de primeira linha e no investimento na habitação pública.
Face à imensidão do problema e à sua complexidade, sentimos, por vezes, que as políticas que desenvolvemos são, como disse Madre Teresa de Calcutá, uma gota de água no oceano. Mas “vale a pena prosseguir, porque o oceano seria menor se lhe faltasse essa gota.”
• Fernando Paulo - Vereador da Coesão Social da Câmara do Porto e Coordenador do NPISA Porto - Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo
In Jornal de Notícias -17 outubro, 2024
19.10.24
SANTANA (Nisa): Caminhada do Outono 🍂
Dia 2 de novembro, todos os caminhos vão dar ao Conhal!
Até 30 de outubro, inscreva-se e junte-se a nós para uma caminhada pelo nosso trilho PR9, e deixe-se deslumbrar pelos encantos de Santana, seguido de um almoço de convívio.
18.10.24
IN MEMORIAM: Nos 30 anos do falecimento do pintor Augusto Pinheiro
Nasceu na vila de Nisa, Alto Alentejo, em 22 de Agosto de 1905. Era comerciante de profissão e começou a pintar aos 66 anos. Participou em 40 exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro e realizou 17 individuais.
Faleceu em Nisa a 18 de Outubro de 1994.
AUGUSTO PINHEIRO
No centenário do seu nascimento
... Quando se iniciou na pintura, Augusto Pinheiro não escolheu escolas ou correntes, linguagens ou formas de expressão. Deu rédeas soltas à sua imaginação e começou a pintar como o seu instinto lhe ditava, com total liberdade e desprendimento das regras da perspectiva ou da composição de que nunca ouvira falar. Com cores primárias e fortes, pondo em destaque os elementos que mais lhe diziam ao gosto e ao coração.
Augusto Pinheiro é dum dos mais puros e autênticos "naifs" portugueses - escreveu o dr. Lima de Carvalho, director da Galeria de Arte do Casino Estoril, neste texto que estamos a reproduzir -, pelo ingenuismo quase infantil dos seus trabalhos, a poesia lírica que ressalta de cada de cada um dos seus quadros, a falta total de perspectiva, a pureza das cores, a originalidade dos temas e soluções. O carinho. O amor.
(...) Robert Thilmany, um dos maiores estudiosos desta corrente, no seu livro "Critériologie de L´Art Naif" enuncia as seguintes quatro características fundamentais desta pintura:
* o perfume da inocência, uma "candura angélica", uma ingenuidade de tema ou execução, que constitui uma das características fundamentais da modalidade;
* a poesia, que traduz a visão poética da realidade que os pintores "naifs" colocam nos seus trabalhos;
* a originalidade criadora, pessoal, inventiva, indispensável a toda a arte "naif" digna desse nome;
* a dimensão metafísica de uma certa procura de absoluto, numa perspectiva festiva, simbólica, hedonista, religiosa, social, mística ou qualquer outra, cuja ausência reduz a arte a um puro objecto decorativo.
Augusto Pinheiro está representado nos Museus de Pintura "Naif" de Jaén e Figueras, em Espanha e no Museu de Arte Primitiva Moderna de Guimarães.
Entre os prémios que recebeu referem-se: Menção Honrosa no Salão de Outono 1981 da Galeria de Arte do Casino Estoril; Menção Honrosa no IV Salão Nacional de Pintura "Naif" da Galeria de Arte do Casino Estoril; Prémio Câmara Municipal de Guimarães no XIV Salão de Pintura "Naif" da Galeria de Arte do Casino Estoril.
(...) A pintura "naif" está a afirmar-se cada vez mais em todos os países, com a realização de exposições, publicação de livros, abertura de galerias e até a instalação de museus exclusivamente dedicados a esta modalidade e os coleccionadores adquirem obras de arte "naif", que em muitos casos atingem cotações tão elevadas como os trabalhos das outras correntes e tendências.
(...) Em Portugal a Câmara Municipal de Guimarães promoveu em 1991 a organização de um Museu de Arte Naif, designado de Arte Primitiva Moderna, reunindo hoje mais de 100 trabalhos de artistas portugueses, brasileiros e espanhóis, oferecidos na sua quase totalidade através de diligências feitas pela Galeria de Arte do Casino Estoril.
