9.2.17

CRIME AMBIENTAL: Poluição excessiva no Rio Tejo

Quercus quer atuação firme do Ministério do Ambiente sobre descargas de empresa em Vila Velha de Ródão
A Quercus recebeu nos últimos dias, várias denúncias de cidadãos, denunciando descarga poluente de extrema gravidade no rio Tejo com uma coloração acastanhada e com muita espuma à superfície, alegadamente com origem numa celulose em Vila Velha de Ródão.
As descargas poluentes têm sido recorrentes nos últimos anos, e a espuma que ao longo dos últimos dias tem sido visível no rio Tejo, em particular junto ao açude de Abrantes e junto à Barragem de Belver, tem origem numa fonte de poluição junto à Ribeira do Açafal, afluente do Tejo, em Vila Velha de Ródão.
Da atuação anterior das autoridades já tinha resultado um levantamento de Auto de Notícia por Crime contra a Natureza, remetido para o Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco e autos de Notícia por Contra-Ordenação, remetidos para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA - ARH Tejo).
Na sequência destas denúncias, a Quercus tem vindo a alertar as autoridades para a poluição no Rio Tejo. Esta situação ocorre pela falta de atuação em conformidade com a gravidade da situação, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente e do próprio Ministério do Ambiente.
O Ministério do Ambiente em dezembro de 2015, já referia que “identificou os efluentes da empresa Celtejo, em Vila Velha de Ródão, como um preocupante foco de poluição do rio Tejo”.
O Relatório da Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do Rio Tejo, propõe uma “redução do caudal e da carga orgânica poluente nos efluentes setoriais e no efluente rejeitado no meio hídrico pela Celtejo, por recurso à ampliação ou substituição da atual ETAR”.
A Celtejo - Empresa de Celulose do Tejo, S.A., do grupo Altri, tem um projeto de investimento ao abrigo do Sistema de Incentivos à Inovação Empresarial e Empreendedorismo (Inovação Produtiva Não PME), para a introdução de inovações no processo de produção de pasta de papel ‘tissue’. Isto significa que o projeto é financiado por fundos europeus, que no caso da Celtejo são 21,37 milhões de euros.
A Quercus considera inaceitável a recorrência de crimes ambientais por parte de entidades infratoras e apela ao senhor Ministro do Ambiente para retirar a licença de descarga de efluente e a licença de exploração, até resolução definitiva dos problemas que atingem o rio Tejo.
Lisboa, 9 de fevereiro de 2017
A Direção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza