17.8.20

REGUENGOS DE MONSARAZ: PSD denuncia “teia de relações partidárias” socialistas no Alentejo

O PSD denunciou este domingo uma “teia de relações partidárias” entre a administração de saúde e segurança social no Alentejo e exigiu o apuramento de responsabilidades pela morte de 18 doentes com covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
Em comunicado, o partido social-democrata fala numa “teia de relações partidárias que se estabelece com a Administração Regional de Saúde e o Centro Distrital da Segurança Social” e exige o apuramento de “responsabilidades políticas municipais e distritais” na morte dos 18 idosos num lar de Reguengos de Monsaraz “por alegada falta de cuidados médicos adequados”.
“A ocupação generalizada das estruturas da administração local e regional por parte do Partido Socialista é uma prática que atinge no Alentejo uma dimensão insuportável”, sublinha o partido.
Também o facto de a presidência da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão da Silva coincidir com a presidência da Câmara Municipal de Reguengos revela, segundo o partido, “a promiscuidade política que domina as relações institucionais naquele município do Alentejo”.
Reiterando ser “inadmissível” a tentativa de “desvalorização dos acontecimentos verificados em Reguengos de Monsaraz por parte da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o PSD quer “o apuramento das responsabilidades políticas que os diferentes atores em presença terão que assumir”, nomeadamente o Governo.
Para os sociais-democratas, é importante saber se a ministra sabia o que se estava a passar no referido lar e que medidas foram tomadas para resolver a situação.
“Se sabia e não tomou as medidas adequadas, estamos perante um caso evidente de incompetência e de insensibilidade perante a morte de 18 portugueses. Se não sabia ou ignorou deliberadamente a situação, então o caso afigura-se bem mais grave, colocando ao Primeiro-Ministro a responsabilidade de manter no Governo alguém que não está capacitada para o lugar”, sublinha o partido.
De acordo com o PSD, “os 18 falecidos não são redutíveis a percentagens. São pessoas, não são números”.
O partido revelou no sábado que vai chamar as ministras da Segurança Social e da Saúde ao Parlamento, para Ana Mendes Godinho explicar a situação ocorrida num lar de Reguengos e Marta Temido falar sobre o plano de combate à covd-19. Também o Chega e o CDS requereram uma audição urgente com as ministras.
Na entrevista publicada no semanário Expresso, a ministra da Segurança Social admitiu que faltam funcionários nos lares, lembrando que há um programa para colmatar essa falha, mas considerou que a dimensão dos surtos de covid-19 “não é demasiado grande em termos de proporção”.
Ana Mendes Godinho defendeu que não faz sentido falar de casos concretos de surtos de covid-19 em lares e sobre a situação ocorrida em Reguengos de Monsaraz disse que está a decorrer um inquérito por parte do Ministério Público e que é preciso esperar pelas conclusões.
A entrevista também causou polémica porque a ministra admitiu não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto de covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, tendo pedido “que o analisassem”. O esclarecimento do Ministério não aborda esta questão.
Em entrevista à TSF, no domingo, Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, estranhou o facto da ministra da Segurança Social não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto de covid-19 num lar de Reguengos. “É no mínimo estranho e de uma enorme insensibilidade, a ministra não ter perdido 15 ou 20 minutos para ler a auditoria que a Ordem dos Médicos fez. Competia-lhe ler o documento“, disse.
O bastonário afirmou que Ana Mendes Godinho está a desvalorizar um documento importante e que contém factos relevantes que deviam ser lidos pela ministra que tutela os lares. “É um relatório factual, baseado em testemunhos de várias pessoas que lá trabalharam. O documento não deixa margens para dúvidas relativamente ao incumprimento das regras impostas pela Direção-Geral da Saúde. São regras básicas como separar os doentes covid e não-covid”, indicou.
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