Pensamos que a melhor homenagem que se poderia prestar em Nisa a Augusto Pinheiro - são, ainda, palavras de Lima de Carvalho - seria, com o seu espólio e os quadros que doou à Misericórdia, e outros doados por outros artistas, dar início a um processo de criação de um museu de Arte "Naif" Augusto Pinheiro em Nisa. Vamos a isso?
O seu mundo é um mundo singular. Um mundo de sonho e fantasia. O verdadeiro pintor "naif", mais do que com os pincéis e as tintas, pinta com o coração.
Assim era Augusto Pinheiro. Um grande Artista que honra Nisa, sua Terra e de que todos nos devemos orgulhar.
Completaram-se, no passado dia 22 de Agosto, 100 anos sobre o nascimento de Augusto Pinheiro. Mais do que a evocação de uma pessoa, uma vida e uma obra, lembramos, nesta singela homenagem o homem, o pintor e o cidadão de Nisa que, desaparecido do nosso convívio continua a estar presente através do colorido e da intensidade luminosa, humana, das obras que nos legou e que devem constituir património cultural desta terra que o viu nascer e foi musa inspiradora do seu talento.
Falar de Augusto Pinheiro, artista, aqui e agora, seria repisar o que abalizados críticos de arte desde há muito vêm repetindo.
A atribuição do prémio "Câmara Municipal de Guimarães", a mais alta distinção do "Salão Ibérico de Arte Naif", realizado na Galeria de Arte do Casino Estoril, em Agosto de 1993, representa o reconhecimento por toda uma obra pictórica ao longo de 23 anos, que o levou aos mais distintos salões e galerias de arte, um pouco por toda a Europa.
Recolhido a Nisa, sua terra natal, aqui passou os últimos anos da sua vida, continuando a pintar, já sem o fulgor e clarividência dos tempos áureos da sua obra.
Apesar disso, manteve sempre, até morrer, a lucidez de um desejo, um sonho, um projecto, de que falava com alguma insistência e que não viu concretizado: a instalação de um museu, de uma sala de exposições onde as suas obras e de outros pintores "naifs" pudessem mostrar aos vindouros, a beleza e a perenidade da arte e da cultura.
Mais do que a homenagem que lhe prestamos e irá continuar com outras iniciativas, impõe-se transmitir para a posteridade o sonho do artista, ajudando a criar um espaço onde os quadros de Augusto Pinheiro, possam ver a luz do dia e passar a mensagem do amor que dedicou à natureza e, por ela, à vida.
É o mínimo que podemos fazer pela sua memória.
A todos, muito obrigado!
ALPALHÃO: Assembleia da Liga dos Amigos de Alpalhão
Esta Assembleia será aberta a todos os Alpalhoeiros e amigos de Alpalhão.
Um grupo de Sócios da Liga com a intenção de continuar as actividades estabelecidas nos Estatutos desta Associação, pretende e convoca uma Assembleia Extraordinária para Sábado, dia 2 de Novembro, pelas 15H00 na sede situada na Junta de Freguesia, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
- Análise das actividades anteriores
- Discussão, análise e aprovação de Contas
- Eleição de Nova Direção
- Informação e Propostas para actividades futuras
Alpalhão, 15 de Outubro de 2024
Pelo Presidente da Assembleia Geral
João Tavares Mourato
PONTE DE SOR: Detido por furto de 1500 quilos de lenha de sobreiro
O Comando Territorial de Portalegre, através do Posto Territorial de Ponte de Sor, deteve, no dia 16 de outubro, um homem de 31 anos por furto, no concelho de Ponte de Sor.
No âmbito de uma ação de patrulhamento, os militares da Guarda Nacional Republicana receberam uma denúncia relativa à presença de um homem com um comportamento suspeito, num terreno privado. Os militares deslocaram-se de imediato para o local, tendo detetado que o indivíduo já se encontrava em fuga.
