Quercus exige apuramento de
responsabilidades e divulgação de pareceres técnicos que levaram à intervenção
realizada
Na sequência de várias denúncias, a Quercus
foi alertada para um corte de árvores que se estava a realizar na Estrada
Nacional 246-1, junto à localidade da Portagem, concelho de Marvão, distrito de
Portalegre, mais em concreto num local conhecido como “Túnel das árvores” ou
“Alameda dos Freixos”. Tendo-se deslocado ao local, verificou que apesar dos
trabalhos de corte se encontrarem interrompidos devido aos protestos dos
populares e da Autarquia de Marvão, tinham já sido cortados pela empresa
pública, Infraestruturas de Portugal, sete freixos (Fraxinus angustifólia Vahl)
adultos de grande porte, com a justificação que se encontrariam em mau estado
de conservação. Verificou também que era intenção inicial da empresa cortar
mais alguns exemplares desta espécie, já sinalizados previamente.
O local onde decorreu este abate
está integrado no Parque Natural da Serra de São Mamede e devido à sua
singularidade paisagística, é um autêntico cartão de visita da região,
constituindo-se como um património natural e cultural que tem sido conservado
pelas populações ao longo dos anos. Os cerca de 300 freixos centenários foram
inclusivamente classificados como árvores de interesse público, pela sua
dimensão e conjunto, que segundo a ficha de caracterização oficial, forma uma
“magnífica alameda de altos e frondosos freixos”.
http://www.icnf.pt/portal/florestas/ArvoresFicha?Processo=KNJ3/025&Concelho=&Freguesia=&Distrito=
Face ao sucedido, e uma vez que estamos na
presença de operações de duvidosa legalidade e oportunidade, a Quercus
solicitou de imediato esclarecimentos à Infraestruturas de Portugal, tendo em
vista o apuramento de responsabilidades decorrente deste abate de árvores. Dado
que, segundo foi possível verificar no local, algumas das árvores abatidas, e
outras sinalizadas para abate, não apresentavam quaisquer sinais de má
conservação ou perigo para a segurança pública, a Quercus exige que sejam
divulgados os pareceres técnicos que levaram à intervenção realizada.
Uma vez que infelizmente são recorrentes as
situações em que árvores junto às vias públicas são abatidas sem justificação
ou segundo critérios muito duvidosos, a Quercus vem exigir ao Governo, e em
especial ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas que tutela a
empresa Infraestruturas de Portugal, uma atuação mais firme e responsável, de
modo a que árvores saudáveis não sejam abatidas sem razões válidas e sem a
ponderação de outras alternativas mais adequadas.
Lisboa, 14 de Fevereiro de 2017
A Direção Nacional da Quercus –
Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direção do Núcleo Regional de
Portalegre da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza