12.5.22

VILA VELHA DE RÓDÃO: Associação de Estudos do Alto Tejo faz parte da The European Route of Megalithic Culture

A Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT) é o único organismo português a fazer parte desta rede internacional “Rotas Megalíticas” que tem como intuito dinamizar e salvaguarda os monumentos megalíticos Europeus.
Desde o dia 28 de Abril de 2022 que a AEAT faz parte da The European Route of Megalithic Culture, uma plataforma que tem por intuito a dinamização e divulgação do Megalitismo Europeu, promovendo o valor turístico dos monumentos e, desta forma, melhorar a sua salvaguarda como parte do património cultural comum. Assim, a rede internacional “Rotas Megalíticas” foi fundada e reconhecida como uma associação internacional sem fins lucrativos sob a lei alemã em 19 de novembro de 2012 com o intuito de implementar conjuntamente um plano internacional que prevê atividades turísticas relacionadas com as “culturas megalíticas”.
Embora no passado a Geoparque Naturtejo tenha pertencido a esta plataforma de abrangência europeia, neste momento a Associação de Estudos do Alto Tejo é a única entidade de Portugal a pertencer a esta plataforma. A associação tem como atividade, desde há cerca de 50 anos, o estudo e a divulgação do património cultural, antropológico e ambiental de um território, situado no Centro interior de Portugal, abrangido por cinco municípios, que integram atualmente a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB). Este território está inserido no primeiro geoparque criado em Portugal, o Geoparque Naturtejo Global da UNESCO.
A investigação arqueológica corresponde a uma parcela dominante da atividade da AEAT. Neste programa está incluída uma tarefa de caráter permanente que é a atualização do inventário de sítios arqueológicos com apoio em trabalho de campo. Esta atividade tem sido de tal modo importante que a AEAT e os seus investigadores têm prestado um alto contributo para a base de dados pública de sítios arqueológicos, gerida pela Direção Geral do Património Cultural.
O início do estudo do megalitismo desta região, em Vila Velha de Ródão, em 1904, com Francisco Tavares de Proença Jr. está bem representado pela escavação de uma sepultura megalítica, a anta da Urgueira, que foi publicada de modo modelar em termos metodológicos. Este investigador dedicou boa parte do seu curto, mas intenso esforço de investigação, de 8 anos, a este tipo de monumentos, mas teve de se exilar politicamente e morreu prematuramente, com 33 anos, na Suíça. Deixou muito por fazer e o interesse pelo tema seria retomado pela AEAT a partir dos anos 80 do séc. XX.
A organização do Campo Arqueológico de Proença-a-Nova, desde 2012, uma parceria entre a AEAT e o município de Proença-a-Nova, foi motivado pelo estudo das sepulturas megalíticas existentes neste município, com destaque para a, talvez, maior e melhor conservada no território da CIMBB, o Cabeço da Anta.
Mais recentemente, em 2019, foi defendida por um dos membros da AEAT, uma tese de doutoramento, na Universidade de Évora, dedicada ao megalitismo desta região.
O interesse da AEAT pelo tema também ficou bem parente na organização, em 2021, do congresso internacional Tumuli and Megaliths in Eurasia, que contou com um total de 17 sessões, 156 comunicações de 341 autores.
Além da investigação, a Associação tem investido na recuperação dos monumentos investigados e na sua valorização para usufruto da comunidade, sendo disso exemplos a anta do Cão do Ribeiro (descoberta em 1945 pelos arqueólogos alemães Georg e Vera Leisner), situado no município de Proença-a-Nova e a anta de Cabeço d´Ante, situado no município de Vila Velha de Ródão. Estes dois monumentos estão integrados em duas rotas pedestres.
A AEAT salienta ainda que a valorização dos monumentos megalíticos na CIMBB, excluindo as iniciativas dos municípios de Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão, está muito atrasada comparativamente com outras zonas de Portugal Continental e até com municípios vizinhos, também pertencente ao Geoparque Naturtejo, como é o caso de Nisa, com a emblemática anta de São Gens e o menir de Patalou.
Em nota de imprensa, a Associação considera muito importante a presença na The European Route of Megalithic Culture, de forma a aumentar essa oferta em termos de monumentos megalíticos visitáveis, investigados e protegidos no território.
* in Diário Digital Castelo Branco - 11/5/2022