No decurso da ação policial, o suspeito foi intercetado e foi-lhe realizada uma revista pessoal de segurança e uma busca sumária ao veículo, através das quais foi possível encontrar uma grande quantidade de material lenhoso, designadamente, 1 500 quilos de lenha de sobreiro.
O suspeito foi detido, constituído arguido e os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Ponte de Sor.
17.10.24
16.10.24
OPINIÃO - Chamar Israel pelos nomes: invasor e genocida
A população mundial não está do lado do genocida. Israel está em descrédito internacional, em crise política e em direção ao desastre. Hoje, mais do que nunca, solidariedade com a resistência anticolonial palestiniana.
Nos últimos dias Israel matou pessoas na Palestina, no Líbano e na Síria. Como castigo, a União Europeia e os Estados Unidos da América vão enviar-lhes mais armas e mais dinheiro, sob pretexto de Israel estar apenas a defender-se. Está firme a cumplicidade com o genocídio, mas a solidariedade internacional cresce e o projeto sionista está a ruir.
No passado dia 17 de setembro, os serviços secretos israelitas lançaram uma operação de terror em massa no Líbano, com a explosão indiscriminada de pagers e outros dispositivos que mataram mais de 40 pessoas, entre eles dirigentes do Hezbollah, e feriram mais de 3.500. A escalada seguiu com violentos bombardeamentos em Beirut e uma invasão terrestre no sul do país, onde a chamada “linha azul” é garantida por capacetes azuis da ONU.
“Qualquer passagem para o Líbano constitui uma violação da soberania libanesa e da integridade territorial, bem como uma violação das resoluções da ONU“, afirmaram os ‘capacetes azuis’ em comunicado. Ainda assim, Israel prosseguiu com o caminho da guerra total, desencadeando uma massiva deslocação forçada de civis e mais de mil mortos até ao momento em que estas linhas são escritas.
O avanço de Israel sobre o Líbano por terra constitui um plano de Netanyahu para incendiar o Médio Oriente em proveito político próprio. Não se trata de resgatar reféns – como a própria população israelita reconhece – nem de defender um dos países mais armados do mundo. É uma invasão – palavra tão fácil de proferir, e bem, quando se fala da Rússia, mas que a diplomacia internacional teima em esquecer quando se fala de Israel. Temendo a derrota de Trump, Netanyahu quer arrastar o Médio Oriente para a guerra e assim influenciar as eleições norte-americanas. É preciso não esquecer que tudo isto faz parte do plano sionista de expansão, mas depende do dinheiro e das armas dos EUA. A prova de que nada deste terror tem a ver com a defesa da democracia é que o maior medo de Israel é que uma vitória democrata desvie recursos financeiros para a Ucrânia. Putin agradece.
O mundo e aquela região em particular já viveram guerras suficientes para saber que não se combate o terrorismo com massacres hediondos de populações civis. Sucessivas invasões por parte de “potências ocidentais” com justificações mais ou menos bondosas como aquelas que Israel agora invoca acabaram sempre em desastres humanitários, crescimento do radicalismo político e religioso, militarização e derrota. O Iraque, o Afeganistão, a Palestina e o próprio Líbano estão aí para o provar.
O alargamento da violência no Médio Oriente tem de ser uma preocupação maior de todos nós. Cabe-nos rejeitar uma guerra EUA-Israel contra o Líbano e o Irão, exigir o cessar-fogo, assim como o boicote e sanções e embargos a Israel.
Em Portugal, Paulo Rangel mentiu sobre a bandeira portuguesa no navio Kathrin que transporta material explosivo com destino a Israel. A mobilização da sociedade portuguesa e a ação do Bloco de Esquerda obrigaram-no a reconhecer a verdade e a atuar. O navio já pediu para retirar a bandeira português e assim Rangel teve de reconhecer o genocídio e o risco de cumplicidade que há no transporte de material militar por entidades sob jurisdição portuguesa. Esta vitória do movimento de solidariedade não para o genocídio, mas mostra que vale a pena lutar. Resta saber se o Governo será mais expedito em condenar Israel por ter declarado António Guterres “persona non grata”.
A população mundial não está do lado do genocida. Israel está em descrédito internacional, em crise política e em direção ao desastre. Hoje, mais do que nunca, solidariedade com a resistência anticolonial palestiniana.
• Joana Mortágua in www.esquerda.net - 16 de outubro 2024
Alentejo Walking Festival com dois percursos no concelho de Nisa
O Alentejo Walking Festival pretende celebrar, entre os dias 10 e 20 de outubro, a natureza e a cultura do Alentejo através de caminhadas pela rede de percursos pedestres dos municípios do Alentejo.
O Município Nisa vai integrar este evento com dois percursos:
▪ 19 de Outubro - Percurso PR11 NIS "Trilho da Barca D'Amieira;
▪ 20 de Outubro - Percurso PR9 NIS "Trilho da Mina de Ouro do Conhal".
Para mais informações e inscrições aceda ao site: https://alentejowalkingfestival.pt/percursos
15.10.24
OPINIÃO: Casas vazias
A crise na habitação está à vista de todos. Portugal está imerso numa nova bolha imobiliária que pesa sobre a economia e está a empobrecer largas camadas da população. Há já algum tempo que nos encontramos numa emergência habitacional que afeta principalmente os rendimentos mais baixos e as gerações mais jovens, mas também os rendimentos médios. Ao contrário da crise de 2008, que afetou principalmente os bancos, a atual é mais corrosiva socialmente, porque os preços não param de subir e, numa situação destas, é mais difícil definir políticas que combatam o mercado.
Após o rebentamento da bolha imobiliária de há mais de 15 anos, a construção em Portugal caiu a pique, precisamente quando a população está a crescer devido à chegada de imigrantes.
Segundo Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, é preciso construir 45 mil casas por ano, mais 13 mil do que as construídas em 2023, para responder às graves carências habitacionais do país. Ainda para mais, o défice de casas coincidiu com uma nova situação na economia global em que o setor imobiliário se tornou um refúgio para os investidores face à incerteza ou à baixa rentabilidade de outros ativos financeiros. São os estrangeiros e os mais ricos que fazem com que os preços subam diariamente. Com um retorno do investimento em habitação de 9,7%, não é de estranhar que Portugal se tenha tornado um dos países que mais investidores atraem. Mas não é só um problema do nosso país. Em toda a OCDE, a compra de habitação como investimento cresce mais do que a aquisição de uma habitação primária. No fundo, a habitação é cada vez mais um bem financeiro, o que colide frontalmente com o seu estatuto de necessidade básica. E é isso que é preciso mudar, muito antes de qualquer política de habitação de qualquer Governo. Por muito que se construam casas de renda acessível. Fosse o mercado financeiro mais apetecível e logo deixariam de existir investidores que compram em planta para terem os apartamentos vazios.
António José Gouveia – Jornal de Notícias - 15 outubro, 2024
CRATO: Inauguração do Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia do Crato
O Município do Crato convida toda a população para a inauguração, no dia 16 de outubro (4ªfeira), pelas 10h00, do Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia do Crato, situado na Zona Industrial. A referida inauguração será presidida pelo Ex.mo Sr. Secretário de Estado da Agricultura, João Moura.
Do programa consta, também, uma Cãominhada, pelas 9h00, com concentração no Jardim Municipal.
14.10.24
TEXTOS DE AUTORES NISENSES (20) - Carlos Cebola - A ópa do Nézinho
Contos de Montes Ermos (2) - A Opa do Nézinho
"Mas isto é, exactíssimamente, a história da opa do Nézinho" - exclamou o Adalberto, deixando cair a mão, numa palmada sonora, sobre jornal aberto em cima do joelho.
"Que histónia?" - perguntou o Zé Mania.
Estavam os dois sentados, à sombra de uma velha latada, em dossel, por sobre a porta da rua. Ler o jornal, ao cair da tarde, era uma cerimónia ritual que ambos faziam, desde há anos. Ou melhor, que o Adalberto fazia, porque era ele quem, sempre, lia.
Embora também soubesse ler, o Zé Mania limitava-se a ouvir. E estava certo. Com aquela deficiência, que nunca conseguira superar, ninguém suportava uma leitura feita por ele. Imagine-se. Não pronunciava o "r". Melhor dizendo, trocava o "r" pelo "n". Até no próprio nome. Daí o Zé Mania. E atendendo a tal facto, o Adalberto preferia arcar sozinho com a tarefa da leitura diária.
Como a pergunta não merecesse resposta, o Zé Mania insistiu:
"Que histónia foi essa da opa do Nézinho?"
Em Montes Ermos, como, por certo, em tantas outras vilas, cidades ou simples freguesias, havia, desde tempos remotos, duas colectividades que ocupavam lugares cimeiros nas cerimónias e festividades religiosas. A Irmandade das Almas: a mais antig, numerosa, conceituada e solene, com os seus balandraus preto e ocupando a primeira fila dos bancos da igreja. E a Confraria do Santíssimo, tamb+em antiga, mas não tanto, e que há mais de cema anos começara por abrilhantar a procissão do Corpo de Deus, com as suas vistosas opas vermelhas.
E, como sempre acontece, até na comunidade eclesial, entre as duas colectividades havia um fosso, aparentemente sem expressão mas, na realidade, intransponível. Abissal, mesmo. Porque embora todos afirmassem o contrário, ele tinha uma componente cultural, social e, até, política que nem os esforços do padre Albino, durante dezenas de anos, conseguiram ultrapassar.
O Nézinho, ainda que religioso convicto, frequentador assíduos das cerimónias da igreja e colaborador, sempre disponível, para todas as tarefas ligadas a manifestações de fé, nunca conseguira ser admitido na Irmandade das Almas. E este era o seu maior desgosto. Um desgosto tão grande que lhe punha a alma mais triste do que a opa preta, que ele não podia vestir, ainda que, dia e noite, sonhasse com ela.
Dada a sua condição de trolha nas obras de mestre Tachoulas, um herege confesso, o Nézinho teria de contentar-se, vida inteira, com a opa vermelha da Confraria do Santíssimo.
Durante o ano, tudo bem. Mas, em chegando a Semana Santa, o Nézinho entrava numa tristeza digna de quarta-feira de Trevas e nem a alvoradado Domingo da Ressurreição lhe aliviava a alma.
Aqueles dias eram mais do que pesadelos.
Assistir e acompanhar as solenes procissões de Quinta e Sexta-feir Santas, que até metiam Banda de Música, a Vila inteira em fatode cerimóni e ele, Nézinho, ter de misturar-se com a multidão, sem ao menos poder envergar a opa vermelha, porque naqueles dias, de luto, todo o cerimonial era presidido e realizado pela Irmandade das Almas, de opas pretas.
Certa noite, em Quinta.feira Santa, horas antes de a procissão sair, encheu-se de coragem. Já na igreja, apanhou o sacristão a jeito. " Eu não posso vestir uma opa preta?" - perguntou. O sacristão olhou-o, quase horrorizado. "Nem pensar!". "Mas... então...". "Nem pensar!" - repetia o sacristão, enquanto mudava um castiçal do altar de Santa Teresinha para o altar do Senhor Morto.
No ano seguinte, o Nézinho tentou de novo. Desta vez junto do senhor vigário. "Se eu visto uma opa encarnada em todas as procissões, por que é que não posso vestir uma opa preta, nas procissões da Semana Santa?" - perguntou. Mas nem as palavras do padre Albino lhe aliviaram o luto da alma.
Um ano depois, voltou a tentar com nova táctica. Ele tinha conhecidos, amigos, até, parentes na Irmandade das Almas, seria de caso que nenhum deles poderia dar uma ajuda?
E, como o não conseguiu, voltou à carga, no ano seguinte. E no outro. E durante os demais anos que lhe restaram de vida. Sempre em vão.
Chegando a Semana Santa, com aquelas procissões tão lindas, que percorriam as ruas da Vila, arrastando um mar de gente e o Nézinho, porque não podia vestir uma opa preta, lá se misturava com a multidão, participando, é certo, mas com a alma mais triste que o manto da Senhora de Ao Pé da Cruz.
Tristeza que, por ironia do destino, teve seu fim num primeiro dia de uma Semana Santa.
Depois do velório, quando o vigário se preparava para "encomendar a alma" do Nézinho e o Tito Marceneiro se aprestava para fechar o caixão, o presidente da Confraria do Santíssimo ergueu-se pesaroso e, com um rosto de pedra batida, colocou aos pés do cadáver a opa vermelha da sua Confraria.
E foi então que aconteceu o que não era suposto acontecer. O padre Albino acercou-se do caixão. Pegou na opa vermelha, que devolveu ao estupefacto presidente da Confraria do Santíssimo e, com o ar mais esfíngico deste mundo, colocou em seu lugar a opa preta da Irmandade das Almas.
As lágrimas quedaram-se, por momentos, nos olhos de uma assistência lacrimosa.
Num envergonhado à parte e em voz sumida, o sacristão ainda sussurrou: "Não faça isso, senhor vigário". " E por que não?" - retorquiu o padre, no mesmo tom, para logo acrescentar: " Que ao menos na morte, tenha aquilo que mais desejou em vida e nunca conseguiu". " Mas... senhor vigário...". "Assunto encerrado".
E, levantando a cabeça e erguendo a voz, o padre Albino entoou: "Pai nosso, que estais no céu..."
Quando o Adalberto se calou, o Zé Mania olhava-o boquiaberto. " A que propósito vem toda essa histónia da opa do Nézinho? Tá aí no jonnal?"."Não. Não está". " Então, não pencebo". "Nem queiras! Aliás, a notícia, que vem, aqui, no jornal, também não é para perceber". "Então, é pana quê?"
Atirando com o jornal para cima da cadeira, o Adalberto levantou-se, retesou as pernas e começou a dirigir-se, vagarosamente, para o outro lado do Largo, alheio ao bracejar e às imprecações do atónito Zé Mania.
* Carlos Tomás Cebola - Novembro, 99 in Folha de Montemor
13.10.24
AREZ: Subsídios para a História de Arez
O Topónimo Arez, por vezes aparece referenciada como “Ares”, podendo-se relacionar com a interpretação à alusão dos bons ares da localidade. Outra hipótese relaciona-se com o nome romano Arentius (Arentius era identificado como o deus romano Arencio), prendendo-se esta possibilidade com os vestígios existentes da romanização na região de Nisa, especialmente a Nisa-a-Velha. Ainda relacionadas com a ocupação romana existem algumas palavras relacionadas com o nome da aldeia: “Arens”, “Arentis” que significa seco ou árido, e “Aires” e “Ares”, topónimos existentes noutras regiões do mundo romano.
No foral de Marvão de 1226 fala-se já “come Ares”, crendo-se ser um topónimo estrangeiro importado por ocasião do repovoamento e colonização do Alentejo.
A ocupação mais antiga da região situa-se em Vila Velha do Ródão (Pedras Ruivas, acampamento paleolítico de 80 000 anos A.C.). Na região de influência de Arez circularam povoações que se fixaram em comunidades com organização, religião, divisão social de trabalho, usos e costumes, hábitos próprios relacionados com o meio natural envolvente. Modos de vida que hoje se observam nas manifestações religiosas que são as Antas, na vida quotidiana nos instrumentos de sílex e pedra polida, nos objectos de adorno em osso ou em pedra, nas cerâmicas e mesmo no suporte pictórico de uma arte carregada de carácter simbólico e sagrado como é a Arte Rupestre do Tejo. Esta arte foi sendo elaborada desde o Paleolítico Superior (10.000 AC) à Idade do Ferro (1.000 A.C). Ainda desde período, mais concretamente a partir do Neolítico (5 000 A.C.), são as Antas que existem no concelho de Nisa (a mais conhecida S. Gens). A presença do Domínio Romano comprova-se pelos materiais encontrados no concelho. Aras, material de construção (os “telhões”, as “pedras d’intigo”, a “caqueirada”), as moedas e alguns utensílios (fragmentos de barro).
Ana Santos Leitão / Ricardo Reis
Texto de 27/7/2008
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